quinta-feira, novembro 27, 2008

O peso de uma nada invisível

Seqüelas de um ferimento causado há gerações atras, um medo que foi passado de dna por dna, preferindo o refúgio egoísta ao compartilhamento de uma dor fria e calada.
Aquilo tinha sido o que restara daquela guerra que todos já diziam que tinha terminado. Mas cálculos e pesquisas não bastavam pra analisar as conseqüências que restaram durante todos esses tempo que viveram e que viveriam.
Um mal que, felizmente, devido à própria guerra, não crescia em progressão geométrica. Pois a mesma era um dos efeitos colaterais inexistentes. O mal necessário que o mal não necessário tinha evitado.
O efeito de uma borboleta armada de granadas e fuzis que bate suas asas de fuga num canto ecoa durante infinitos espaços até causar cada vez mais desgosto.
A solução: Destruir, com outra guerra, tudo que sobrou daquela. A guerra de si contra si mesmo. Uma guerra que tem um resultado totalmente parcial e concreto. A morte.

quinta-feira, novembro 13, 2008

Parto

Ele já está sem com preguiça de mergulhar em personagens, pensar como os outros e com vontade de falar de si. O medo do refúgio é o que ele teme. Teme o medo, sente medo de ter medo de algo que não o faria sentir medo. Mas ele não tem medo de nada, teme o fato de não ter medo por saber que não tem medo disso. Teme o temor que as pessoas temem que terão. Teme a coragem que o invade quando já não sente mais medo. Pronto, assumiu um papel que é dele, que sente e não teme. Eis que o papel que ele assumiu é o mais medroso de todas as suas histórias medrosas de pessoas corajosas que temem os medos dos outros. Sabe que temer é a parte mais difícil do medo, que o resto é só capricho de perfeccionistas que sabem que são corajosos. Sabe que o medo está em todo o lugar, que seu personagem é tão medroso quanto todos aqueles corajosos que criou em sua cabeça, sabe que o medroso de hoje é o corajoso covarde de amanhã, sabe que o corajoso de hoje, é o desconhecido de amanhã. Sabe que quem desconhece o medo é porque não vive uma vida corajosa. Eis que chega o momento de mergulhar em um abismo de novas sensações suicidas, de medos e coragens, de atitudes e omissões. Corre para o mundo que sempre se escondeu e que sempre foi camuflado de mundo real. Tirou a fantasia, ficou a mesma coisa, correu, correu mais, a vontade foi aumentando e a visão clareando, era sua vida bem na sua frente da maneira como ele mesmo sonhou, que venham os medos, já era corajoso o suficiente para enfrenta-los. Correu agora com toda força e pulou. Caiu, caiu e caiu numa gravidade que desconhecia e sabia muito bem pra qual chão iria lhe levar. Fora a melhor história que ele viveria.

foi.

Acordou, atendeu, desligou, levantou, banhou, vestiu, falou, desceu, tomou, comeu, tomou, subiu, escovou, vestiu, desceu, saiu, entrou, sentou, ouviu, viu, sentiu, telefonou, sorriu, pensou, pensou, pensou, falou, chegou, parou, desceu, fechou, subiu, apertou, entrou, apertou, esperou, saiu, pegou, colocou, girou, abriu, ligou, fechou, colocou, girou, andou, colocou, ligou, pensou, reclamou, sentou, pensou, viu, pensou, pensou, parou e escreveu.

sábado, agosto 30, 2008

E a viagem continua

A vida é cheia de caminhos, estradas, vilas, curvas, retas, viadutos, pontes... Como se na hora em que nascemos entramos no carro do papai e da mamãe e vamos seguindo viagem com eles. Aprendemos a ver o mundo da janela daquele carro, ouvindo o que eles dizem sobre as cidades, as ruas, os amigos que eles encontram a cada parada. Depois vamos crescendo e aprendendo alguns caminhos, vendo que se eu dobrar pra esquerda naquele cruzamento vai ser melhor do que eu dobrar pra direita. Mas ainda somos novos, a estrada é longa e nem sempre sabemos ao certo onde dobrar, ou nem mesmo se devemos ir em frente. O tempo passa e acabamos não ficando preso àquele carro, pegamos ônibus, carona, andamos de bicicleta. A viagem agora parece ser muito mais divertida, descobrimos muitos outros caminhos pra chegar no mesmo lugar. Ou não.
Depois que começamos a dirigir nosso próprio carro tudo fica mais difícil. Aqueles que nos guiaram por muito tempo temem essa estrada, nela existem muitos buracos, bêbados, blitzes, mendigos, pedestres e postes. Algumas vezes temos que dar com a cara no poste pra aprender a não correr tanto, se o caminho é longo, nos exige pressa, mas precisamos de radares. Os carros mudam, uns mais rápidos e outros mais lentos. Por muitas vezes damos carona, pegamos carona. Subimos em ônibus cheios de pessoas diferentes, descemos, subimos...
A viagem nunca é constante.
A idade vai passando e o vento não balança mais tantos cabelos, o óculos não faz mais os olhos arderem, o ar-condicionado já dói nos ossos e a velocidade é cada vez menor. O carro quebra, trocam-se as peças, algumas já não vendem mais. Nunca venderam, são únicas.
Vamos vendo cada vez mais acidentes, nossos motoristas do início da viagem já pararam. Já começamos a guiar outros pequenos passageiros, começamos a ensinar o mundo para que, quando eles tenham seus próprios carros, errem do mesmo jeito que erramos. Porque viagem boa, é aquela que dá saudade.

quarta-feira, agosto 27, 2008

É hora de partir

Estou pronto, foi árduo o trabalho de organizar tudo, nada mais pode me prender. A viagem vai ser difícil, o caminho não é tão longo, mas parece demorar séculos. Justo na hora que o que eu mais preciso é ser rápido tudo parece ser tão devagar. Ando o mais rápido que posso.

Corro.

Pessoas se metem na minha frente, o celular toca, o chefe pede para que eu não vá, que aguarde algum tempo, pode ser uma decisão precipitada, pode ser que não seja de verdade, mas não dá mais pra aguentar, eu clamo por isso, meu corpo necessita disso, minha mente me manda fazer isso. Se parar no meio do caminho está tudo perdido.

Acelero o que posso, tiro fino de tudo que está próximo ao meu trajeto, dobro no corredor e lá está a porta que sonho que aliviará todas as minhas angústias e sofrimentos. Só me resta alguns passos, parece que vou conseguir sem me ferir. Prefiro não falar com ninguém, vou de uma vez só, sem paradas, sem acenos ou conversas. Eu sei que quando chegar lá as coisas não serão tão fáceis como aqui, vou suar, vou pensar, poderei analisar tudo o que anda acontecendo comigo, em suma, vai ser bom. No final vai acabar bem, sei que vou ficar mais aliviado, conseguirei sair limpo de lá. Eu sei que sim!

Está trancada! Não posso fazer escândalo. Penso, ando, espero que tenha alguma resposta para aquele incidente. Como assim, justo naquela hora? Surge uma voz lá de dentro, barulhos familiares. Já não aguento mais tanta espera, vou acabar fazendo uma besteira.
Eis que a porta se abre. Finalmente. Lá vou eu em minha viagem...

