quinta-feira, novembro 27, 2008

O peso de uma nada invisível

Seqüelas de um ferimento causado há gerações atras, um medo que foi passado de dna por dna, preferindo o refúgio egoísta ao compartilhamento de uma dor fria e calada.
Aquilo tinha sido o que restara daquela guerra que todos já diziam que tinha terminado. Mas cálculos e pesquisas não bastavam pra analisar as conseqüências que restaram durante todos esses tempo que viveram e que viveriam.
Um mal que, felizmente, devido à própria guerra, não crescia em progressão geométrica. Pois a mesma era um dos efeitos colaterais inexistentes. O mal necessário que o mal não necessário tinha evitado.
O efeito de uma borboleta armada de granadas e fuzis que bate suas asas de fuga num canto ecoa durante infinitos espaços até causar cada vez mais desgosto.
A solução: Destruir, com outra guerra, tudo que sobrou daquela. A guerra de si contra si mesmo. Uma guerra que tem um resultado totalmente parcial e concreto. A morte.

quinta-feira, novembro 13, 2008

Parto

Ele já está sem com preguiça de mergulhar em personagens, pensar como os outros e com vontade de falar de si. O medo do refúgio é o que ele teme. Teme o medo, sente medo de ter medo de algo que não o faria sentir medo. Mas ele não tem medo de nada, teme o fato de não ter medo por saber que não tem medo disso. Teme o temor que as pessoas temem que terão. Teme a coragem que o invade quando já não sente mais medo. Pronto, assumiu um papel que é dele, que sente e não teme. Eis que o papel que ele assumiu é o mais medroso de todas as suas histórias medrosas de pessoas corajosas que temem os medos dos outros. Sabe que temer é a parte mais difícil do medo, que o resto é só capricho de perfeccionistas que sabem que são corajosos. Sabe que o medo está em todo o lugar, que seu personagem é tão medroso quanto todos aqueles corajosos que criou em sua cabeça, sabe que o medroso de hoje é o corajoso covarde de amanhã, sabe que o corajoso de hoje, é o desconhecido de amanhã. Sabe que quem desconhece o medo é porque não vive uma vida corajosa. Eis que chega o momento de mergulhar em um abismo de novas sensações suicidas, de medos e coragens, de atitudes e omissões. Corre para o mundo que sempre se escondeu e que sempre foi camuflado de mundo real. Tirou a fantasia, ficou a mesma coisa, correu, correu mais, a vontade foi aumentando e a visão clareando, era sua vida bem na sua frente da maneira como ele mesmo sonhou, que venham os medos, já era corajoso o suficiente para enfrenta-los. Correu agora com toda força e pulou. Caiu, caiu e caiu numa gravidade que desconhecia e sabia muito bem pra qual chão iria lhe levar. Fora a melhor história que ele viveria.

foi.

Acordou, atendeu, desligou, levantou, banhou, vestiu, falou, desceu, tomou, comeu, tomou, subiu, escovou, vestiu, desceu, saiu, entrou, sentou, ouviu, viu, sentiu, telefonou, sorriu, pensou, pensou, pensou, falou, chegou, parou, desceu, fechou, subiu, apertou, entrou, apertou, esperou, saiu, pegou, colocou, girou, abriu, ligou, fechou, colocou, girou, andou, colocou, ligou, pensou, reclamou, sentou, pensou, viu, pensou, pensou, parou e escreveu.