segunda-feira, dezembro 14, 2009

São Paulo, quem curte?

Já fui à São Paulo acho que umas 6 vezes. Só em 2009 foram três - e espero que fique nisso pois meu bolso não suporta por enquanto. As seis foram bastante diferentes. Essas de 2009, então, uma mais diferente que a outra. Mas todas sempre com algumas coisas em comum.

Em 2003 eu passei por lá numa dessas excursões de 15 anos que vão pro parque beto carreiro (carrero?), fui com amigos que se tornaram muito mais amigos depois daquela viagem e que serão amigos pra sempre, independente da distância ou do contato. Fiquei num hotel bonito, joguei boliche e depois fui pro hopi hari. Foi bem curtinho, mas deu pra ver que eu ia curtir aquela cidade.

A mais estranha foi a de 2005, onde eu tava fazendo convênio e viajei pra um acampamento para crianças onde só se falava inglês, uma coisa muito estranha pra um cara de 17 anos que não era formado. Lá conheci pessoas maravilhosas que vou lembrar pro resto da minha vida, conheci a avenida paulista, viajei de avião pela primeira vez e descobri o prazer por cervejas raras e caras.

Em 2007 a vida já era muito diferente. Eu ja tinha entrado na faculdade e já trabalhava. Mas voltara pelo mesmo motivo de dois anos atrás, ir para o acampamento de crianças que falavam inglês. Dessa vez iria como tranie e monitoraria as crianças que passariam por onde eu já tinha passado uma vez. Eu já bebia muito mais e passei bem mais tempo na cidade. O acampamento acabou não rolando por culpa da direção, mas acabei convivendo com pessoas que eu não conhecia muito bem na época. Passei 17 dias hospedado no mesmo quarto que o Ivan, uns 10 o Zé Netto passou lá com a gente e todos os dias que eu estive lá eu saí com o Rod e a Ale. Foi a primeira vez que eu vi como spcity é no dia-a-dia, lá também encontrei com Murilo, Tauin e Aninha que me ajudaram a conhecer a cidade culturalmente, o que me ajudou a conhece-la melhor ainda.

Continuando a tradição de números ímpares, em março de 2009 eu voltei lá pra passar um fim-de-semana e ver o show de uma banda que eu só conhecia o último cd. Dessa vez fui com muitos conhecidos, dormi muito pouco, bebi muito, passei vergonha, dancei em cima da caixa de som, peguei uma doida que eu não conheci e nem lembro, me apeguei muito mais a pessoas, que mereceram um post especial pra elas aqui.
Se ler o texto não tem muita coisa pra explicar e tem muito a se entender.

Em Agosto desse mesmo ano eu voltei. Fui com um objetivo e voltei com outro totalmente diferente, com a cabeça totalmente mudada; com outras vontades, com outras experiências, com outros pensamentos, com muito mais informação do que eu tinha chegado e também rendeu um post bem curtinho - como devia ser, sem muitas informações - bem aqui.

Voltei pela terceira vez no ano agora em dezembro. Ia passar só quatro dias pra ir a formatura do meu melhor amigo, que seria em são carlos, e passei dez devido a um curso que apareceu no dia que eu estava indo e veio como uma ajudinha do destino pra deixar tudo cada vez mais complicado. Dessa vez eu descobri que não tenho mais limites pra bebida. Descobri que a cidade ta perdendo a graça e a única coisa que vale mesmo são as pessoas que moram nela e que vão pra lá junto comigo. Descobri que quando meto uma coisa na cabeça eu ainda consigo ir até o fim. Descobri que preciso ficar mais sóbrio e tentar resolver as coisas desse jeito. Descobri que meu problema em ter ciúmes de coisas que não são minhas ta aumentando. Descobri que adoro Belém em dezembro, que as chuvas daqui durante a tarde me fazem bem. Descobri que eu tenho mesmo é que me focar nas coisas que eu quero pro resto da vida. Descobri também que todas as outras coisas me fazem um bem danado. To descorindo que saudade é um negócio que te deixa velho mais rápido, que te faz fazer umas coisas que tu não fazes normalmente e que te deixa meio bêbado.
Fiz muitas metas pra 2010, muitas delas são totalmente diferentes de tudo que vivi em 2009 - o ano que mais fui à São Paulo -, mas eu sei que eu vou voltar lá, mesmo sendo 2010 um ano par.