Tapem seus narizes e me esqueçam, o ato de cagar, pra mim, é sagrado.

segunda-feira, agosto 25, 2008

A Salvação

Quando foi anunciada a invenção da máquina do tempo, todos ficaram loucos para conhece-la, pessoas do mundo todo queriam saber onde estava, quem tinha inventado, qual era o tamanho, quanto de energia ela gastava, quanto custaria uma passagem, o que aconteceria se aquilo se tornasse normal, quanto universos existiriam se um milhão de pessoas viajassem no tempo? Essas eram umas das várias perguntas que o mundo se fazia.
Na escola, começaram a surgir matérias falando só sobre a máquina do tempo em sua teoria, faculdades de física explodiram pelo mundo numa intensidade muito maior que as de direito no Brasil, contadores, médicos, farmacêuticos, motoristas e policiais estavam se suicidando.
De repente, o mundo dividiu-se em pró e contra à máquina do tempo. ONG's e governos se mobilizaram a assumir um lado. Religiosos faziam ataques terroristas aos supostos países que poderiam obter a tecnologia para funciona-la. O caos tomou proporções de vilas até continentes inteiros divididos. Limites territoriais já não existiam mais, a opinião fez surgir países menores que uma piscina olímpica.
Novamente o mundo tinha virado bipolar. A população passou de 12 bilhões para 3 bilhões devido às guerras. E a máquina ainda não tinha nem começado à funcionar.
Testes e mais testes, guerras e mais guerras fizeram o lançamento ser adiado por décadas.
Então, quando chegara a hora marcada, quando finalmente a máquina seria lançada, quando aquele projeto ultra-secreto seria revelado...

Descobrira-se que era uma bomba nuclear devastadora, que destruiria o mundo inteiro e levava uma única pessoa à exatamente um dia antes da invenção ser anunciada para destruí-la.

sábado, agosto 23, 2008

Uma música feita para uma caneta marca texto

Uma vez o peta disse que não disse nada, que tudo que tinham falado era invenção da mídia e que ele tinha sido escolhido para ser o laranja do ibope.

Xanéu nº 5

A minha tv não se conteve
Atrevida passou a ter vida
Olhando pra mim.

Assistindo a todos os meus segredos,
minhas parcerias, dúvidas, medos,
Minha tv não obedece.

Não quer mais passar novela, sonha um dia em ser janela e não quer mais ficar no ar. Não quer papo com a antena nem saber se vale a pena ver de novo tudo que já vi.

Vi.

A minha TV não se esquece nem do preço nem da prece que faço pra mesma funcionar. Me disse que se rende à internet em suma não se submete a nada pra me informar.

Não quis mais saber de festa não pensou em ser honesta funcionando quando precisei. A notícia que esperava consegui na madrugada num site, flickr, blog, fotolog que acessei.

A minha tv tá louca, me mandou calar a boca e não tirar a bunda do sofá. Mas eu sou facinho de marré-de-sí, se a maré subir eu vou me levantar. Não quero saber se é a cabo nem se minha assinatura vai mudar tudo que aprendi,
triste o fim do seriado, um bocado magoado sem saber o que será de mim.


Ela não SAP quem eu sou,
Ela não fala a minha lingua.
(x4) (She don't speak my tongue)

Não.
"Pô tô cansado de toda essa merda que eles mostram na televisão todo dia mano, não aguento mais, é foda!"

Manda bala Fernando...

Enquanto pessoas perguntam por que, outras pessoas perguntam por que não?
Até porque não acredito no que é dito, no que é visto.
Acesso é poder e o poder é a informação. Qualquer palavra satisfaz. A garota, o rapaz e a paz quem traz, tanto faz. O valor é temporário, o amor imaginário e a festa é um perjúrio. Um minuto de silêncio é um minuto reservado de murmúrio, de anestesia. O sistema é nervoso e te acalma com a programação do dia, com a narrativa. A vida ingrata de quem acha que é notícia, de quem acha que é momento, na tua tela querem ensinar a fazer comida uma nação que não tem ovo na panela, que não tem gesto, quem tem medo assimila toda forma de expressão como protesto.

Falou e disse...

Num passado remoto perdi meu controle...
Num passado remoto perdi meu controle...

Num passado remoto...

Era vida em preto e branco, quase nunca colorida reprisando coisas que não fiz, finalmente se acabando feito longa, feito curta que termina com final feliz..

Ela não SAP quem eu sou,
Ela não fala a minha língua.

Ela não SAP quem eu sou,
(Sabe nada...)
Ela não fala a minha língua.

Ela não SAP quem eu sou,
Ela não fala a minha língua.
(Quem te viu, pay-per-view.)

Ela não SAP quem eu sou,
Ela não fala a minha língua.

Eu não sei se pay-per-view ou se quem viu tudo fui eu.
(x2)

A minha tv tá louca.

quarta-feira, agosto 20, 2008

Entre o céu e o asfalto

Fora como uma rodoviária.
Barulhento, barato, uma longa viagem. Meio que de repente eles tinham escolhido embarcar naquele ônibus, com um destino certo pra algum lugar que eles não conheciam, mas que iriam se adaptando conforme a viagem percorria. De escalas em escalas, na estrada da convivência, as paradas eram muitas. Bares, festas, casas, bebidas, brigas, esquinas, choros, porres, brigas, orelhões, celulares, motéis, esquinas, calçadas, bares, lachonetes... Eles sabiam que a viagem poderia ser longa, bastava que nenhum dos dois descesse antes do planejado. E eles conseguiam, com muita parceria, empréstimos de cobertor, vigilâncias de porta de banheiro, despertadores mútuos e conversas, nunca tinha passado pela cabeça deles sair daquela viagem. A paisagem era linda, a cada novo lugar tudo era diferente, estavam se descobrindo a cada quilômetro. Muito barulho, muita gritaria, pneu furado, suor, gemido e lágrimas. Fazia parte, eles tinham escolhido o ônibus. A viagem poderia durar mais que o previsto pois a rota poderia mudar, o motorista mudava de caminhos sem avisar. E ái deles que não estivessem preparados. A estrada tinha buracos e os deixavam enjoados, mas um sempre tinha algum saquinho de vômito para dar para o outro.
Meses se passaram e a viagem não era mais tão legal como antes. Os fetiches, as brincadeiras, as sacanagens que eles achavam que ninguém via, já não tinham mais tanta graça. Porém o medo de não ter mais cobertor, o medo de não ter com quem comentar o pôr-do-sol visto da janela, as nuvens, as pedras com formas engraçadas, isso os deixavam muito mais próximos.
Eis que então, numa das escalas, aquela que eles mais temiam - Trabalho. Ela têve que abandonar aquele ônibus. Tudo já contribuia pra isso, ela já não estava mais com todas as certezas que tinha antes, achava que ele já tinha brincado com outras passageiras e estava cheia de dúvidas.
Pegaram outro ônibus, no caminho inverso, com destino ao Aeroporto.
Aquela fora a pior viagem de suas vidas! Uma péssima estrada, muito enjôo, sem brincadeirinhas e sacanagens debaixo do cobertor, muitos vômitos, gritaria e porradas. Enfim chegaram.
No aeroporto tudo era diferente, o oposto da rodoviária.
Silêncio, caro, descartável, rostos sem ansiedade, todos a espera de uma viagem rápida que os levassem logo pra longe daqueles problemas.
Ele no clima de rodoviária e ela já no clima de aeroporto. Se despediram num abraço um tanto rodoviário e um tanto aeroportuário. Um vai-não-vai, um falo-não-falo, mais uns fica-não-fica e acabou que ela foi.
Se ele estivesse na rodoviária, gritaria, espernearia, pularia as fitas de proteção, sairia correndo atras dela. Mas não, não podia. Lá tinham seguranças grandes e detectores de metáis.

