terça-feira, novembro 20, 2007

Ego-ismo

Venho aqui, por meio deste, declarar minha total ciência e consenso de minha situação de assumido Egoísta!
Assumo que, como qualquer egoísta, quero alguém que lembre de mim, que pense em mim pelo menos seis vezes ao dia, que seja feliz por me conhecer, por saber que eu existo e que seja feliz porque eu a faça feliz. Também assumo que desejo intensamente que essa mesma pessoa nunca saia de perto de mim, que nunca me troque por mais que eu acabe trocando-na, que essa pessoa não toque no nome de pessoas que eu não conheço, pior ainda se os comentários forem beníguinos!
Declaro que sou egoísta pelo simples fato de qualquer coisa que penso pelo bem do próximo é causa de algum bem que penso por mim mesmo. Declaro que desejo de volta todos os favores que fiz independentemente da importância ou do tamanho dos mesmos.
Assumo que só sou um romântico assumido porque essa é a melhor forma de ter certeza que conseguirei alguém que pense em mim vinte e quatro horas por dia e, conseqüentemente, me ame. Assumo que amo apenas por egoísmo.
Confesso que tudo o que uso, aparento, pareço ou tento ser é exclusivamente pra parecer mais agradável ao olhos dos outros para poder conquista-los. Sou viciado em conquistar pessoas. Tudo por causa de meu egoísmo.
E para terminar: Assumo, declaro e confesso em sã consciência que gosto do jeito que sou, que consigo benefícios em ser egoísta e que acho que essa é a melhor forma de viver pois consigo ser feliz sem nem sempre pensar apenas nos outros.

Cauã, O Egoísta.

domingo, novembro 11, 2007

Jovem

Quando eu crescer eu quero ser jovem. Jovens são malandros, jovens são tranquilos. Quando eu deixar de ser criança, quero ser jovem.
Jovens andam na corda bamba que está entre a responsabilidade e a loucura. E eles passam a juventude inteira andando perfeitamente nessa corda.
Crianças vem pelo lado da loucura e os adultos caem pro lado responsável.
Quando eu crescer, quero ser um jovem bem equilibrista, mas que de vez em quando erre. Quero aqueles erros que me joguem pro lado infantil, mas depois me façam ver que tinha que ter jogado o corpo pro outro lado. Quero da saltos, quero correr, quero andar debaixo de chuva por essa corda. Quero chorar, quero gritar, quero sofrer e quero sorrir. Quero fazer todas essas coisas que os jovens fazem. Quero que essa corda tenha um fim, quero termina-la. Adultos não terminam de andar na corda. Sempre quando está na melhor parte eles caem por não saber se equilibrar. Filhos, pais e mães, drogas, trabalho, estudo... Tudo isso e mais um pouco fazem muitos jovens cairem dessa corda maravilhosa na melhor parte. Quero poder termina-la, mas termina-la quando eu já estiver beeeem velhinho, quando estiver um jovem bem velhinho.
E quero passar a vida inteira nessa corda bamba e depois, lá no final, quando já estiver bem velhinho, eu desça dela pra receber um prêmio de mestre. Um daqueles prêmios que fazem a família inteira se orgulhar.

Cauã

quinta-feira, novembro 01, 2007

Um Bom Macaá

Como bom Macaá que sou, há muito tenho tentado entender o porquê de gostar de certas pessoas. Como bom Macaá que sou, meus raciocínios, pensamentos, conversas comigo mesmo são os mais frios e calculistas possíveis. Chego, em algumas vezes, ter até medo de mim mesmo devido a tantos pensamentos que só eu e eu mesmo sabemos.
Mas como bom Macaá que sou, esse medo passa e eu ganho uma pena dourada a mais.
Só que essa pena dourada dos porquês que gostamos de certas pessoas eu ainda não ganhei. É algo que nem um bom Macaá como eu consegue saber.
Existem certas pessoas que nos fazem bem pelo simples fato de existirem. Mas isso não é um porquê. Isso é um ser, não há explicação. Ser é ser, saber porque é outra coisa totalmente diferente.
E eu, como bom Macaá que sou, tenho que saber me entregar à essas pessoas. Como bom Macaá que sou, sei que quando não consigo achar uma resposta coerente nos meus pensamentos e conversas frias e calculistas comigo mesmo tenho que saber que essa é a hora de se entregar.
A vida de um Macaá ou não, não é feita só de explicações. Longe de mim, um bom Macaá, querer entender tudo.
Um bom Macaá entende que não deve-se entender tudo.
E é por isso que entendo que não sei porque gosto de certas pessoas. Gosto por gostar. E esse é o melhor gosto. Gosto de fruta preferida ainda não provada, gosto de beijo já sentido inesperado. Gosto de certeza que precisa de confirmação.
Gosto de amigo sem explicação, gosto de pai e mãe que sempre aborrecerão.