Argentina vem por aí, outro país, mais coisas pra descobrir, mais coisas pra se confundir, mais línguas pra falar, mais coisas pra um macaá ver, mais histórias pra contar.

quinta-feira, outubro 01, 2009

Diferenciabilidade

Foi pior do que eu pensava que seria. Bem pior!
Pra mim parecia que ia ser fácil, passei um mês me acostumando com aquela ideia, na minha cabeça já estava tudo decidido.
Mas não poderia ser simples, se fosse, é porque ia continuar onde estava. Precisava de um ponto final, EU precisava de um ponto final, eu precisava por esse ponto final.
Nunca me dei bem com coisas mal resolvidas, afinal, são mal resolvidas. Nunca me dei bem com liberdade demais, nunca tive muitos limites, sempre precisei de alguem pra me impor limites.
Liberdade em excesso e muitas coisas não resolvidas me transformaram numa pessoa estranha muito diferente e totalmente desapegada às coisas, às pessoas. Um confuso que só sabia o que era sentimento.
Isso eu sabia e sei até hoje. E foi por causa deles, desses sentimentos que ficaram guardados por longos meses, que não foi fácil.
Mesmo depois de sucetivas sessões de realide e atividades constantes de esquecimentos, os sentimentos continuavam lá, só tinham se mudado pra algum lugar que eu não sabia. Como tesouro que se enterra mas perde-se o mapa.
E ela veio pra me ajudar a achar. Ela já sabia onde estava, mas foi uma busca complicada. Entre perdas e descobertas, encontramos um caminho. Um caminho que se ramifica pra duas direções diferentes.

Foi bem mais dificil do que eu imaginava. Continuar no meu caminho e ver ela ter que seguir outro foi dolorido. Falar pra ela que aquele caminho a seguir era o único, foi dolorido. Dizer que ela teria que esquecer o caminho de volta e nunca mais olhar pra tras, foi dolorido. Mas o pior de tudo foi me deparar sozinho, naquele mesmo caminho que sempre segui, agora com muito menos limites e com as coisas resolvidas, mas com a impressão de que nunca terei uma companhia tão boa quanto aquela que tinha acabado de me despedir.
Pra sempre.
Ou não.
Ninguém sabe as curvas que os caminhos fazem.

Setembro/2009

terça-feira, setembro 08, 2009

Coisas que só você sabe

Nesse momento eu preciso de você, preciso que você me ajude a contornar as dificuldades. Nunca soube que precisaria tanto de você. Deve ser uma fase da vida, eu sei que o certo é que você nem passe perto de mim, mas eu também sei que você é necessária.
Você vicia! Daquelas drogas que são legais e vão ficando mais legais ainda.
Moderação, preciso de moderação. Tenho que mentir pra mim mesmo que você existe. E aí que é o problema. Na hora que eu me esquecer de você, é quando as coisas vão estar no pior lugar.
To esperando o momento certo pra te largar. Os momentos certos, porque você não vai embora assim de repente e nem posso deixar que os outros saibam que você esteve comigo.
Eu preferia a sua amiga, mas ela não pode saber disso. O problema é que ninguém gostava dela, já de você, todo mundo abusa, mas odeia.
Safada, vagabunda! É isso que você é. E o pior é que eu to no estágio da vida que quero as coisas fáceis. Então vem, vem. Vou torcer pra que você não foda a minha vida, continua desse jeito que a gente ta se dando bem. Depois cada um vai pro seu canto, daí a gente se encontra, depois se larga.. e vai vivendo assim.
O problema é que eu to ficando cada vez pior em relação a despedidas.

quarta-feira, agosto 19, 2009

SP-Rio-SP

Começou de um jeito e terminaria de outro completamente diferente. Começou com um prpósito e terminou com uma dedução. De tantos planos, acertos, combinações, acabou do jeito mais inesperado: aqui, no salão de embarque de um aeroporto, num voo de última hora, com trânsito e corridas no aeropoto.
Nada mais inesperado para um cara cheio de planos.
Agora o embarque foi chamado, esse texto provavelmente nao vai ser completado. Então fica na memória dos que me acompanharam na viagem mais louca que ja fui, na memória dos que viveram e se estressaram sem mim, na memória das pessoas que nunca me conheceram, mas viram as pessoas que estavam comigo fazendo os melhores momentos da viagem pra mim, fica na memória dos que puderam participar e não participaram, fica na minha memória, que fica cada vez pior com o tempo. Devido a viagens como essas. Tchau!

