segunda-feira, março 23, 2009

O ano de nossas vidas

Quando tava no aeroporto, na sexta-feira, peguei o meu papel de embarque e comecei a escrever o que seria um suposto diário de uma viagem de fim-de-semana. Ele começava dizendo a hora, a temperatura e tinha um paragrafo resumindo um pouquinho da situação que eu me encontrava naquele momento.

Mas tudo começou antes de escrever naquele papelzinho. Naquele mesmo papelzinho - que eu acho que joguei fora - eu comentava que era engraçado parar, pensar e me ver naquela situação. Desde a insignificância que aquele show tinha pra mim logo quando foi anunciado, a cogitação de viajar no meio do semestre, passando por uma "solterisse" que me possibilitou tal liberdade, confirmação dos amigos, um bom histórico sendo construído em casa... Enfim, foram vários fatores que me levaram a estar onde eu estava e me preparar para o que eu imaginava o que me esperava.

A sexta-feira começou tensa e cheia de expectativas. Um dia longo de trabalho assim como qualquer sexta exige. Depois uma prova de matemática 02, algo que eu estava preparado mesmo não tendo estudado. Perdia a noite de sexta em São Paulo devido aquela prova. Mas o fato de saber que depois dela eu realmente viajaria me deixou mais calmo pra faze-la com tranquilidade.
Antes da prova, esperando a mesma começar, ao invés de estudar, resolvi ler a Piauí do Adriano. Lá tinha o diário de uma moça que viajara pra Rússia. Ela era bem sucinta. E os parágrafos dela (que não passavam de 7 linhas) me empolgaram. E de lá veio a idéia não concretizada de escrever um diário no meu papel de embarque.

A prova foi boa. Não deu tempo de fazer tudo, era uma prova grande e por não ter estudado, não tinha tudo fresquinho na cabeça.

Deixo o dricow na casa de um amigo, termino de arrumar a mala, tomo banho, fico na dúvida de levar o computador ou economizar no peso da mochila, já que essa era a minha única bagagem.
Optei por deixar a tecnologia que sabia que seria inutil e fútil e resolvi levar o livro, que a Lili me emprestou há muito tempo, pra ver se me distraia mais. Por isso escrevi no papel de embarque, não num documento do word.

Chego no aeroporto, compro desodorante, o chek-in é bem rápido, não tem despacho de bagagem. Tomo uma Devassa Ruiva e vou pra sala de embarque. Já tem bastante gente lá. Sem querer, sento ao lado da Luiza, que está dormindo no colo de quem eu presumo que seja seu namorado. É a primeira pessoa de Belém que eu encontro. Enfim, mesmo sendo ainda em Belém, já dava pra ter aquela noção da invasão paraense.
Compro um chiclete e volto pras proximidades do meu gate. Vejo a Mirian correndo pro outro lado da sala de embarque. Vejo o Ivan, ele vem falar comigo.
É bem engraçado, dois anos depois, ir de novo pra São Paulo no mesmo voo que o Ivan.
Pena que dessa vez não foi combinado.

Entro no avião, que já vem um tanto cheio de Macapá. Sento na ultima fileira. Meu maior erro! Lá tem uma moça que eu creio que vinha de Macapá. Parecia que viajava de avião pela primeira vez, mas não queria que ninguém notasse.
Ela dormiu. Eu não. Tentei ler O Limite do Branco, mas a impaciência era enorme. Durmo, acordo, fecho os olhos, abro, mexo, mudo de posição, vem a comida, como, me mexo, cochilo, chegamos em Brasília.

Sai gente, entra gente, eu na esperança de que sobre um lugar legal na janela que possa reclinar a poltrona.
Nada.
Volto pra minha tortura.

Chegando em São Paulo encontro com o Brunno, virado de uma noite no Vegas, que parecia ter sido muito boa e que eu tinha perdido. Ele esperava a Mirian.
Espero o Heitor me buscar. Isso não soa engraçado no meio de tantas coisas engraçadas nessa viagem. Heitor é certeza. É o fato que onde ele puder me pegar no aeroporto em qualquer lugar do mundo, ele vai pegar. E a recíproca é totalmente verdadeira.

Depois do Heitor se perder um pouco, ele chega, vamos tocar café lá pelas redondezas da Paulista. Conversamos, falamos do passado, presente e futuro. Bem rápido, não precisamos de muitas palavras. É aniversário da Carol e ele tem que busca-la pra ir pra São José dos Campos. Foi uma despedida igual as outras, como se nós fossemos nos ver hoje, ou sair pra beber na próxima sexta.