Ela foi, num vôo rápido e pra sempre. Ele ficou, numa viagem longa e passageira de saudades.

quinta-feira, junho 19, 2008

Casamento de Sangue

Os dias são os de hoje, a época é a mesma que a nossa, os costumes, a cultura. São os mesmos que criamos nossos filhos, porém tem algo diferente.
Um nasceu livre, com um mundo inteiro pra correr na velocidade que quisesse, nasceu livre para não se preocupar com coisa alguma nem com alguém. O outro já nasceu no mundo do Um, nasceu grudado a ele um ano depois, na sua vida nunca existiu a palavra 'sozinho'.
Assim que o Outro nasceu os dois se casaram. O casamento não foi algo extremamente luxuoso ou festivo, foi um casamento simples com seus devidos cerimoniais de praxe.
Eles foram indo, vivendo casados, um não imaginava a vida sem o outro - e vice-e-versa. Cresceram juntos como todo casal, enfrentando momentos difíceis, momentos bons, brigas e felicidades. Nunca se desgrudavam, enjoaram-se um do outro inúmeras vezes e, nem por isso, se separaram.
Hoje em dia Um conhece o Outro mais até que si mesmo. Isso pode ser também a causa de muitos problemas, onde pensam que conhecem mais o outro e acabam esquecendo que de vez em quando se erra e o outro de vez em sempre muda.
Só que é imutável, todo casamento acaba um dia, assim como tudo na vida. Mesmo que a cada dia o amor entre eles fortaleça, eles sabem que a cada dia o fim do casamento se aproxima. Um dia cada um vai arranjar uma esposa, filhos, viver sua própria vida Um longe do Outro. Eles terão que seguir seus caminhos, não poderão viver juntos para o resto da vida, eles são diferentes demais pra isso.
Mas eles continuarão os irmãos que sempre foram, casados ou não, dormindo ou não no mesmo quarto, continuarão aprendendo um com o outro porque o amor deles é muito forte para uma separação.

quarta-feira, junho 18, 2008

Máxima e Mínima

Belém deu tchau às estações do ano!
Tá, por mais que Belém seja famosa por chover o ano inteiro e ter muitas mangueiras, é fato que no período de Junho à Agosto a chuva da uma boa trégua. Eu digo com muita certeza, há anos eu reparo no clima dessa cidade, nas chuvas, na temperatura, na apresentadora - que é sempre a mais bonita - do clima na tv... Quase tudo! E digo com muita certeza que Belém ta diferente esse ano.
Aquecimento global de cu é rola, porque chuvinha à noite e de manhã é coisa de início de ano, 24 graus nem rola.
Hoje foi chuva o dia inteiro, desde ontem à noitinha. Ela deu uma trégua de no máximo duas horas e lá veio ela de novo! Agora parou - ou ta chuviscando beeem fraquinho - e não duvido que volte a chover mais tarde.
É por isso que eu sempre digo que 2008 ta dando uma forra, com chuva o ano inteiro, temperaturas amenas de vez em quando e milhões de outras coisas mais.

Então que venha Julho, Julho é diferente de qualquer outro mês, tudo diferente, e vamo ver qual é o papo de 2008

domingo, junho 15, 2008

Capítulo 3: Meus 20 anos

Um dia, quando eu for um velho já bem-sucedido que não trabalha tanto, viaja bastante, conhece muita gente e não liga muito pra que os outros pensam, vou escrever um livro sobre os domingos.

Mas pra isso eu preciso de memória, porque histórias eu já tenho. Na verdade, o domingo, em 90% das vezes se faz em consequencia do sábado. O sábado é um dia cheio, rápido e conturbado, o domingo é um dia cheio também, demorado e sonolento.
Cheio de pensamentos, cheio de cama, cadeira, céu, água, família, tv, computador, pensamentos e vazio. Domingo é dia de ficar só, é dia de não falar muito, é dia de olhar e não conversar. Domingo tem ressaca, moral ou não. Vergonha combina com domingo.
Isso é esse domingo. Domingo não é sempre assim, eu sei. Se eu sei de uma coisa, é que os meus domingos vão mudar com o tempo, assim como já mudaram.
Quando for fazer o livro, quero lembrar desse domingo, que demorou muito, que não quer acabar, dolorido pelas pernas e cheio de pensamentos. Domingo é um dia bom pra decidir um monte de coisa. Hoje eu decidi. Quero uma memória boa pra lembrar dessas decisões um tanto indecisas e poder divagar sobre as consequencias delas. Não quero mais um monte de coisa e quero mais outro monte.
Agora é hora de encarar a segunda e começar a por em prática as decisões.

terça-feira, junho 10, 2008

Finito infinitável

Um defeito ou uma qualidade? É questão de ponto de vista ou uma característica marcante? Só sei que não sei terminar as coisas.
Durante uma viagem cansativa e sonolenta fiz aquela breve reflexão sobre a vida que aquele clima de estrada nos proporciona e reparei no quanto tenho coisas inacabadas, mal acabadas, projetos não concluídos, sonhos realizados pela metade, desejos mais ou menos satisfeitos...
Desde aquela vontade de ter um grupo de teatro, fazer uma peça ao trabalho da universidade e ao caixa que não bate todos os dias.
Sempre tá faltando alguma coisinha, sempre tem algo que impede de ir até o final, sempre tem eu que não consigo ir até o final, sempre tem a minha vida e de todos ao meu redor super desorganizada.
Não finalizar as coisas é uma arte, é a arte de deixar sempre aquela lembrança, é aquele vontade de não se livrar de algo por puro gosto ou simplismente preguiça. É ver uma pedaço da vida e lembrar que tem milhões de coisas pra terminar no pedaço anterior e imaginar o quanto ainda vou poder deixar no pedaço que vem.
Por ser alguém totalmente sem memória e totalmente nostálgico, gosto de ter em mim a falta de algo que, por ser a falta, é a sobra. Sobra de amores, sobra de paixões, sobra de deveres, sobra de decisões, sobra de ações, sobra de deveres de casa, sobra de trabalho, sobra de sono, sobra de sonhos...
Eu já consegui terminar algumas coisas, mas é chato. É chato porque depois de termina-las, da vontade de jogar fora, da vontade de esquecer, da vontade que aquilo não ocupe mais espaço porque, se está terminado, não precisarei de novo.
Quero tudo pra sempre comigo, quero poder abraçar tudo aquilo que acho que ainda me pertence, quero poder ter que inventar coisas nas coisas já terminadas só pra deixa-las incompletas.
Na viagem, acabei por decidir que gosto de não terminar as coisas, não é nem uma característica marcante, nem um ponto de vista, nem defeito nem qualidade. Sou eu. E eu vou assim, de um jeito meu de ir, terminando as coisas incompletas que não tem fim e nem ponto final...

segunda-feira, junho 09, 2008

Já pensou nisso?

Tenho algumas características bem fortes que provavelmente só eu seio quão fortes são. Uma é pensar bastaaante antes de falar algo e a outra é odiar bastaaante quando alguém me manda ou pede pra fazer algo que eu já tinha pensado em fazer. De tanto ter essas características tão forte eu acabei por criar outra que está se tornando mais forte ainda: a de falar o que eu estava pensando.
Há algum tempo que comecei a reparar nisso e a cada vez eu comprovo que estou ficando mais maníaco!
Ta se tornando um vício desnecessário, alguém fala que hoje está quente e eu digo "pois é, estava pensando nisso"; alguém fala sobre algum programa de tv e eu comento "é, já tinha pensado nisso"; eu e outra pessoa olhamos para o mesmo lugar, consequentemente acabamos pensando na mesma coisa e, enquanto eu penso, essa pessoa fala algo e eu digo que estava pensando a mesma coisa que ela.
É muito chato porque eu acho que já estou falando sem pensar e acabo dizendo que já estava pensando em tudo, mesmo sem pensar. Virou tipo um "cara", que eu falo no começo de cada frase.
Fora que vão acabar pensando que eu sou mentiroso, por mais que não seja mentira e nem possa se considerar uma mentira de verdade, de tão insuportável, vou acabar ficando mal visto pela sociedade.