segunda-feira, julho 20, 2009

Enganar a perfeição

O que a consolava era que o mundo tinha mais de 6 bilhões de habitantes. Pensava, tentava se convencer, que era impossível não existir alguém no mínimo parecido e - por não? - melhor. Ele tinha muitos defeitos dos quais ela já estava cansada, ele tinha manias que ela detestava, tinha princípios dos quais ela discordava completamente e ele sempre apertava a pasta de dente no meio. Lógico que existiriam homens muito melhores que aqueles, até mais bonitos, mais ricos, mais pacientes e menos chatos.
Mas ela também pensava que tinha ganho na loteria. Num mundo com tanta gente como ela pode achar um que amasse tanto e que tanto amor fosse recíproco, por mais que ela duvidasse. Como o tio dela dizia, sorte não se tem duas vezes, não é qualquer um que ganha o bilhete premiado repetidamente. Tem uns que jogam a vida inteira, arriscam, ganham prêmios menores e se contentam com isso, ou os que ganham o suficiente e logo gastam... Esse negócio de sorte é complicado. Por isso que ela não pensava muito em sorte, mas também já estava cansada de sair pela vida pra procurar um outro destino.
Tudo bem que o mundo da umas rasteiras de vez em quando, as vezes o melhor não é o perfeito. Ela sabia muito bem disso. As vezes o melhor é perfeito exatamente por não ser perfeito. Ela sabia muuuuito bem disso. Mas aquilo não tinha sido uma rasteira, foi um nocaute, um golpe baixo, uma imobilização que a deixou sem ar, sem forças e sem chão.
Ta, tudo bem, ainda existem as 6 bilhões de pessoas, tenho a mente livre e não tenho problemas com sexo e idade, to no lucro. Ainda tem a margem de erro da perfeição, to bem. Pensava. Se enganava.

Ta aí uma coisa que ajudava nessas horas, a capacidade de se enganar. Ela sempre sabia muito bem onde pisava, mas dependendo da necessidade, se enganava de maneiras diferentes. Se sabia que tudo ia dar certo, se engava dizendo que ia faltar tempo e corria. No final, dava certo.
Mas agora ela sabia que não ia dar, mas se enganava, jurava que todos os pensamentos que tinha eram simples e óbvios e que eram impossíveis de darem errado. No final, dava errado. Ela já sabia, mas adiava a dor.
E agora ela vive adiando, se enganando, fazendo o que sabe fazer melhor. As 6 bilhões ainda estão aí. Ela também. Ele ta lá, ela aqui.

Só tinha uma coisa que não deixava aquele casal ser perfeito: tamanha perfeição.

sexta-feira, julho 17, 2009

Tudo o que o português consegue descrever

Confuso, tonto, desnorteado, bêbado, drogado, sem noção, louco, insano, sem rumo, desordenado, caótico, desconexo, indefinido, indistinto, obscuro, complicado, embaralhado, intrincado, entrelaçado, inseguro, hesitante, toldado, simplório, ingênuo, maluco, doido, tolo, demente, intoxicado, embriagado, borracho, atordoado, estonteado, zonzo, atarantado, dopado, anormal, doido, inconvicto, tresloucado, incompreensível, irracional, imprudente, sem direção, inseguro, desorientado, desvairado, desarrumado.

quarta-feira, julho 15, 2009

Ensaio sobre a miopia

Uma miopia rara, um jeito diferente de ver o mundo. Pra ela não exitem óculos, lentes ou cirurgias que curem ou melhorem, a cura vem com o tempo. Ou não. Não dói, não machuca e nem faz a pessoa pior ou melhor, apenas distorce tudo. E mais um pouco.
Um olho que não enxerga apenas imagens, mas toca, pensa, faz e não faz. É causada pelo meio, pelas companhias, pelos vícios, pela família... Vem no DNA.
A simples distancia entre a imagem e o seu reflexo numa retina completamente afetada pelos males externos faz com que a doença seja grave.
Naquela moldura clara e simples, pode não ser só aquilo que se ver, no meio do caminho tem muito mais, muito menos ou nada. Ou tudo.
O jeito como são feitas, ditas, escutadas, sentidas, imaginadas, muda toda a percepção do fato.
Mas nem sempre um desfoque deixa uma foto feia. Ou bonita.