Acompanhando o Ivan e dando um tempo enquanto o Jones não chega na capital pra fazer o check in no hotel, vamos em direção à casa do Arthur, irmão da Lucy.
God saves the technology. O GPS do meu celular nos ajudou a achar a rua que chamávamos de Barão de Paraguaçú, mas na verdade era Marquês de Paranaguá.
Chego na casa do Arthur, uma cara que eu achava que não ia muito com a minha cara, mas que se apresenta uma pessoa muito simpática. Que bom!
Ele nos da carona pra Fnac, tentamos passar por uma Starbucks que estava lotada e nos despedimos dele.
Isso são 8h da manhã. Nesse momento já fazem 24 horas que eu não durmo de verdade. Desse momento até as 14:30, tudo se resume em voltar na starbucks e saber que não é a melhoooor coisa do mundo, window-shoppings, muitos passos, peso na costa, uma calça e uma camisa e um taxi pro Sujinho, restaurante que fica próximo do Formule 1

Preciso dormir!

Lá no Sujinho encontro com o Jones e com a Karina, que estão com o cu cheio de comida. Eu não tenho fome, da mesma forma que não tenho mais relógio biológico (deixei ele em Belém), só preciso dormir.
Pego o cartão do hotel e corro pro quarto 1151 debaixo de uma garoa esperta.

Duas horas de sono. Mais do que o suficiente quando o tempo é curto e tem que ser aproveitado. Tenho medo do clima de São Paulo e demoro mais do que a Verena escolhendo a roupa que vou sair. Saio.
Saio meio estranho, entre tantas poucas opções possíveis, saio do hotel me vestindo de uma maneira bizarra. heheh. Passo na Augusta e compro um casaco. O que ajudou a completar meu visual estranho.
Da Augusta pego um ônibus e vou pro shopping Iguatemi.
A partir desse momento, se eu não resumir bastante, só essa parte, seria maior que o texto inteiro.
Lá no Iguatemi, depois de ver um Audi R8 no saguão encontro a Luciana, o Leandro e a Kamila na Mc Donalds. Depois a Diva chega. Saudade dessas duas. Antes e agora.
Luciana compra maquiagem, Leandro a procura de roupas, Kamila a procura de milk shakes...
Saímos do shopping e vamos pra casa da Diva. O cansaço já é notável e minhas pernas já dão sinais de que precisarão de um anestésico.

Esse é o capítulo que marca a viagem! Poderia ser qualquer outro. Antes e depois daqui tem muitas coisas marcantes. Mas a música e a frase "All the single ladies" (e suas variações como oldesingolê, aimedesingolê ou ailovesingolê) marcaram como cicatriz. Daquelas na sobrancelha, que doem, mas deixam marcas bonitas.

Uns vídeos, umas maquiagens, uma cama muito confortável que me rende mais uma hora de sono e lá vamos nós pra BaLaDa em SP city.
O destino é o Exquisito. Um bar que se fosse meu, seria ironia do destino. Um bar que é tão meu, que se fosse meu não teria graça. E é meu daquele jeito que se escolhe a sua música. Sem pedir, por afinidade mesmo, que toca lá dentro. Não sei porque, mas o Exquisito é lindo. E não é por causa de duas horas e meia na fila que ele vai deixar de ser.
Lá encontro com a Luana, Nathália do Rio, o Rod e a Ale (que fazem parte das minhas lembranças do Exquisito) e a Aline.

Quatro Patrícias, um chopp black da Brahma - e se o Ze Netto tivesse atendido o celular eu teria tomado um cérebro de rato - e depois de mais ou menos uma hora saímos. Me despeço do Exquisito da mesma forma que me despedi do Heitor.

O destino agora é o Glória. Irônico sim é pedir que Deus me perdoe pelo que eu fiz naquela boate que um dia já foi uma igreja.
Antes de chegar lá passamos pela casa da Aline. Corto meu dedo, tomo uns copos de Original, danço, já meio bêbado e tiro fotos. Saímos de lá.

Chegamos no Glória! A partir daqui tudo são flashes. Não de fotos, mas de memória. Whisky com Red Bull são o anestésico e a droga que eu precisava. Não sei se nessa ordem.
A minha única obrigação era a de apresentar um cara que eu só conversava pela internet pro Rodrigo. Feito isso, fodeo!
Encontro o Gil com o Daniel na portaria, subi na caixa de som, caí da caixa de som, puxei a Alessandra, gritei "BELÉM MEACHUTA CARALH", bebi muito, dancei me esfregando com uma mulher em cima da caixa de som, vi neguinho cheirando no banheiro, o segurança quase me bate, tirei a blusa, beijei uma moça que eu não lembro, não me droguei, subi, desci... Não parei.
De repente bate uma vontade de ir em bora, acho que a música ainda ta tocando, pago a conta de R$ 82,00 e pego um taxi pro hotel.