Esse post ficou meio perdido porque, como eu já estava pensando, meu horário de descanso acabaria antes de eu terminar esse texto.

domingo, junho 01, 2008

Maldito Chocolate

Eram 18 horas passadas de um domingo chuvoso e moralmente ressaquiado. Ele comia pringles deitado no sofá lendo o jornal de sexta. Ela comia brigadeiro andando pela casa à espera de um telefonema.
Ele pensava que ela não pensava que ele pensava sobre ela, mas ela pensava. E pensava muito! A quantidade de pensamento era diretamente proporcional à quantidade de colheres cheias de brigadeiros no dia. A quantidade de medo que ele tinha era inversamente proporcional à vontade que ele tinha de saber as notícias de sexta. Tudo o que ele queria era estar com ela, abraça-la, beija-la... Mas tinha medo. Tinha medo dela, tinha medo dos pensamentos dela, tinha medo dos olhares dela (e da ausência deles), tinha medo daquele brigadeiro dela que tanto multiplicava sua raiva por ele.
Aquele brigadeiro... Aquele brigadeiro, pra ele, era o catalisador de qualquer estresse que ela tinha, era o que sensibilizava cada pensamento desconfiado, cada devaneio inseguro. Aquele brigadeiro já não exercia mais uma função de brigadeiro pra ela, ele era um companheiro, era um amigo, era aquele amigo gay que a entendia sem que ela falasse o que sentia. E mais: fazia o que ela mais queria naquele domingo, por a culpa nele. O brigadeiro era um dedo-duro, falava pra ela inconscientemente que o rapaz do jornal atrasado era um chato, insensível, feio e cheio de defeitos. E um desses defeitos era deixar ela comer aquele brigadeiro.
Ele sabia muito bem - mesmo que ela nunca tivesse dito, ele tinha que saber! - que aquele brigadeiro fazia mal pra ela, que ela não podia comer porque estava de dieta, que ela tem alergia à nescau, que ela odeia leite condensado que não é leite moça! Mesmo assim aquele canalha continuava fazendo ela ter vontade de comer aquele brigadeiro traidor!

Depois dela acabar a segunda panela, ele ligou. Ela não atendeu, muito puta por ele só ter ligado agora - depois da segunda panela, po!! - ela foi fazer mais um pouco. Ela já estava dependente daquele viadinho moreninho e docinho.

Ele ligou de novo. Ela já estava chorando sobre a panela e atendeu.

- Ooooi, e aiii?
- E aqui o que?
- Como cê ta? Tá fazendo o que?
- To bem.
- To com saudade, vamo fazer alguma coisa?

Como ele tem coragem?? Ela já estava com o botão do short aberto e ele queria vê-la?! Ela estava muito feia, com a cara inchada...

- Passa aqui, quero falar contigo.
- Nossa, eu também, depois que eu sai daí ontem aconteceu um negócio muuito bizarro.
- Ta, traz um diamante negro pra mim.

Pronto, ela já tinha como por a culpa nele. O resto do Domingo foi normal, chuvoso e mais uma vez eles conseguiram se despedir com aquele risinho feliz no rosto.

domingo, maio 25, 2008

100 anos para salvar o mundo

Me enrolo em palavras e laço-me em dúvidas. Correntes de perguntas me prendem ao que eu nunca pensei em ser, o vento é frio, a garganta é seca, o suor é quente e o aperto é forte. Não sei o que é isso, não sabes o que é isso, eles não sabem, ninguém vai saber! Ficará escondido em cada toque, em cada olhar... Ficará perdido em todos os sentimentos, nas saudades, nas palavras, no sonhar...
Deixemos o mistério nos guiar pelo caminho há muito tempo já conhecido. Que nos entregamos à dúvida da certeza e que nos surpreendamos com tudo aquilo que já vimos antes.

quinta-feira, abril 24, 2008

Um chopp? Não, uma água por favor

à vezes eu me canso de mim mesmo, não me canso por completo, mas me canso de algumas coisas... Me canso de algumas atitudes, me canso da aparência, me canso das pessoas que eu costumo me cansar, me canso de cansar das pessoas...
Cansaço é algo que vem de coisas que temos estado repetindo já com certa dificuldade. Me canso das minhas atitudes com alta frequência, canso fácil, pois rápidamente meu corpo não aguenta muitas repetições, canso fácil do marasmo.
Minha aparência me cansa pelo simples fato de não ser a mesma, mesmo querendo que seja. E, quando é, acabo me cansando dela também. Não é um cansaço muito cansativo porque demoro a sentir essa fadiga, tenho um fôlego bom quando o assunto é aparência. Mas canso.
Me canso das pessoas porque se elas não mudam do mesmo jeito que eu mudo eu acabo me cansando por elas não mudarem. Canso muito das pessoas! Mas ao mesmo tempo que elas me cansam, elas me dão muito fôlego! Um fôlego absurdo! São tão revigorantes quanto àquela água gelada no final da corrida, trazem meu fôlego de volta ao mesmo tempo que o tiram de mim, um mal necessário para a minha sobrevivência. E pelo fato delas serem esse mal necessário, me canso de cansar delas, porque não era pra cansar, mas eu canso.
Tem muita coisa que me cansa, mas não estou cansado. Tem muita coisa que me dá fôlego, que me joga pra cima, que me refresca, que me massageia, que me faz não sentir dor. E sou um cara descansado.

quinta-feira, abril 17, 2008

Notícias diferentes de um cotidiano

Tenho acordado tarde ultimamente. Não é por preguiça, quero dizer, a preguiça não é o fator principal. É pelo simples fato de eu não ter que acordar cedo por não ter o que fazer cedo. E isso está me deixando muito preguiçoso e alterando todo meu sistema biológico acostumado a acordar cedo e dormir tarde. Sabe aquela velha história de quanto mais se dorme, mais a vontade de dormir aumenta.
Tenho um problema sério com sono! Tenho um sono totalmente revoltado com meu estilo de vida e costumo cochilar e querer ir pra cama nos momentos mais impróprios. E vice-versa. E agora ele já estava até se acostumando com a minha vida...
Estou tentando acordar quinze minutos mais cedo todos os dias até conseguir voltar a acordar às seis e meia da manhã como era de costume.

Hoje dei bom dia ao meu irmão quando eu acordei. Já é um bom passo pra voltar a ser feliz quando acordar, mesmo que o meu irmão pense que eu estou louco ou virando fresco. Hoje não tomei café da manhã e durante essa semana eu descobri eu gosto MUITO do meu trabalho! E é um 'MUITO' assim mesmo, com caps lock ativado e bem extravagante. Essa foi a descoberta. Eu sempre soube que gostava do meu trabalho, mas não sabia que era tanto assim.
Passei a semana sem ter que fazer muita coisa e hoje eu tenho trabalho pra caramba, mas estou com preguiça porque tenho acordado muito tarde ultimamente. Mas como eu gosto MUITO do meu trabalho eu vou faze-lo com todo o amor e qualidade a mim exigidos.

segunda-feira, março 24, 2008

Sua nota é zero!

Zero mesmo! Nada! Com tudo na frente! Isso mesmo, você poderia ter tirado no mínimo 10 pontos a mais e não conseguiu. Tente melhor da próxima vez.
Dar notas é um grande erro, principalmente quando a nota é boa! Dar um 10 pra uma pessoa significa que ela é perfeita, que não teve erros ou cometeu deslizes em qualquer coisa que seja. Ta, quem é perfeito? Pense em todas as pessoas que você conhece e escolha uma, só uma, que você daria um 10 com a maior certeza, sem pensar duas vezes. E, se falar sem pensar, não vai poder se arrepender.
Duvido que mesmo pensando um dia inteiro você não consegue achar alguém que realmente mereça um dez.
Então chegamos à nossa primeira divagação: dar um dez pra alguém é a coisa mais falsa que se pode fazer.
Depois da nota 10, a que eu tenho mais medo é a nove e meio - e todos aqueles décimos que ficam entre eles. Sabe aquela história de que o segundo lugar é o primeiro perdedor? É mais ou menos por ai... O que eu fiz de errado pra merecer um 9,5? O que aconteceu naquele momento que me levou a fracassar? Tinha tudo pra me sair "perfeito" e estraguei tudo. Pior que um dez e um nove e meio é ficar sabendo que por pouco sua vida não toma um rumo totalmente diferente. E diferente pra melhor, porque um dez teoricamente muda totalmente a vida de uma pessoa.
Mas dez não existe teoricamente e então esse seu nove, vírgula, cinco, não significa nada. Sua vida continua a mesma, você continua fazendo as coisas bem, mas não vai passar disso. Você ganhou só um nove e meio.
Segunda divagação: de 0,001 à 9,9999 nada faz diferença na sua vida, você só vai chegar cada vez mais perto do maior fracasso.
Agora quem já pegou um zero levanta a mão! Quem já chorou sentado no canto do quarto com medo de que as moscas sequer pensassem em ver que você tirou um zero. Se você alguma vez, dignamente, recebeu um zero, lembra da sua vontade estúpida e motivante de tirar uma nota melhor. Lembra da sua ânsia pela perfeição e a cólera de ser desgraçado com um lindo zero.
Não dou mais que 4 segundos pra você me dizer o que um zero pode fazer diferente de um 2 - ou até mesmo de um 1 - e que é melhor se sentir desastroso a sentir-se alguém que da pena. Agora dou duas semanas pra você me dizer quantas pessoas não desistiram recebendo um 3 ou um 0,5 (cuidado pra não estourar o servidor do blog).
Enfim, chegamos à terceira divagação sem nota, pois concluímos que as notas, além do zero, só fazem confundir a cabeça do avaliado.