sexta-feira, junho 19, 2009

Tempo e espaço

O homem mais hipócrita que eu conheço é aquele que é bagunçado, mas gosta das coisas certas, faz tudo errado, mas tem princípios dignos, mata, mas ama, machuca, mas consola, come, mas não engorda, bebe, mas não fica bêbado, ri, mas também chora, é apressado, mas faz tudo devagar, é perfeccionista, mas vive errando.
O cara mais incoerente que eu conheço é aquele que lê, mas não escreve, é aquele que não lê, mas escreve, é aquele que fala, e escreve, é aquele que pensa, mas não escreve, mas não age.
O cara mais hipócrita e incoerente que eu conheço é aquele que pensa, que exige, que ta certo, que é digno, que cria, que faz, que tem, que não tem, que ri e chora, que tem seu tempo.
Esse não cabe em mim.

terça-feira, junho 09, 2009

Tenho que adimitir

Você me pega de um jeito que eu quero, mas gosto sempre da surpresa. Gosto da luxúria de ter que pagar pra você me fazer feliz. Ou triste, não interessa. O que eu gosto em você é essa sua safadeza, esse seu jeito de me dar prazer me colocando pra cima ou me jogando na mais suja vala. Gosto do jeito que você aceita meus amigos, gosto da sua compreensão e o jeito que você faz eu pensar que me conheço, gosto do gosto que você deixa na minha boca. Você me deixa louco! Me faz ter as vontades que eu nunca teria com ninguém, me faz sentir as coisas à flor da pele, me faz viver sem ter medo - mesmo que seja naquele curto espaço de tempo.
Por incrível que pareça, adoro dormir na sua companhia e acordar e ver que você já foi. Nunca entendi como. É duro aceitar que minhas noites nunca são completas quando você não está, penso em você a semana inteira.
Obrigado pelos nossos amigos, que hoje são meus graças a você. Obrigado por todas as noites de prazer, obrigado por todas as noites de angústia que me fazem refletir no outro dia, quando você não está.
Confesso que já tentei te largar, mas é mais forte que eu. Meus pais te odeiam, o mundo não quer que nós fiquemos juntos. Com você eu vou aonde tiver que ir e nunca vou ficar sozinho.

Queria que você soubesse que agora estou pensando em você.

segunda-feira, maio 25, 2009

A dieta de Late Bitch

Acordo meia hora atrasado e o primeiro sentimento é aquele de "eu poderia ter voltado mais cedo". Além da meia hora perdida no sono, ganho uma dia de preguiça, mas com muita vontade corro pro banheiro.
Engraçado que quando eu perco meia hora, fico tentando ganhar segundos. Menos tempo enxaguando a cabeça, hoje eu não passo sabonete nas pernas, não seco tanto o cabelo, a escovação pode ser menos higiênica, a meia eu coloco no semáforo, do trânsito eu tento desviar e com quem está em tempo, eu me aborreço.
De qualquer forma, chego atrasado. Atrasado, com cara de sono, ofegante, aborrecido e desmoralizado pelos outros que me esperam. Tudo bem, todo mundo se atrasa, mas hoje eles fingiram que chegaram cedo.
Além de ter poucas horas de sono devido ao péssimo vício que eu tenho em ter vícios, exijo do meu corpo muito mais que ele gostaria de me oferecer naquela hora. Tento recuperar aquela meia hora durante o dia, naqueles poucos segundos. Corro da xerox pro computador, do computador pro bebedouro, do bebedouro pro banheiro e saindo do banheiro corro por um caminho alternativo para não passar na frente da sala do chefe.
Um dia cheio de correrias e corridinhas. Meu corpo já nem fala comigo, ta no piloto automático, cansou de papo, só conversa comigo amanhã, ao amanhecer de uma dia mais corrido, com dores musculares, que me prendem mais meia hora na cama, pois demorei meia hora a mais pra terminar o projeto, cheguei meia hora atrasado na pós, voltei pra casa meia hora atrasado e fui dormir meia hora depois do normal. Era terça-feira.
A quarta-feira me espera e acordo meia hora atrasado. É assim que eu malho.

sexta-feira, maio 01, 2009

O melhor pior que tinha que acontecer

O maior motivo pra eu acreditar tanto que a vida é cíclica, é, no mínimo, pela quantidade de vezes que já escrevi sobre isso aqui. E se pesquisar direito, com certeza se acha uma frequência, intervalos de tempo e temas entre esses textos que conectem entre si.