Eu, um bom Macaá, ainda não sei explicar o que é amor.
Mas eu, um Macaá que está sempre tentando entender que nem tudo deve ser entendido, sei que essas coisas que não tem explicação estão bem pertinho do amor.

Opa, apareceu mais uma pena dourada por aqui.

Até a próxima (pena dourada)

Cauã

terça-feira, outubro 16, 2007

Live fast, die young

Acho que minha vida está muito acelerada. Eu devo estar andando a uns 180 km/h nela. Tudo passa muito rápido, tudo muda muito rápido e não consigo prestar atenção no caminho.
É uma viagem legal, minha vida acaba sendo uma aventura, com coisas super excitantes no caminho, sempre desviando dos buracos, ultrapassando algo que não está no meu ritmo e passando por algumas lombadas de vez em quando.
Nossa, eu ponho a mão pra fora, escuto uma música com o volume no talo e grito mais do que posso. Essa viagem está sendo realmente boa!
Nunca conheci tantas coisas diferentes em tão pouco tempo, nunca visitei tantos lugares diferentes tão rapidamente e nunca fiquei tanto tempo curtindo.

Só que eu acho que está na hora de diminuir a velocidade. Sempre tem alguem bêbado que vem na contra-mão, alguma ultrapassagem perigosa, um animal no meio da pista ou uma barreira policial, algum acidente no caminho...
E o combustível está acabando. Posso me comparar a um carro econômico, esse tanque parece que não vai acabar nunca. O consumo é tão pequeno que parece que não consome.
Mas consome; e estou sentindo que já consumiu demais.

Bem, é difícil desacostumar o pé a pisar fundo no acelerador, ainda mais pra mim. Toda mudança, por menor que seja, é drástica. Mas pelo menos eu sei que nessa estrada que eu estou indo tem um limite de velocidade a frente.

segunda-feira, abril 09, 2007

Mudanças e tentativas

Ela tinha chego. Depois de três dias sem vê-la, chego exausto em casa e a vejo quando subo a escada. Não tinha falado com ela durante esses três dias; nem por telefone. E durante esses três dias, como eu vi que a vida é dificil sem ela.
A primeira coisa que pensei quando a vi, foi da-la um abraço forte, daqueles bem saudosos e supridores de necessidade, depois um beijo e, aí sim, falar com ela.

Mas não foi nada disso que aconteceu.
Antes de adentrar o quarto ela já veio com todos aqueles benditos três dias acumulados. Falou de coisas que eu fiz, não fiz, e que eu pensei em fazer e era errado. O beijo foi pro beleleu, o abraço então... passou longe.
Aquilo que eu pensei que tiraria meu cansaço, traria sorriso pras nossas bocas, foi por água abaixo.
Parei de ouvir tudo o que ela falava, parece que meu ouvido desligara e voltava a ser o mesmo que vinha dirigindo em direção pra casa. Toda aquela esperança que durou três ou quatro degraus desapareceu.

E de que adiantou aquilo? De que adiantou aquele assassinato à minha instantânea alegria? De que adiantou a minha tentativa espontânea de ser carinhoso?
Foi a primeira vez que isso aconteceu. Foi a primeira vez que tive aquela vontade, foi a primeira vez que ela cortou minha vontade.
E será que ela percebeu? E será que isso um dia pode ter volta? Será que vale a pena não fazer as coisas valerem a pena?
O que eu temo é a falta de dar o braço a torçer, o distanciamento das pessoas à mudança, à tentativa de fazer as coisas melhorarem.
Eu tentei, ela já deve ter tentado. Mas o que me assusta é essa sobra de desconfiança sobre uma atitude boa.
Devo eu tentar de novo?

Cauã

sábado, março 17, 2007

Chuuuuuuuuuuuuva


Não pára! Não pára de chover! Essa é a época do ano mais húmida, gripante, fria e marcante. Eu adoro! Tem gente que reclama das chuvas porque não podem sair de casa. E quem precisa sair de casa com uma chuvinha gostosa dessas?? Os filmes, as músicas, o cheiro, as amizades, as fotos, a temperatura, as aulas... Qualquer coisa que eu faço nesse período fica marcado. Já me peguei encutando uma daquelas "músicas de verão" (que pra mim é inverno), lá por julho. Foi quase um teletranporte. A paisagem da janela muda, os olhos enxergam mais cinza e a pele sente um calafrio. Abraçar, em agosto, aquela pessoa que não me lagou naquele começo de ano é dificil. O cheiro, o gosto da pele na boca... Lembrando, só lembrando das coisas dessa época, um ano atrás, me leva pra lugares nostágicos, com pessoas que fazem falta, fazendo e falando coisas que só acontecem nessa época do ano mesmo. E isso é um dos motivos que me fazem dizer que a vida é um ciclo, as estações do ano. Todo esse clima nos tendencia a fazer as mesmas coisas. E não foi a primeira e nem vai ser a última vez que vou ver uma chuva-de-depois-do-almoço na janela e vou ter vontade de escrever algo.