Sabe, desejo que você nunca mais seja avaliado, que nunca mais compare ou seja comparado numa tabela de 0 à dez ou de zero à 1.000, que seja. Que o seu nove e meio não lhe faça pensar que você já tem quase tudo. E que, se um dia receber um dez, lembre que o critério de avaliação é de dez à um milhão. Desejo também que você receba muitos zeros, que o mundo seja recheado de zeros, que eu receba muitos zeros e que as pessoas tenham muita raiva e sempre tentem sair desses zeros que nuca vão nos deixar!

(E ai, que nota você da pra esse texto?)

quarta-feira, março 19, 2008

Grrrrrrrrrrrrrrrrrr

Raiva do computador dar tela azul na hora que eu to postando! Raiva de eu clicar o negócio de postar e sair escrevendo que nem um doido! Raiva de não ficar salvando o texto! Raiva desse auto-save não funcionar! Raiva da minha vontade de escrever ir por água abaixo depois de perder quase todo o texto! Raiva de não ter mais tempo aqui no trabalho pra tentar reescrever tudo de novo!

Ah. Era um texto legal até...

quinta-feira, março 13, 2008

I am glad of never know you

You always told I was a good guy. Your words seemed like rain on my face. I'd never leave you, but now, I need to do this.
I got through a different world, I've never seen so many different and magic things, but it has to end tonight.
I am full of lies, I can get no more satisfaction, I have to tell you I love another person. I knew her when I see you in the first time. She was in front of you and she was as pretty as you, you and she had the same curves, smile, eyes, noses... But you and she were different people.
When I met you, I was completely in love of you, but she was always in my mind. As much as I got inside your world, I thought of her.
I have to tell you killed her. You are a fucking murder! You killed my only hope.
When I saw you, I thought you were the same person, but you weren't. You are the best person that I have ever met who can seem like anybody totally different at first time.
I am tired to try to fake myself. The magic things have passed and I don't see anymore reasons to stay with you. I gave you too many chances to change, but you think this is the best you can do. No. It is not!
The summer came on me and the rain doesn't fall on my face anymore, your words don't matter to me.
I was just thinking of who is going to shoot the first bullet, you, me or her.
Good bye, honey, because now you are eating my heart seasoned her soul. I became a reason-less person and I realized that the best thing I could do was live with her on my thoughts, in the haven.

I shot first. In my heart.

terça-feira, março 11, 2008

Já te contei isso?

Tenho pensamentos compulsivos. Não consigo ficar sem pensar comigo mesmo, conversando, discutindo, analisando, discordando, concordando ou, até mesmo, brigando com meus próprios pensamentos.
To pra assumir minha dupla personalidade - ou até múltipla - de tão grave que ta o negócio! Demoro pra dormir e acordar por ficar no meio de uma briga entre dois Maurícios, um preguiçoso e outro elétrico. Demoro pra agir porque sou a corda de um cabo de guerra disputado entre o Maurício conservador e o Maurício liberal. Pior que isso, to virando um louco! De tanto pensar, tenho criado meus próprios amigos dentro de mim, tipo uma dessas lendas gregas bizarras. Mas ainda não decidi qual é a mais estranha - Maurício Cult e Maurício Nerd ainda não chegaram numa decisão.
Já virou um vício, toda vez que vou falar algo, faço uma plenária entre todos esses Maurícios dentro de mim e em fração de segundos faço eles decidirem se falo ou o que falo. Isso é até legal, tenho me tornado alguém meticulosamente despojado que fala coisas corretamente inadequadas nos momentos necessários.
Só que, como disse (disse?) isso ta me deixando louco. Por várias vezes tenho ficado atordoado, repito a mesma coisa pra mesma pessoa umas três vezes. Me confundo se eu disse mesmo ou se eu só tinha pensado em dizer. Ou, quando não, acabo causando certos problemas por não falar certas coisas que devia, que tinha pensado tanto que, de tanto pensar, pensava que tinha dito.
Acho que já pensei em escrever esse texto bem umas quinze vezes na última semana, por duas pensava até que já tinha escrito e em três vezes eu não sabia nem o que eu tinha pensado. Pior que isso são as vezes que eu escuto algo de alguém e mais tarde penso que isso é fruto da minha imaginação e que a pessoa não disse aquilo. Estou tendo mania de achar que adivinho o que as pessoas dizem porque já disseram.
Esse aqui é um diagnóstico de confissão de loucura. Quem souber como para isso, me avise. Mas avise três vezes, mande um e-mail e deixe um scrap e um comentário no fotolog pra eu não achar que isso foi um simples sonho ou um entre milhões de pensamentos.

Gratos de sua atenção.

Cauã- Maurício, Maurício-Cauã, Cauã-Cauã, Maurício-Maurício, Caurício, Mauã etc...

terça-feira, fevereiro 26, 2008

Season Finale

De tempos em tempos uma idéia fica mais fixa na minha cabeça: A vida é um ciclo. Não é novidade nem mesmo surpreendente eu escrever sobre isso aqui, devido à cada vez que eu penso nisso, é porque essa idéia está se concretizando na minha cabeça.
Ainda está em fase de observação, mas vou lhe revelar uma idéia que, como disse antes, cada vez mais fica certa pra mim. Existem temporadas do ano, anos de décadas, décadas de séculos e séculos de milênios que se destacam por ser épocas de amor extremo ao próximo e épocas de absurdo amor pessoal.
Algumas vezes por ano eu noto que não sou só eu que fico mais carente, mais preocupado com alguém, mais afetivo, resumindo: querendo companhia permanente. Assim como existem épocas que eu fico louco, nada importa pra mim a não ser eu mesmo, é o período de mais surtos de pensamentos, beijos na boca, porres, e tudo que seja intenso.
É Fato! Nunca deixou de acontecer do mesmo jeito que nunca deixou de repetir. Estou esperando mais alguns anos pra concretizar essa teoria na minha mente e ganhar algum nobel de experiência própria por isso.

Só que, além de tudo isso, mesmo entendo cada vez mais sobre mim mesmo, em como eu ajo e penso enquanto a minha vida anda, o que eu fico mais maravilhado é como essa vida cíclica me surpreende à cada "repetição". Criatividade assim nem o melhor roteirista da melhor série não conseguiria ter. Ao mesmo tempo em que tudo se repete, tudo muda. O mundo inteiro vai ficando diferente e a minha história vai ficando cada vez mais interessante!
Nesse meu estudo pessoal sobre a minha vida repetidamente diferente, a primeira coisa que concluí foi que o maior entretenimento que eu posso ter é minha própria vida!
Acabei me viciando nesse programa e descobri que estou naquela temporada de transição, de greve de roteiristas, troca de personagens, mudanças de sets de gravação e horário de exibição. Ou seja: Uma mistura de tudo onde tudo tem seu lugar certo. E eu, como ator principal, vou tentando encaixar tudo no seu lugar. E, pelo que tudo indica, a próxima temporada vai ser tão legal como foi a anterior!