De novo, to no período que eu tinha que estar. Acontece. Sobe, desce, ganha, perde, sobe, desce, ganha, ganha, perde, perde, ganha, perde... É assim, tudo que sobe desce.

De certezas em certezas, eu vou criando as minhas raízes. É como se a matemática explicasse. Mas ai já to viajando demais e não vou conseguir explicar aqui sem desenhar um gráfico. Então é isso, to melhorando. Depois de ter piorado.

Depois pioro de novo pra poder melhorar mais ainda.

segunda-feira, março 23, 2009

O ano de nossas vidas

Quando tava no aeroporto, na sexta-feira, peguei o meu papel de embarque e comecei a escrever o que seria um suposto diário de uma viagem de fim-de-semana. Ele começava dizendo a hora, a temperatura e tinha um paragrafo resumindo um pouquinho da situação que eu me encontrava naquele momento.

Mas tudo começou antes de escrever naquele papelzinho. Naquele mesmo papelzinho - que eu acho que joguei fora - eu comentava que era engraçado parar, pensar e me ver naquela situação. Desde a insignificância que aquele show tinha pra mim logo quando foi anunciado, a cogitação de viajar no meio do semestre, passando por uma "solterisse" que me possibilitou tal liberdade, confirmação dos amigos, um bom histórico sendo construído em casa... Enfim, foram vários fatores que me levaram a estar onde eu estava e me preparar para o que eu imaginava o que me esperava.

A sexta-feira começou tensa e cheia de expectativas. Um dia longo de trabalho assim como qualquer sexta exige. Depois uma prova de matemática 02, algo que eu estava preparado mesmo não tendo estudado. Perdia a noite de sexta em São Paulo devido aquela prova. Mas o fato de saber que depois dela eu realmente viajaria me deixou mais calmo pra faze-la com tranquilidade.
Antes da prova, esperando a mesma começar, ao invés de estudar, resolvi ler a Piauí do Adriano. Lá tinha o diário de uma moça que viajara pra Rússia. Ela era bem sucinta. E os parágrafos dela (que não passavam de 7 linhas) me empolgaram. E de lá veio a idéia não concretizada de escrever um diário no meu papel de embarque.

A prova foi boa. Não deu tempo de fazer tudo, era uma prova grande e por não ter estudado, não tinha tudo fresquinho na cabeça.

Deixo o dricow na casa de um amigo, termino de arrumar a mala, tomo banho, fico na dúvida de levar o computador ou economizar no peso da mochila, já que essa era a minha única bagagem.
Optei por deixar a tecnologia que sabia que seria inutil e fútil e resolvi levar o livro, que a Lili me emprestou há muito tempo, pra ver se me distraia mais. Por isso escrevi no papel de embarque, não num documento do word.

Chego no aeroporto, compro desodorante, o chek-in é bem rápido, não tem despacho de bagagem. Tomo uma Devassa Ruiva e vou pra sala de embarque. Já tem bastante gente lá. Sem querer, sento ao lado da Luiza, que está dormindo no colo de quem eu presumo que seja seu namorado. É a primeira pessoa de Belém que eu encontro. Enfim, mesmo sendo ainda em Belém, já dava pra ter aquela noção da invasão paraense.
Compro um chiclete e volto pras proximidades do meu gate. Vejo a Mirian correndo pro outro lado da sala de embarque. Vejo o Ivan, ele vem falar comigo.
É bem engraçado, dois anos depois, ir de novo pra São Paulo no mesmo voo que o Ivan.
Pena que dessa vez não foi combinado.

Entro no avião, que já vem um tanto cheio de Macapá. Sento na ultima fileira. Meu maior erro! Lá tem uma moça que eu creio que vinha de Macapá. Parecia que viajava de avião pela primeira vez, mas não queria que ninguém notasse.
Ela dormiu. Eu não. Tentei ler O Limite do Branco, mas a impaciência era enorme. Durmo, acordo, fecho os olhos, abro, mexo, mudo de posição, vem a comida, como, me mexo, cochilo, chegamos em Brasília.

