sábado, setembro 30, 2006

Então vamos falar de política

Dizem as más e demoníacas línguas que sobre futebol, política e religião não se discute. Grande calúnia! Coitados daqueles que se prendem a não falar dessas grandes chaves para o nosso conhecimento!
Como já diria meu sábio avô, "política é igual amor, nos deixa cegos". E acho que ele tem razão.
Desde que comecei a interessar-me por política, desde que comecei a pensar por mim mesmo (lê-se: depois que tirei meu título), já me vieram muitos pensamentos, muitas cogitações, muitos disse-me-disse e muitas mudanças. Porém nunca deixei de ser um cara de direita ou, como está no meu perfil do orkut, "direita-conservador".
Não adianta! Com o tempo aprendi isso. Não adianta ser o mais crítico e realista que possa existir, você vai sempre tendenciar para um lado.
É daí que eu entendo como existem pessoas que ainda votam no Lula e pessoas que ainda votam no Alckmin.
Mesmo eu sendo um dito fiel tucano, sei que existem pessoas, muitas pessoas que acham isso o absurdo mor que pode ter no planeta Terra. Assim como eu acho que votar num cara que fez muitas burradas, tem incontáveis colegas de partido que são comprovadamente corruptos (e quem sabe o próprio Lula), tem a coragem de faltar um debate e nem sabe falar o português corretamente (não que todos saibam, mas acho que um presidente deveria dar um bom exemplo) é um absurdo, eu acho que votar no Lula é um absurdo mesmo.
Mas como disse meu avô, eu posso estar cego.
Ainda consigo ver algumas coisinhas boas que ele conseguiu fazer, tanto porque, seria improvável alguém conseguir fazer tudo errado! Mas do jeito que eu avaliei, não vale, de maneira alguma, a pena votar nele e querer que ele continue mais quatro anos.

Não quero que você, seja lá quem for, venha com três pedras em cada mão pra me atirar. Você deve concordar comigo que cada um é cada um e que a política é cega.
Portanto, com esse texto nada imparcial, venho aqui protestar e fazer você não votar no Lula. Vote em qualquer outro! Heloísa–louca, Cristovam-só-penso-em-educação, e Alckmim-prometo-isso-prometo-aquilo, mas não vote no Lula! Por favor!
Vamos abrir nossos olhos e enxergar alguma coisa, pelo menos uma vez!

Ah, não vote nulo também. Mas isso é para o nosso próximo capitulo...



Cauã

quinta-feira, setembro 07, 2006

Amargo

As fotos já não as mesmas, você cresceu. Os olhos não vêem só o que parece ser. Não é mais sua mãe quem te acorda, é um tal de 'bip bip bip' que só pára quando aperta o 'soneca'. Você levanta, vai até a cozinha e não há sua mãe preparando o café, terá que o fazer sozinho. Abre a geladeira e percebe que acabaram tomates e cebolas e as frutas jazem apodrecidas. Faz a lista do supermercado e vai às compras. Não pega mais aquele carrinho onde tinha a cadeirinha para sentar, pois infelizmente seu quadril cresceu de mais para entrar ali. Analisa os preços mais em conta; lembra-se de que a conta de luz veio alta e não pode levar aquele chocolate que seu pai sempre comprava depois de muita insistência. Vai até ao caixa e passa o cartão. Aqui está seu recibo senhor, a moça lhe diz. Senhor? -você pensa- mas até ontem eu ainda era um menino... Pega as sacolas, diz 'obrigado' e vai para casa. Chega ao prédio e vê crianças correndo e gritando. Surge uma louca vontade de ficar ali observando-as conversar; falam sobre o colégio, parece que uma tal de Alice brigou com a Ana e 'estão de mal'. Chega mais perto, a curiosidade pede pra saber mais. Ah, entende, Alice disse um segredo de Ana a outra menina, não era pra ter dito. De repente surge outra menina; uma delas fica com cara de raiva, a outra diz para se entenderem, pega nas mãos de ambas e une-as como numa maneira de tentar reconciliá-las. Olham-se meio de esguela e como que num súbito, se abraçam, pedem-se desculpas e saem planejando a brincadeira do dia. Lembra do que pensava alguns minutos antes: sobre estudos, futuro, casamento, compras, contas. Entende que é igual a seus pais, com os mesmos 'problemas' que achava tão idiotas. Recorda do dia em que viu seu pai chorar- 'pais não choram, só eu posso chorar, eles são heróis, tão grandes! Têm que me proteger sempre, nunca podem morrer.'- havia pensado com lágrimas nos olhos só de imaginar sua vida sem eles. Percebe que daqui a uns anos estará no lugar do herói, tendo que se mostrar forte como gostava de ver seus pais. Os lugares estão sendo trocados, eu cresci, é, sou quase adulto- diz a si mesmo odiando ter que aceitar a idéia. Imagens de dez anos passam em sua cabeça, uma década de lembranças! Antes você tinha algumas vagas memórias de quando era menor. Agora tem uma dezena de anos em fotografias fixadas na memória. Sua vida tem um passado regado de inúmeras histórias, um presente volátil e esperanças de um futuro onde lutará para realizar todos os seus sonhos. Lembra de como era tão mais fácil quando era criança, pois não se prendia nem ao passado nem ao futuro, não pensava sobre o mundo e as pessoas; vivia, apenas, sem enteder o porquê, sem buscá-lo. Depois desse lapso, a realidade de um mundo falso - o qual vive- cai sobre sua cabeça. É hora de acordar de um sonho há muito acabado para um mundo onde jamais pensou em viver. Entra no elevador; pega as chaves e abre a porta de casa; vai até ao fogão e faz um café - amargo- como o gosto de ter crescido.

Acaná.