quinta-feira, junho 19, 2008

Casamento de Sangue

Os dias são os de hoje, a época é a mesma que a nossa, os costumes, a cultura. São os mesmos que criamos nossos filhos, porém tem algo diferente.
Um nasceu livre, com um mundo inteiro pra correr na velocidade que quisesse, nasceu livre para não se preocupar com coisa alguma nem com alguém. O outro já nasceu no mundo do Um, nasceu grudado a ele um ano depois, na sua vida nunca existiu a palavra 'sozinho'.
Assim que o Outro nasceu os dois se casaram. O casamento não foi algo extremamente luxuoso ou festivo, foi um casamento simples com seus devidos cerimoniais de praxe.
Eles foram indo, vivendo casados, um não imaginava a vida sem o outro - e vice-e-versa. Cresceram juntos como todo casal, enfrentando momentos difíceis, momentos bons, brigas e felicidades. Nunca se desgrudavam, enjoaram-se um do outro inúmeras vezes e, nem por isso, se separaram.
Hoje em dia Um conhece o Outro mais até que si mesmo. Isso pode ser também a causa de muitos problemas, onde pensam que conhecem mais o outro e acabam esquecendo que de vez em quando se erra e o outro de vez em sempre muda.
Só que é imutável, todo casamento acaba um dia, assim como tudo na vida. Mesmo que a cada dia o amor entre eles fortaleça, eles sabem que a cada dia o fim do casamento se aproxima. Um dia cada um vai arranjar uma esposa, filhos, viver sua própria vida Um longe do Outro. Eles terão que seguir seus caminhos, não poderão viver juntos para o resto da vida, eles são diferentes demais pra isso.
Mas eles continuarão os irmãos que sempre foram, casados ou não, dormindo ou não no mesmo quarto, continuarão aprendendo um com o outro porque o amor deles é muito forte para uma separação.

quarta-feira, junho 18, 2008

Máxima e Mínima

Belém deu tchau às estações do ano!
Tá, por mais que Belém seja famosa por chover o ano inteiro e ter muitas mangueiras, é fato que no período de Junho à Agosto a chuva da uma boa trégua. Eu digo com muita certeza, há anos eu reparo no clima dessa cidade, nas chuvas, na temperatura, na apresentadora - que é sempre a mais bonita - do clima na tv... Quase tudo! E digo com muita certeza que Belém ta diferente esse ano.
Aquecimento global de cu é rola, porque chuvinha à noite e de manhã é coisa de início de ano, 24 graus nem rola.
Hoje foi chuva o dia inteiro, desde ontem à noitinha. Ela deu uma trégua de no máximo duas horas e lá veio ela de novo! Agora parou - ou ta chuviscando beeem fraquinho - e não duvido que volte a chover mais tarde.
É por isso que eu sempre digo que 2008 ta dando uma forra, com chuva o ano inteiro, temperaturas amenas de vez em quando e milhões de outras coisas mais.

Então que venha Julho, Julho é diferente de qualquer outro mês, tudo diferente, e vamo ver qual é o papo de 2008

domingo, junho 15, 2008

Capítulo 3: Meus 20 anos

Um dia, quando eu for um velho já bem-sucedido que não trabalha tanto, viaja bastante, conhece muita gente e não liga muito pra que os outros pensam, vou escrever um livro sobre os domingos.

Mas pra isso eu preciso de memória, porque histórias eu já tenho. Na verdade, o domingo, em 90% das vezes se faz em consequencia do sábado. O sábado é um dia cheio, rápido e conturbado, o domingo é um dia cheio também, demorado e sonolento.
Cheio de pensamentos, cheio de cama, cadeira, céu, água, família, tv, computador, pensamentos e vazio. Domingo é dia de ficar só, é dia de não falar muito, é dia de olhar e não conversar. Domingo tem ressaca, moral ou não. Vergonha combina com domingo.
Isso é esse domingo. Domingo não é sempre assim, eu sei. Se eu sei de uma coisa, é que os meus domingos vão mudar com o tempo, assim como já mudaram.
Quando for fazer o livro, quero lembrar desse domingo, que demorou muito, que não quer acabar, dolorido pelas pernas e cheio de pensamentos. Domingo é um dia bom pra decidir um monte de coisa. Hoje eu decidi. Quero uma memória boa pra lembrar dessas decisões um tanto indecisas e poder divagar sobre as consequencias delas. Não quero mais um monte de coisa e quero mais outro monte.
Agora é hora de encarar a segunda e começar a por em prática as decisões.