Sai gente, entra gente, eu na esperança de que sobre um lugar legal na janela que possa reclinar a poltrona.
Nada.
Volto pra minha tortura.

Chegando em São Paulo encontro com o Brunno, virado de uma noite no Vegas, que parecia ter sido muito boa e que eu tinha perdido. Ele esperava a Mirian.
Espero o Heitor me buscar. Isso não soa engraçado no meio de tantas coisas engraçadas nessa viagem. Heitor é certeza. É o fato que onde ele puder me pegar no aeroporto em qualquer lugar do mundo, ele vai pegar. E a recíproca é totalmente verdadeira.

Depois do Heitor se perder um pouco, ele chega, vamos tocar café lá pelas redondezas da Paulista. Conversamos, falamos do passado, presente e futuro. Bem rápido, não precisamos de muitas palavras. É aniversário da Carol e ele tem que busca-la pra ir pra São José dos Campos. Foi uma despedida igual as outras, como se nós fossemos nos ver hoje, ou sair pra beber na próxima sexta.

Acompanhando o Ivan e dando um tempo enquanto o Jones não chega na capital pra fazer o check in no hotel, vamos em direção à casa do Arthur, irmão da Lucy.
God saves the technology. O GPS do meu celular nos ajudou a achar a rua que chamávamos de Barão de Paraguaçú, mas na verdade era Marquês de Paranaguá.
Chego na casa do Arthur, uma cara que eu achava que não ia muito com a minha cara, mas que se apresenta uma pessoa muito simpática. Que bom!
Ele nos da carona pra Fnac, tentamos passar por uma Starbucks que estava lotada e nos despedimos dele.
Isso são 8h da manhã. Nesse momento já fazem 24 horas que eu não durmo de verdade. Desse momento até as 14:30, tudo se resume em voltar na starbucks e saber que não é a melhoooor coisa do mundo, window-shoppings, muitos passos, peso na costa, uma calça e uma camisa e um taxi pro Sujinho, restaurante que fica próximo do Formule 1

Preciso dormir!

Lá no Sujinho encontro com o Jones e com a Karina, que estão com o cu cheio de comida. Eu não tenho fome, da mesma forma que não tenho mais relógio biológico (deixei ele em Belém), só preciso dormir.
Pego o cartão do hotel e corro pro quarto 1151 debaixo de uma garoa esperta.

Duas horas de sono. Mais do que o suficiente quando o tempo é curto e tem que ser aproveitado. Tenho medo do clima de São Paulo e demoro mais do que a Verena escolhendo a roupa que vou sair. Saio.
Saio meio estranho, entre tantas poucas opções possíveis, saio do hotel me vestindo de uma maneira bizarra. heheh. Passo na Augusta e compro um casaco. O que ajudou a completar meu visual estranho.
Da Augusta pego um ônibus e vou pro shopping Iguatemi.
A partir desse momento, se eu não resumir bastante, só essa parte, seria maior que o texto inteiro.
Lá no Iguatemi, depois de ver um Audi R8 no saguão encontro a Luciana, o Leandro e a Kamila na Mc Donalds. Depois a Diva chega. Saudade dessas duas. Antes e agora.
Luciana compra maquiagem, Leandro a procura de roupas, Kamila a procura de milk shakes...
Saímos do shopping e vamos pra casa da Diva. O cansaço já é notável e minhas pernas já dão sinais de que precisarão de um anestésico.

Esse é o capítulo que marca a viagem! Poderia ser qualquer outro. Antes e depois daqui tem muitas coisas marcantes. Mas a música e a frase "All the single ladies" (e suas variações como oldesingolê, aimedesingolê ou ailovesingolê) marcaram como cicatriz. Daquelas na sobrancelha, que doem, mas deixam marcas bonitas.

Uns vídeos, umas maquiagens, uma cama muito confortável que me rende mais uma hora de sono e lá vamos nós pra BaLaDa em SP city.
O destino é o Exquisito. Um bar que se fosse meu, seria ironia do destino. Um bar que é tão meu, que se fosse meu não teria graça. E é meu daquele jeito que se escolhe a sua música. Sem pedir, por afinidade mesmo, que toca lá dentro. Não sei porque, mas o Exquisito é lindo. E não é por causa de duas horas e meia na fila que ele vai deixar de ser.
Lá encontro com a Luana, Nathália do Rio, o Rod e a Ale (que fazem parte das minhas lembranças do Exquisito) e a Aline.