Cauã

segunda-feira, março 12, 2007

Nada é uma coisa só

João, o que está acontecendo com você? Você viu as besteiras que fez hoje? Por que toda essa revolta?Eu sei que é difícil ser assim, os poucos que reconhecem seus personagens diários, têm conflitos com eles. Eu entendo como é suportar não ser você mesmo todo o tempo. Mas entenda, enquanto você está sendo mentiroso, sempre terá um pouco de verdade em você.É assim que a vida é, não da, João, não da! Você não pode ser verdadeiro o tempo todo, assim como você não pode ser mentiroso, assim como você não pode ser feliz eternamente. Você é uma mistura onde os ingredientes nunca entram em contato. Por você não ser uma única coisa o tempo todo, você precisa escolher o que ser em cada situação. Mas João, aprenda! Sua vida depende desse revezamento, isso é imutável. Você não é o único que tem que ser diferente e nem é o primeiro ou o ultimo. O mundo é assim, as pessoas dependem disso e se tudo isso se misturar, não dá pra viver. Pense em como você feriu as pessoas falando todas as verdades, pense em quanto você assustou as pessoas sendo extremamente feliz, lembra em como você se sentiu falando mentiras pra quem não devia e o quanto você queria ser feliz quando se obrigou a ser triste.E, nem assim, você conseguiu juntar tudo numa coisa só, João.Nada é uma coisa só! Aprenda! Seja o diretor da sua peça, mande na sua vida. Escolha os atores certos, veja a fotografia com olhos diferentes, seja o protagonista, seja coadjuvante, seja antagonista. A vida é uma grande atuação, e felizes aqueles que são bons atores. Pois atores não mentem, não fingem, eles apenas escolhem bem o jeito de interpretar. Pense João, não esqueça que você está nesse grande teatro em que todos vivemos e cabe a nós fazer o público bater palma quando a peça terminar.

Cauã

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Envelhecendo

Acho que o medo de crescer é algo que assusta muitas pessoas, mas não lembro de me preocupar muito com isso até perceber que tinha crescido.
Nunca temi as responsabilidades, os amores não-correspondidos ou as rugas aparecendo.
Uma vez comentei que não conhecia ninguém próximo que tivesse morrido. E foi nesse momento que tive meu primeiro medo.
Sabia que com o tempo isso ia tornar-se mais freqüente. A gente vai envelhecendo e os outros também, vai chegando a hora de cada um partir, pessoas vão, outras vem, mas nunca ninguém é substituído.
E esse medo me assola! Um medo de envelhecer e perder quem amo.
Sou corroído por dentro quando me vejo velho, envelhecendo. E aquela angústia que dói no fundo do coração, aquela dor que faz brotar lágrimas dos olhos.
Sempre fui positivista. Mas todo meu estilo de vida vai por água a baixo quando me vejo envelhecendo. Pensar no presente é a melhor coisa a se fazer durante a vida inteira, “não se preocupar com o passado e não temer o futuro” é uma teoria linda, mas nunca consegui segui-la por mais de dois minutos. Pra mim é muito difícil não fazer planos, não imaginar as coisas como quero que sejam daqui a algum tempo. Mas no meio desses planos a morte pode aparecer e estragar tudo.
E ela surge. Esse nome tão forte que, de tanto ser, até evitamos pronunciar. Pode vir a qualquer momento. E quando faço aqueles planos pensando na hipótese dela aparecer, é aí que caio em pedaços.
A vida poderia ser sem-graça se nós não tivéssemos que envelhecer, mas seria muito, muito menos dolorida. Não faltaria sobra de tempo pra podermos ao menos ter aquelas pessoas que um dia teriam que envelhecer de vez. Pode ser algo muito cômodo, preguiçoso e, como todos nós somos, poderia não adiantar em nada, íamos continuar a não fazer o que devia pras pessoas... Mas volto a dizer, não seria tão doloroso pelo menos.
Mas a hora de todo mundo chega. Existe um momento que vamos parar de envelhecer por aqui e aquele corpo usado por décadas sede em algum momento e deixa de ter vida.
Como é inevitável, peço ao menos que as pessoas demorem um pouco mais pra envelhecer. Porque acho que não cresci, não envelheci o suficiente pra encarar isso.


Cauã