Pau no cu daquela lojinha no hall do formule 1! Que merda! Eu me sinto na obrigação de comer lá. Como e durmo. Tudo isso em 15 minutos, no máximo.

Dia 22 de Março de 2009.
Abro o olho com o Jones e a Karina se arrumando pra ir ao Playcenter. Acho que eles devem ter ficado muito putos com o cheiro de cigarro que eu trouxe comigo. Devem pensar também que eu usei alguma coisa pra conseguir ter aguentado tanto tempo lokonabalada.
Com razão, nem eu entendo da onde vem tanta força nessa hora.

Abro o olho com uma mensagem do Yuri. Ligo pra ele e ele já ta bêbado na fila do show. Tomo banho e vou pra Augusta. Sem querer encontro com o Ivan, Lucy, Arthur e Vecks. Depois encontro com a Diva, Kamila, Camila, Luciana, Luana e Leandro.
"Almoço" e vamos pra Paulista esperar o Arthur e pegar o ônibus pra ir pro show.
Com a demora do Arthur tiramos todas as fotos possíveis. Ele chega a tempo de ver uma cena bem típica de filme. Com a Luana vendo a Kamila e o Leando ficarem na calçada enquanto ela vai com as duas mãos encostadas no vidro e com cara de cachorro triste saindo no ônibus.

Essa parte eu queria resumir bastante. Chegamos as 17h na Chacará do Jóquei. O Show do Los Hermanos começou 18:30. Foi bem legal. Na hora que eles tocaram Sentimental começou a chover, tentamos ligar pra Lili, o Yuri surtou sozinho...
O show do kraftteverkk só foi legal no final.
O lugar era muito bonito, o palco era muito grande, o som tava muito bom, parecia um woodstock, pessoas sentadas no chão, o céu foi escurecendo, a cerveja tava cara e os banheiros sempre lotados.
A bateria do meu celular tinha acabado e a minha preocupação em manter todos juntos era igual a de um guia de excursão de adolescentes de 15 anos.

Show do Radiohead.
Nessa hora o meu pé já assumia um tamanho duas vezes maior do que ele é normalmente. Assisto umas 5 músicas em pé e vou sentar.
Acho um lugar lindo, uma árvore, num ponto mais alto, onde tinha uma brecha perfeita pra ver o show e o telão com umas câmera styles com closes legais.
Nem preciso dizer as músicas que eu mais gostei. Também tiveram músicas que eu não conhecia que eu gostei muito. Ninguém precisou me cutucar na hora que tocou Fake plastic tree pra eu lembrar da Verena. O Show foi lindo, as luzes foram lindas, tudo foi lindo.
Por mais genérico que seja esse adjetivo, é só assim que eu consigo descrever.
A quantidade pessoas que passaram na minha cabeça durante, foi maior do que esse começo de ano inteiro.
Os abraços, as bocas abertas, o silencio, os sorrisos, as palmas... são tags que devem ser lembradas.
Os comentários depois do show, as companhias, o rosto de besta de todo mundo.

Depois do show só restou nostalgia. Uma tristeza feliz de que aquele fim de semanazinho tava acabando. Que tudo valeu a pena e que deveria ter tido mais tempo de aproveitar.

O aperto no coração bateu as 2 e meia da manhã na galeria dos pães quando eu tive que me despedir da Diva e da Kamila. Que não são nenhum Exquisito ou um Heitor na minha vida. Que ao contrario de todos os outros que são tão importantes quanto, não vão voltar na segunda-feira e vamos continuar as piadas que nasceram nesse fim-de-semana.

E agora, meia-noite, do dia 23 pra 24 de março de 2009, onde se resume aproximadamente 14 horas e 40 minutos de sono desde as 8 horas da manhã de Sexta-Feira, depois de um voo estressante, uma mistura de vai-não-vai na companhia da Alessandra, um dia cheio de trabalho, a Diva e a Kamila me ligam dizendo que estavam escutando All the single ladies na Jovem Pan.

Valeu, 2009.
Eu sabia que você tem tudo pra ser foda, mas não sabia que ia estar assim tão legal!