terça-feira, junho 10, 2008

Finito infinitável

Um defeito ou uma qualidade? É questão de ponto de vista ou uma característica marcante? Só sei que não sei terminar as coisas.
Durante uma viagem cansativa e sonolenta fiz aquela breve reflexão sobre a vida que aquele clima de estrada nos proporciona e reparei no quanto tenho coisas inacabadas, mal acabadas, projetos não concluídos, sonhos realizados pela metade, desejos mais ou menos satisfeitos...
Desde aquela vontade de ter um grupo de teatro, fazer uma peça ao trabalho da universidade e ao caixa que não bate todos os dias.
Sempre tá faltando alguma coisinha, sempre tem algo que impede de ir até o final, sempre tem eu que não consigo ir até o final, sempre tem a minha vida e de todos ao meu redor super desorganizada.
Não finalizar as coisas é uma arte, é a arte de deixar sempre aquela lembrança, é aquele vontade de não se livrar de algo por puro gosto ou simplismente preguiça. É ver uma pedaço da vida e lembrar que tem milhões de coisas pra terminar no pedaço anterior e imaginar o quanto ainda vou poder deixar no pedaço que vem.
Por ser alguém totalmente sem memória e totalmente nostálgico, gosto de ter em mim a falta de algo que, por ser a falta, é a sobra. Sobra de amores, sobra de paixões, sobra de deveres, sobra de decisões, sobra de ações, sobra de deveres de casa, sobra de trabalho, sobra de sono, sobra de sonhos...
Eu já consegui terminar algumas coisas, mas é chato. É chato porque depois de termina-las, da vontade de jogar fora, da vontade de esquecer, da vontade que aquilo não ocupe mais espaço porque, se está terminado, não precisarei de novo.
Quero tudo pra sempre comigo, quero poder abraçar tudo aquilo que acho que ainda me pertence, quero poder ter que inventar coisas nas coisas já terminadas só pra deixa-las incompletas.
Na viagem, acabei por decidir que gosto de não terminar as coisas, não é nem uma característica marcante, nem um ponto de vista, nem defeito nem qualidade. Sou eu. E eu vou assim, de um jeito meu de ir, terminando as coisas incompletas que não tem fim e nem ponto final...

segunda-feira, junho 09, 2008

Já pensou nisso?

Tenho algumas características bem fortes que provavelmente só eu seio quão fortes são. Uma é pensar bastaaante antes de falar algo e a outra é odiar bastaaante quando alguém me manda ou pede pra fazer algo que eu já tinha pensado em fazer. De tanto ter essas características tão forte eu acabei por criar outra que está se tornando mais forte ainda: a de falar o que eu estava pensando.
Há algum tempo que comecei a reparar nisso e a cada vez eu comprovo que estou ficando mais maníaco!
Ta se tornando um vício desnecessário, alguém fala que hoje está quente e eu digo "pois é, estava pensando nisso"; alguém fala sobre algum programa de tv e eu comento "é, já tinha pensado nisso"; eu e outra pessoa olhamos para o mesmo lugar, consequentemente acabamos pensando na mesma coisa e, enquanto eu penso, essa pessoa fala algo e eu digo que estava pensando a mesma coisa que ela.
É muito chato porque eu acho que já estou falando sem pensar e acabo dizendo que já estava pensando em tudo, mesmo sem pensar. Virou tipo um "cara", que eu falo no começo de cada frase.
Fora que vão acabar pensando que eu sou mentiroso, por mais que não seja mentira e nem possa se considerar uma mentira de verdade, de tão insuportável, vou acabar ficando mal visto pela sociedade.

Esse post ficou meio perdido porque, como eu já estava pensando, meu horário de descanso acabaria antes de eu terminar esse texto.

domingo, junho 01, 2008

Maldito Chocolate

Eram 18 horas passadas de um domingo chuvoso e moralmente ressaquiado. Ele comia pringles deitado no sofá lendo o jornal de sexta. Ela comia brigadeiro andando pela casa à espera de um telefonema.
Ele pensava que ela não pensava que ele pensava sobre ela, mas ela pensava. E pensava muito! A quantidade de pensamento era diretamente proporcional à quantidade de colheres cheias de brigadeiros no dia. A quantidade de medo que ele tinha era inversamente proporcional à vontade que ele tinha de saber as notícias de sexta. Tudo o que ele queria era estar com ela, abraça-la, beija-la... Mas tinha medo. Tinha medo dela, tinha medo dos pensamentos dela, tinha medo dos olhares dela (e da ausência deles), tinha medo daquele brigadeiro dela que tanto multiplicava sua raiva por ele.
Aquele brigadeiro... Aquele brigadeiro, pra ele, era o catalisador de qualquer estresse que ela tinha, era o que sensibilizava cada pensamento desconfiado, cada devaneio inseguro. Aquele brigadeiro já não exercia mais uma função de brigadeiro pra ela, ele era um companheiro, era um amigo, era aquele amigo gay que a entendia sem que ela falasse o que sentia. E mais: fazia o que ela mais queria naquele domingo, por a culpa nele. O brigadeiro era um dedo-duro, falava pra ela inconscientemente que o rapaz do jornal atrasado era um chato, insensível, feio e cheio de defeitos. E um desses defeitos era deixar ela comer aquele brigadeiro.
Ele sabia muito bem - mesmo que ela nunca tivesse dito, ele tinha que saber! - que aquele brigadeiro fazia mal pra ela, que ela não podia comer porque estava de dieta, que ela tem alergia à nescau, que ela odeia leite condensado que não é leite moça! Mesmo assim aquele canalha continuava fazendo ela ter vontade de comer aquele brigadeiro traidor!

Depois dela acabar a segunda panela, ele ligou. Ela não atendeu, muito puta por ele só ter ligado agora - depois da segunda panela, po!! - ela foi fazer mais um pouco. Ela já estava dependente daquele viadinho moreninho e docinho.

Ele ligou de novo. Ela já estava chorando sobre a panela e atendeu.

- Ooooi, e aiii?
- E aqui o que?
- Como cê ta? Tá fazendo o que?
- To bem.
- To com saudade, vamo fazer alguma coisa?

Como ele tem coragem?? Ela já estava com o botão do short aberto e ele queria vê-la?! Ela estava muito feia, com a cara inchada...

- Passa aqui, quero falar contigo.
- Nossa, eu também, depois que eu sai daí ontem aconteceu um negócio muuito bizarro.
- Ta, traz um diamante negro pra mim.

Pronto, ela já tinha como por a culpa nele. O resto do Domingo foi normal, chuvoso e mais uma vez eles conseguiram se despedir com aquele risinho feliz no rosto.