Cauã

sábado, fevereiro 16, 2008

Estupre você mesmo então

O que eu tinha que fazer agora era exatamente não pensar em pessoas. De repente, me surgiu uma raiva absurda de todas elas, daquelas de mãe brigando com filho, onde qualquer coisa vira motivo pra mais esculhambação. Que nenhum ser-humano venha pra perto de mim nesse momento. Explodam-se todos! Explodam-se agora e se reconstituam daqui a umas 2 horas, ou menos.
É nessas horas que eu vejo que sou um cara calmo. Ou no mínimo muito solitário que não consegue ficar sozinho em casa e começa a surtar.
To aqui, na minha e vem um monte de neuras e neurinhas. Mas com as neuras que me deixaram surtado, as neurinhas são a pior coisa que pode acontecer. É uma vontade absurda de madar um 'vai te foder então' rapidola, pronto, simples assim, se tivesse feito estaria bem melhor agora.
Vão se foder então! Vão bem rápido, explodam e voltem depois, só pra vocês saberem que tem que se foder agora pra minha raiva poder passar.

Errado

A pessoa que eu conheço melhor sou eu mesmo. Sou meu melhor amigo. Me conhecendo bem, vejo que sou a pessoa com mais defeitos que eu conheço, tenho todos os defeitos que eu posso ter.
De todos que eu conheço, eu sou o cara que sei que mais errou na vida. E bote erro nisso! Conseqüentemente, sei que conheço o cara que mais aprendeu na vida. Erros são provas de ensino, experiência de vida, ferida aberta... Sei que nem sempre tirei 10 nessas provas, sei que não sou experiente o suficiente - se é que existe isso - e sei que não consegui curar todas as feridas, mas sei que já errei bastante.
Sei que ainda teimo em querer todos os amigos do mundo, sei que meu cérebro ainda perde pro coração, sei que sou muito egoísta às vezes, mas sei que já errei muito.
Sei que já caí e levantei várias vezes, sei que já acertei depois de errar muito, sei que sei que nada sei, sei que já errei bastante.
Depois de errar muito, depois de aprender muito e depois de pensar muito, aprendi que ainda tenho que errar muito mais.
Por isso digo que sou um errante nato, que tenho orgulho de meus erros e que tenho um grandes defeitos. E gosto de errar, procuro, fatalmente, errar todos os dias.
Sei que todos meus defeitos valem a pena pelo simples fato que vão me fazer errar e sei que todos esses erros me fizeram ser meu melhor amigo e ver que sou a melhor pessoa que eu conheço. E que a perfeição fique sempre próxima à cada erro, mas nunca mais perto.

Cauã

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Nem sempre sozinho no escuro

Sempre quis entender as Madrugadas. Elas tem algo que nem um dia inteiro consegue ter. Talvez seja por, nas madrugadas, todos se sentirem meio especiais, onde todos dormem, você está lá, acordado, observando-a, compartilhando sua insônia, seu dia, sua música, seus pensamentos, tudo aquilo que não floresceu durante o dia com ela, a bendita Madrugada.
Nesse clima de que tudo é novo mesmo que você já tenha passado por aquilo várias vezes, ou até diariamente.
Madrugada é descanso, é reflexão sobre o dia, é expectativa de amanhã, é nostalgia das besteiras da semana.
Por isso que ela é tão tão. Porque querendo ou não, todo mundo acaba tendo que viver no dia e, quando pode, viver a madrugada é sempre fascinante!
Queria que o tempo que me sobra na Madrugada fosse o mesmo que não existe de dia. Queria que a criatividade e o turbilhão de pensamentos que surgem depois das 1 hora da manhã fossem os mesmo de 1 hora da tarde. Queria a mesma coragem e vontade da Madrugada, queria a mesma paixão, a mesma intensidade, o mesmo sabor!
Além de tudo, quero que a Madrugada continue Madrugada, não saia disso e que eu continue sempre encontrando com ela assim, casualmente.
Melhor se esses encontros forem frios e chuvosos e nem sempre sozinhos.

Cauã com insônia

domingo, fevereiro 10, 2008

Memórias sonoras

Memórias de seres humanos são fracas. Temos cérebros pequenos e incapazes de armazenar muitas coisas. Somos superiores a muitos animais, eu sei, mas ainda acho nossa memória pífia comparada ao tempo que vivemos e à quantidade de coisas que passamos durante a vida.
A minha, principalmente, é horrível. Ainda não achei um curso que me ajudasse, existem esses de leitura dinâmica, coisa e tal... Queria mesmo era um pra organizar as memórias, lembrar de coisas muito valiosas e não gastar lembranças com coisas avulsas e que ninguém lembra.
Como ainda não encontrei esse curso, me viro tentando aproveitar a que eu tenho. Já cansei de tentar discutir cenas de filmes ou lembrar de nomes de músicas. Músicas pra mim são melodias que não tem nome, são trilhas sonoras que sempre vêm acompanhadas de cenas mirabolantes. Por isso sempre tento escutar música de olhos abertos e, se escuto de olhos fechados é lembrando de alguma cena já existente.
Todos tem aquelas lembranças eternas, que vão levar pro resto da vida, aquelas cenas engraçadas ou tristes que, mesmo que você queira, nunca vão sair da cabeça. Eu tenho as minhas, são muitas. E como a minha memória não é muito boa, pra eu poder lembrar, elas vêm acompanhadas de músicas. É só ouvir uma música, aquela música, que eu lembro da cena. Instantâneo!

Pessoas dizem que quando estão perto da morte elas vêem um filme passar na mente delas, né?
Acho que na hora que estamos prestes a morrer todas essas lembranças que guardamos com muita segurança em nossas cabeças que vêm à tona. São vários momentos que vêm desde a infância e vão até àquele exato momento.
No meu caso, essas cenas viriam acompanhadas de suas respectivas músicas. Seria o set list mais rápido e mais eclético que qualquer dj jamais pensou em tocar! Seria lindo! Tenho tanta coisa bonita e emocionnate guardada nessa memória marromenos... Tanta música bonita, engraçada, estranha e inapropriada...
Se um dia eu puder ter esse filminho passando na cabeça antes de morrer, caso eu morra, morrerei feliz, com um sorriso bonito.
Vai ser tipo abertura de Oscar, onde passam todos os filmes que concorrem. Com drama, comédia, suspense, aventura, horror, terror, pavor, risos, risos, risos... E sempre uma música legal no fundo.
O Oscar de melhor trilha sonora seria meu.


Cauã

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Sonhar acordado, dormir sonhando

Tinha sido um sonho difícil, daqueles que dão muita sede quando se acorda com o lençol no chão e o corpo todo melado de suor. As janelas daquele apartamento mínimo que não tinha parede entre a sala, o quarto e a cozinha estavam fechadas. E ele não precisava. De tão pequeno, conhecia cada centímetro de bagunça que lá existia, sem ter que abrir os olhos e com as mãos amarradas. O problema era que aquela tontura forte de quem se levanta rápido não passava.
Abriu a torneira da pia e pegou aquele copo, que sempre ficava em cima do fogão, e encheu-lhe de água. Tomou três copos cheios e a sede não passou. O sono também não voltou.
A habilidade dele com o apartamento escuro era inversamente proporcional à sua noção de horário, ele não fazia idéia de que horas eram, só sabia que já era noite.

