quarta-feira, novembro 15, 2006

Destecnolizar

Caramba! A minha máquina do tempo funcionou mesmo! 1990 é um bom ano pra começar uma vida nova. Cansei do stress e da correria de 16 anos adiante.
Sem computadores em todos os cantos, sem internet acessível a todos, sem celulares e com muitas mudanças.
Incrível como acabamos nos tornando verdadeiros reféns dessa tecnologia. Hoje já não conseguimos imaginar nossa vida sem esses apetrechos hi-tech's. E como não consegui sonhar com isso tambem, resolvi viver. Com toda a tecnologia que o mundo, em 2006, me oferecia, resolvi montara essa máquina. Vários telefonemas, várias pesquisas na internet, transferências bancárias em tempo real... ajudaram a livrar-me de tudo o que me "ajudou".
A manhã surge e estou em um "mundo novo" (ou seria velho?). Tenho que arranjar documents falsos e evitar encontrar-me pela rua, pois será um verdadeiro transtorno.
Que horas sã... ops. Já estava catando, sem sucesso, o meu celular no bolso. Parece ser umas 6 horas da manhã. O comercio e os departamentos publicos abrem às 8, pena que não tenho um despertador e/ou uma agenda eletrônica ambulante. Vou começar a prestar atenção nesses relógios de parede.
Ter que fazer tudo a pé é chato, mas não ter um celular pra ligar pra agenda telefônica da telepará é pior ainda.
Por sorte eu ainda tenho uns cruzeiros que tirei da coleção do meu pai pra poder me virar por aqui. Se pudesse, eu já tinha visto o meu saldo na conta do banco via-celular e facilitaria as coisas, que chato!
Pra mim, não é nada confortável não ouvir o toque do celular por um dia inteiro. Eu costumava espera-los de cinco em cinco minutos; agora é pior, eu os espero mesmo sabendo que não virão, é aquele sentimento de que algo está faltando, que chato!
Em 1990 as coisas são muito diferentes, se pudesse, já teria consultado em meu celular, a lista de melhores restaurantes, hoteis... Agora vou ter que almoçar nesse mesmo, que fica passando video show.
A noite cai e já seria hora de ligar pro pessoal e perguntar o que eles estavam planejando fazer.
Bem, acho que não é tão ruim assim. Não vou ficar me martirizando por não ter mais o que costumava fazer. Acho que a falta de celular não me deixa tão isolado do mundo assim. Era cômodo demais pra mim eu me isolar.
Um verdadeiro viciado tem que se acostumar com a falta do vício. Então, cá estou eu disposto a mandar toda essa tecnologia que me paralisou (ou não) pra daqui a, no mínimo, uns 5 anos!
Ao menos, estar "fora do ar" dessas geringonças barulhentas com emepetrês, penduricalhos e internet de velocidade turbo-mega-men-superscarissima-sônica vai valorisar um pouco o meu contato corpo-a-corpo, o que eu já tinha esquecido a muito tempo.
E, quando encontrar alguem que sentia muitas saudades, o encontro vai ser mais intenso. Pois, o MSN, orkut, celular e derivados não vão sugar essa falta aos poucos.
E sabe de uma coisa? Eu vou é melhorar essa máquina! Já que a moda é ser retrô, eu vou mandar tudo o que for moderno pra bem longe e viver uma vida sem artificialidades, pois foi só isso que a tecnologia trouxe

Cauã

quarta-feira, novembro 08, 2006

Grandes Heróis


“Salvador - Terminou em final feliz o caso do tratorista Hamilton dos Santos, de 53 anos que na semana passada se recusou a cumprir uma ordem judicial que determinava a derrubada da casa da merendeira Telma Sueli favela dos da Palestina. A Prefeitura de Salvador pretende regularizar o lote de Telma Sueli e de mais nove moradores do local, indenizando os proprietários dos terrenos que teriam sido invadidos pelos favelados.
Santos se preparava para colocar abaixo a casa da merendeira, mas percebendo o drama da mulher e das sete crianças que moram no local, o tratorista chorou e disse que não poderia executar a ordem nem que fosse preso. O oficial da Justiça que estava na favela para cumprir a ordem de despejo mandou prender Santos que foi liberado logo depois diante da repercussão do caso. (Agência Estado, 15/5/2003)
A grandeza humana vale uma matéria!”
CARLOS ALBERTO DI FRANCO


È doloroso pensar que casos assim estejam cada vez mais raros. E dói mais ainda, pensar que eles possam até nem existir mais.
Está cada vez mais difícil encontrar esses “Heróis do Cotidiano” em nossas vidas. Quando aparecem, é em algum jornal, num lugar longe de casa ou a muito tempo atrás.
Vamos crescendo, aprendendo, vendo o mundo de outra maneira e percebemos que já não temos mais heróis. A vida chegou a um ponto tão sem-graça que quando ouvimos ou vemos uma noticia dessas, nosso pensamento já não é mais de “lindo”, e sim de “que louco!”.
Ta, ta bom. Eu sei que ainda temos heróis. Papai, Mamãe, Vovós e Vovôs são os heróis-mores. Mas não são desses que estou falando, se fosse falar deles, não denominaria como “heróis do cotidiano”, e sim, de Heróis da Vida. Os do cotidiano são esses, que deixam de derrubar uma casa aqui, devolvem uma carteira ali, deixam um real cair do bolso acolá...
É, os heróis não são feitos apenas de fatos grandiosos...
Lembro-me do Tio-Do-Cachorro-Quente que sempre colocava um pouco mais de batatinha no meu hot-dog quando eu pedia, não tinha algo mais fantástico. A professora de inglês, que devido a ela, consegui passar direto no colégio; bendito meio ponto extra! Aqueles 20 centavos que o meu amigo me deu pra voltar pra casa, aquela risada mais engraçadas que as outras risadas, aquela ligação de madrugada numa noite de tédio, aquele cara que sai da vaga justo quando você está chegando...
Ahh.. Fica até complicado enumerar a quantidade de heróis e suas proezas. E até parece que o herói da noticia citada nem é tão herói assim, no meio de tantas generosidades.
Vou começar a fazer uma listinha de heróis, ver quem me salvou hoje, o que fizeram pra mim... E prestar atenção de como esses pequenininhos atos heróicos deixam a vida mais feliz.
Que os grandes heróis como o tratorista ainda exista! Pra poder me atentar a quantos heróis do cotidiano eu ainda possuo.


Cauã