Quatro Patrícias, um chopp black da Brahma - e se o Ze Netto tivesse atendido o celular eu teria tomado um cérebro de rato - e depois de mais ou menos uma hora saímos. Me despeço do Exquisito da mesma forma que me despedi do Heitor.

O destino agora é o Glória. Irônico sim é pedir que Deus me perdoe pelo que eu fiz naquela boate que um dia já foi uma igreja.
Antes de chegar lá passamos pela casa da Aline. Corto meu dedo, tomo uns copos de Original, danço, já meio bêbado e tiro fotos. Saímos de lá.

Chegamos no Glória! A partir daqui tudo são flashes. Não de fotos, mas de memória. Whisky com Red Bull são o anestésico e a droga que eu precisava. Não sei se nessa ordem.
A minha única obrigação era a de apresentar um cara que eu só conversava pela internet pro Rodrigo. Feito isso, fodeo!
Encontro o Gil com o Daniel na portaria, subi na caixa de som, caí da caixa de som, puxei a Alessandra, gritei "BELÉM MEACHUTA CARALH", bebi muito, dancei me esfregando com uma mulher em cima da caixa de som, vi neguinho cheirando no banheiro, o segurança quase me bate, tirei a blusa, beijei uma moça que eu não lembro, não me droguei, subi, desci... Não parei.
De repente bate uma vontade de ir em bora, acho que a música ainda ta tocando, pago a conta de R$ 82,00 e pego um taxi pro hotel.

Pau no cu daquela lojinha no hall do formule 1! Que merda! Eu me sinto na obrigação de comer lá. Como e durmo. Tudo isso em 15 minutos, no máximo.

Dia 22 de Março de 2009.
Abro o olho com o Jones e a Karina se arrumando pra ir ao Playcenter. Acho que eles devem ter ficado muito putos com o cheiro de cigarro que eu trouxe comigo. Devem pensar também que eu usei alguma coisa pra conseguir ter aguentado tanto tempo lokonabalada.
Com razão, nem eu entendo da onde vem tanta força nessa hora.

Abro o olho com uma mensagem do Yuri. Ligo pra ele e ele já ta bêbado na fila do show. Tomo banho e vou pra Augusta. Sem querer encontro com o Ivan, Lucy, Arthur e Vecks. Depois encontro com a Diva, Kamila, Camila, Luciana, Luana e Leandro.
"Almoço" e vamos pra Paulista esperar o Arthur e pegar o ônibus pra ir pro show.
Com a demora do Arthur tiramos todas as fotos possíveis. Ele chega a tempo de ver uma cena bem típica de filme. Com a Luana vendo a Kamila e o Leando ficarem na calçada enquanto ela vai com as duas mãos encostadas no vidro e com cara de cachorro triste saindo no ônibus.

Essa parte eu queria resumir bastante. Chegamos as 17h na Chacará do Jóquei. O Show do Los Hermanos começou 18:30. Foi bem legal. Na hora que eles tocaram Sentimental começou a chover, tentamos ligar pra Lili, o Yuri surtou sozinho...
O show do kraftteverkk só foi legal no final.
O lugar era muito bonito, o palco era muito grande, o som tava muito bom, parecia um woodstock, pessoas sentadas no chão, o céu foi escurecendo, a cerveja tava cara e os banheiros sempre lotados.
A bateria do meu celular tinha acabado e a minha preocupação em manter todos juntos era igual a de um guia de excursão de adolescentes de 15 anos.

Show do Radiohead.
Nessa hora o meu pé já assumia um tamanho duas vezes maior do que ele é normalmente. Assisto umas 5 músicas em pé e vou sentar.
Acho um lugar lindo, uma árvore, num ponto mais alto, onde tinha uma brecha perfeita pra ver o show e o telão com umas câmera styles com closes legais.
Nem preciso dizer as músicas que eu mais gostei. Também tiveram músicas que eu não conhecia que eu gostei muito. Ninguém precisou me cutucar na hora que tocou Fake plastic tree pra eu lembrar da Verena. O Show foi lindo, as luzes foram lindas, tudo foi lindo.
Por mais genérico que seja esse adjetivo, é só assim que eu consigo descrever.
A quantidade pessoas que passaram na minha cabeça durante, foi maior do que esse começo de ano inteiro.
Os abraços, as bocas abertas, o silencio, os sorrisos, as palmas... são tags que devem ser lembradas.
Os comentários depois do show, as companhias, o rosto de besta de todo mundo.