Só que dessa vez seu relógio biológico nunca esteve tão errado. Ele abriu a cortina e uma luz que ele nunca tinha visto tão forte ofuscou seus olhos. E aquela cegueira se juntou a tontura e a sede. Ficou deitado na cama por incontáveis minutos e o brilho daquele sol novo não saia do quarto. Alguma coisa estava estranha.
Ele fitou aquele feixe de luz por outros incontáveis minutos e resolveu encara-lo. Pegou seu lençol no chão, cobriu a cabeça e saiu andando. Bateu a porta do apartamento e desceu as escadas. Nunca tinha visto pessoa parecido com aquele que estava na portaria, o homem ficou o olhando com a mesma cara de espanto.
No primeiro passo na calçada ele caiu, alguém o ajudou, só que ele não conseguia ver o rosto dessa pessoa, algum tipo de sombra encobria-o. Parece que tinha desmaiado e acordado já em pé e longe de seu prédio. Mas o medo era ínfimo comparado àquela curiosidade ensolarada, continuou andando. Todos aqueles prédios não eram estranhos, era a sua vizinhança, só que com uma psicodelia de cores e brilhos nunca antes imaginada.
Reflexos nas sacadas, vidros verdes, carros amarelos, barulho, muito barulho, pessoas falando forte, pessoas que se olhavam, pessoas que não se olhavam, uma orquestra de bocas cantando várias notas inaldíveis ao mesmo tempo. Nunca tinha visto tantas pessoas juntas naquela rua.
E o mais estranho era achar tudo aquilo tão diferente e semelhante ao mesmo tempo, como um déjà-vu.

Ele passou um dia inteiro nesse déjà-vu, andou, andou, andou... Até que escureceu. E as coisas começaram a ficar do jeito que ele era acostumado a ver. E foi começando a fazer sentido, aquilo era o dia, o dia que ele nunca tinha vivido. E de tão impressionado com o dia, começou a estranhar a noite. Sentiu falta de todo aquele barulho, das cores, dos carros, das pessoas.
Correu para seu apartamento, passou pelo mesmo porteiro de sempre, - o qual não estranhou aquela correria - deitou na cama e ficou pensando em tudo que tinha passado naquele dia. Pensou se as pessoas já tinham o visto, pensou em porque o porteiro do dia cheio de luz o olhou estranho e porque o porteiro da escuridão não tinha se importado com o seu desespero.

E de tanto pensar, dormiu. E acabou sonhando que acordava no mesmo apartamento. Só que agora as janelas estavam abertas, com muita luz e nada tão estranho, e pensou: Ele estava acordado e tinha sonhado que conhecia a noite ou ele estava dormindo e tudo que ele está passando durante o dia é um sonho?

Cauã

domingo, fevereiro 03, 2008

o Adeus.

Já não precisas mais de mim, há muito tempo. Siga o vôo sempre mais alto, mais calmo, mais seu. Eu estarei sempre aqui, a observá-lo. Mas nossos bicos já não trocam alimentos. Só nossos olhares, longíquos, permanecerão. Essa casa é tua, eu já não a habito mais.

Feliz amanhã.
Acaná.

sábado, fevereiro 02, 2008

E quem um dia irá dizer que não existe razão?

Ele um visionário, ela conservadora. Ele novo, ela mais velha. Ele Eduardo, ela Mônica.
Ele tomava banho de chuva, ela banho de sol. Ele estudava enquanto ela trabalhava. Ele tinha frio e ela calor.
Eles tinham tudo que um casal pode ter pra não ter algo em comum. Tinham um mundo inteiro pela frente, um destino bonito e feliz, teriam saúde, paz e dinheiro no bolso. Teriam. Teriam se não tivessem se encontrado.
O destino tentou, tadinho, tentou mesmo. Mas não conseguiu fazer com que eles não se amassem.
Naquele dia de chuva, febre, estudos e responsabilidades ele resolveu não ser ele e arriscar todas as fixas dele num sonho dele, só dele. Num dia de tédio, ressaca, revolta e abstinência de cigarro ela resolveu ser ela. Resolveu tentar resolver todos os problemas que a incomodavam naquele momento, os outros problemas que seriam conseqüência da tentativa da resolução daqueles problemas daquele momento, ela resolveria depois. Ela foi ser ela e ele foi deixar de ser ele.
Ele era parada de ônibus e ela era supermercado. "Malditas paradas de ônibus em frente aos supermercados!" dizia o destino. Ele era casaco, calça, medo e agonia. Ela era short, casaco, vontade e agonia.
Chuva forte, ele corre pra debaixo da cobertura da farmácia enquanto ela anda calmamente pra cobertura da farmácia. "Oh não! Um lugar com dois lugares!" lamentava-se o destino. Ele direita, ela esquerda.
Ela reclama, pensa em ir andando debaixo da chuva. Mas a chuva era exatamente o motivo da ida ao supermercado pra não ter mais que sentir a chuva.
Ele não sabe se reclama ou agradece, pensa em ir andando debaixo da chuva. Mas a chuva era exatamente o motivo da ida à parada de ônibus pra não ter mais que andar debaixo de chuva.
Os dois ficam (para desgraça do destino), se olham e não se gostam. Ele era baixo, agasalhado, com cara de estudioso e com corisa no nariz. Ela era alta demais, sem roupa demais, com cara de drogada e cascão no dedo.
Depois de três minutos, quarenta e quatro segundos e sessenta e sete centésimos um anjo, que até hoje eles não sabem quem, pergunta onde fica o bar 'Legião Urbana'. Ele responde: do lado da parada. Ela responde: em frente ao supermercado.
Um olha pro outro como o intruso da resposta de ambos. Mas o anjo não tinha especificado um respondedor.
Depois de alguns segundos, que até hoje ninguém sabe quantos exatamente, ela reclamou da chuva e ele reclamou do frio. Depois ele reclama da febre e ela reclama da falta de cigarro.

Passadas muitas reclamações egoístas e muitas gotas de chuva, eles começaram a perceber o quanto tinham de incomum, o quanto não se gostavam, o quanto não dariam certo e o quanto estavam estupidamente atraídos um pelo outro.
A chuva naquele dia, para causar o suicídio dos destinos dos dois, não parou. Ele esqueceu da parada de ônibus e ela já não queria ir mais ao supermercado. Ela, como sempre, bem mais ativa, o chamou para a casa dela (a mais bagunçada casa que ele nunca teria visitado). Ele, não sendo ele, aceitou aquele convite. Definitivamente, ele não era ele mesmo!
Passada uma noite tensa e intensa, eles descobriram que nunca dariam certo e que voltariam a se ver todos os dias, que a cada dia que eles não se vissem ela teria que ir ao supermercado e ele à parada de ônibus apenas pra lembrar um do outro.
Por incrível e desafiador que pareça, eles nunca mais deixaram de se ver, mesmo quando o filhinho do Eduardo ficou de recuperação.

E todos os dias que chove muito, como hoje, eles correm pras ruas pra fazer garotos não serem eles mesmos, cigarros acabarem em casas de garotas e todos terem uma noite tensa e intensa com muitas promessas, percepções e decisões.

Cauã

quinta-feira, janeiro 31, 2008

Resposta sem solução

A velhice é algo que nos consome. Experiência é o resultado de uma equação entre o tempo e a sabedoria. Quanto mais gastamos um, adquirimos outro.
O tempo nos corrói, nos maltrata em pedaços, lentamente. E demora uma vida pra nos matar.
Com o tempo, aprendemos a desaprender algumas coisas. Ou, até mesmo, deixamos de nos importar com alguma. A Sabedoria e a Experiência tem seus pontos fracos. De tanto nos ensinar como as coisas são e acontecem, quando estamos um pouco mais experientes, perdemos o gosto, a surpresa, o sentimento do que gira ao nosso redor.
Nossa! Como é difícil descobrir coisas novas depois que já se viu de tudo!
As bocas perdem o gosto, os movimentos perdem a criatividade, as pessoas deixam de ser interessantes e o tempo torna-se previsível. Tudo torna-se previsível e, se não for, nosso orgulho não nos deixa mais acreditar que foi uma surpresa.
Com o tempo, os sentidos ficam cada vez mais insensíveis. A chuva já não é sentida do mesmo jeito, não desliza a pele como antes, a Lua já não é mais tão branca e brilhante, o mar não faz mais barulho, o vento não desarruma mais os cabelos, o açúcar não tem mais o mesmo gosto e as pessoas já perderam o perfume.
Eis que vem à tona uma antiga incógnita: Envelhecer tendo experiência ou viver a infantil juventude eternamente?
Creio eu, com a minha inexpressiva experiência, que a resposta não está na escolha do caminho a seguir, mas, sim, na busca por novos fatores que venham compor àquela equação.
Então corramos procurando novos fatores, novas somas, subtrações, multiplicações e divisões. Que essa equação não seja simples, que seja bastante complicada, que nós, experientes ou não, nunca encontremos o resultado. E que todos os novos cálculos, respostas e soluções sejam novidade!