Depois do show só restou nostalgia. Uma tristeza feliz de que aquele fim de semanazinho tava acabando. Que tudo valeu a pena e que deveria ter tido mais tempo de aproveitar.

O aperto no coração bateu as 2 e meia da manhã na galeria dos pães quando eu tive que me despedir da Diva e da Kamila. Que não são nenhum Exquisito ou um Heitor na minha vida. Que ao contrario de todos os outros que são tão importantes quanto, não vão voltar na segunda-feira e vamos continuar as piadas que nasceram nesse fim-de-semana.

E agora, meia-noite, do dia 23 pra 24 de março de 2009, onde se resume aproximadamente 14 horas e 40 minutos de sono desde as 8 horas da manhã de Sexta-Feira, depois de um voo estressante, uma mistura de vai-não-vai na companhia da Alessandra, um dia cheio de trabalho, a Diva e a Kamila me ligam dizendo que estavam escutando All the single ladies na Jovem Pan.

Valeu, 2009.
Eu sabia que você tem tudo pra ser foda, mas não sabia que ia estar assim tão legal!

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Listão do vestibular, listinha do coração

Não escrevo sobre mim por dois motivos. Um é a falta de vontade de ser destrinchado pelo que eu escrevo, ser descoberto, receio de acabar sendo fácil demais de entender. Outro é um medo estranho, daqueles que nunca tive por ser tão auto-confiante, medo de falar pra uma geração que não é a minha.
Com o passar dos anos, ganhando experiencia, só aprendo que a única coisa que eu aprendi foi a me adequar ao mundo, não o contrário. E não adianta fugir, não adianta romper às regras, elas estão lá para serem seguidas. E eu aprendendo a segui-las.
Vejo o mundo falando de um jeito diferente, atuando de um jeito diferente, fingindo sentir coisas que eu até sinto, mas não finjo nem grito ao mundo inteiro. Isso deve ser até um resquício do primeiro motivo de não escrever muito sobre mim aqui, sei que não sou bom de mostrar sentimentos, que prefiro entender uma pessoa a ajuda-la a me entender. Mas sinto que os sentimentos estão fracos demais, voláteis, frágeis. Já falei fracos, né?
Deve ser por isso que guardo eles pra mim, com medo de que eles fujam em palavras, em gritos ou em conversas fiadas em mesas de bar.
Os meus sentimentos eu escolho, não sinto. Não, sinto, mas porque os escolhi.
Como se fossem adotados, onde num grande orfanato de pessoas, preferencias e atitudes, escolhi uma família pequena.
Também não falo dos meus sentimentos por achar que todo filho sabe que os pai o ama. É bem simples: eu o adoto, porque gosto, se gosto, é certo, porque o escolhi, se o escolhi, fica comigo, se fica comigo, eu gosto, se gosto, não preciso ficar gritando para o mundo ouvir. O mundo já está farto de gritos.

Mas está farto de gritos ao léu. Desses de conversas fiadas que as pessoas elegem o sentimento da noite. O mundo está farto de gritos de sentimentos insensíveis. Precisando de gritos assim, fortes, iguais aqueles que eu sinto.

Mas não dá. Como disse, às vezes sinto como se não estivesse falando para minha geração. Vou vivendo assim, obedecendo as regras, aprendendo a me adequar e de vez em quando dando espasmos de sentimentos.
A única coisa que eu quero, é ensinar as pessoas de que quando as escolhi, não precise ficar fazendo chamada todos os dias pra saber se elas ainda encontram-se presentes, que não fugiram do coração.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Foi e Volta

Foi. Ficou num broche, numa caixa, numa fronha, numa blusa, num cheiro. Deixou vestígios na internet, no pensamento, na rotina, no sentimento. Abriu um espaço, de um tamanho que não passa o seu espaçosismo. Ficou apertado, mesmo com o espaço.
Apertou o coração.