Cauã

terça-feira, janeiro 22, 2008

Evolução obscuramente explícita

Hoje tentei escrever algo legal, mas não consegui.
Vi que isso está explicitando demais minha vida, contando minhas maiores fraquezas, meus maiores defeitos... Vou começar a escrever sobre minhas qualidades. Coisas que eu acho legal em mim, fazer um auto-merchan pra aqueles que ainda gastam tempo lendo isso.
Vou parar de contar meus segredos, pra que algumas pessoas descubram, e parar de escrever coisas que posso contar pessoalmente.
Mas, sinceramente, não consigo! Sinto necessidade de deixar meus podres para que toda internet veja, pra que, daqui a alguns anos, eu veja e consiga avaliar o quanto eu evoluí, se as minhas idéias de hoje farão sentido amanhã.
Tenho grande afeto as minhas coisas, não consigo me desvencilhar de alguma coisa que seja minha com facilidade. Então descobri que além de escrever para os outros, para que os outros comecem a descobrir meu eu mais obscuro, eu escrevo pra mim, para que eu me lembre do meu eu mais obscuro e saiba o quanto eu evoluí amanhã.

Sinta-se a vontade de saber quem eu sou, pois você saberá o quanto eu evoluí. Não perca por esperar.

Cauã

Tapas

"Ave falconiforme, distribuída do Panamá à Argentina, de coloração pardacenta mais escura no dorso e na cauda, esta com faixas claras transversais; tem o lado inferior branco, uma mancha clara circundando o pescoço, uma faixa negra em torno dos olhos, prolongando-se até a nuca, e o alto da cabeça branco. Ave de rapina que ataca especialmente os ofídios".

Um dia éramos aves de rapina, cheios de palavras a correr nos finos vasos sanguíneos dessa ave atroz. Mas o nosso ataque era bom, leve, utilizava símbolos para expressar nossa paixão pela vida, nossos desafios e o mundo - o nosso mundo,visto por dois pares de olhos que olhavam para o mesmo horizonte perdido. Até que eu percebi as palavras transbordarem em erupções cada vez mais constantes, cheias de uma sensível sabedoria, e um dia resolvi criar esse mundo de representações, onde você e eu expressaríamos o nosso mundo..

Outro dia me dei conta dos rumos em que voamos e, com espantosa nostalgia - essa a que se refere -, notei o percurso contrário que tomamos. Percebi ainda, com maior espanto, a enorme distância que separa nosso vôo e o quanto a sua ave encosta o bico no peito e só se dá conta da sua individual existência. Ela diz andar em corda bamba, assume que o sentido do seu vôo está apenas em fazer com que os outros pássaros a perceba e ame e, por fim, nota esse coração de pedra e frio que agora bate em seu peito. Confesso a minha decepção, mas animo-me em ver uma possível revolução! Estou batendo na sua cara para que você também bata na minha, dou-lhe minha face, meu peito, minha arma. As minhas verdades - se é que as tenho - parte são dúvidas, parte encantamento, parte tristeza, agonia, felicidade, contradição! São elas as impulsionadoras daquilo há muito guardado sob minhas asas. Se as suas verdades são aquelas que me fizeram decepcionar, então enxugo as lágrimas e o compreendo do jeito que é, ou se tornou – tudo sempre muda; mas se elas são apenas máscaras de verdades muito mais simples, então sim, dou-lhe todas as tapas à cara e digo-lhe que um dia, quando as quiser tirar, estarão pegadas à cara.

Primeiro senti a raiva de não vê-lo mais voar comigo - ou será que fui eu quem desviou o caminho? Caminho.. parece que há um certo e um errado, não, não há. Só chegou um dia em que as nossas diferenças foram maiores que as semelhanças. Como é difícil aceitar isso! Mas depois da raiva vem a aceitação, a plenitude da realidade se mostra boa, simples de ver: estaremos sempre voando, o horizonte ainda nos espera, o que mudamos foi o modo de chegar lá. Então o amor fica guardado e os álbuns fotográficos gravam as melhores memórias. "Tudo acaba, mas não completamente" - disse certa ocasião.

Agora bata em mim, sempre senti falta da sua raiva.
Acaná.

Pensaralhada

Essa overdose de textos deve ser culpa da proximidade do aniversário. Pensamentos turbilham, todas as avaliações de mais um ano que passou vêm a tona e a vontade de soltar milhões de gritos palavreados é imensa.
Vou dormir, tchau. Feliz amanhã

Cauã

Revolução Despedradeira

Há algum tempo que meu coração empedrou. Não sei exatamente se existe esse verbo do mesmo jeito que não sei exatamente quando foi que meu coração ficou assim.
Só sei que não foi algo repentino, foi gradual, coisas e coisas acontecendo, pensamentos e pensamentos reverberizando, atitudes e atitudes se fazendo... Até que ele empedrou. Puf. Virou pedra.
Já não consigo mais amar, gostar com vontade, querer tudo pra mim com intensidade. Aquela força de vontade de antes virou pedra, está estática. Está tudo preto-e-branco. Lógico, tudo limitado ao setor do coração. Virou um ministério sem uso no governo chamado eu.
Começou uma revolta, uma desorganização total. Acabaram-se os escrúpulos, cairam as taxas de afetividade, o preço do carinho despencou e a sinceridade comigo mesmo bateu os recordes de inflação. A Temperatura corporal beirou o zero absoluto, mas já relatei isso anteriormente.
Só que, como todo governo, a ditadura tinha uma fraqueza: os revolucionários.
Os revolucionários vieram de longe! De dentro do próprio governo - que estavam escondidos em gabinetes abandonados no fundo do corredor - de fora, de outros governos contrários à essa ditadura de pedra, e até de partes que eram aliadas que cansaram daquela mesmice sem graça e sem tesão.
Essa revolução começou pequena e tem ganhado grandes proporções. Os revoltosos, apesar da classificação, são pacíficos, querem dominar o governo calmamente e espalhar suas idéias pelo mundo. É, o mundo. Não precisa ficar só aqui, eles pensam macro, e não micro.
Hoje foi a sua primeira manifestação pública e explícita. Fizeram o mundo tremer, Eu tremeu. Postaram milhões e milhões de faixas coloridas e nostálgicas com lembranças amorosas que fizeram o povo - que já estava acostumado com aquela pedraria - sorrir. Cenas de amores intensos, declarações de amor e olhos esperançosos foram exibidas nos principais telões do país.
Não sei o que vai ser daqui pra frente. Com essa grande revolução começando, pode ser que o governo mude algumas coisas, tome atitudes drásticas, recorra à outros governos para que o ajude... São várias as possibilidades. Mas algo me diz que o mundo está voltando a ser colorido de novo.

Cauã

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Pedaços de 2007

Se tem uma coisa que 2007 me marcou, foi a sua ida, o fato dele passar e nunca mais voltar, o fato de nascer no dia primeiro de janeiro e morrer no dia trinta e um de dezembro. E isso. Nada mais.
Assim como 2007 foi sem deixar mágoas, choros ou dor, ele me ensinou a viver assim diante de todas as despedidas que passei em 2007.
Em 2007 aprendi que tudo que vai, volta. Se não volta, não tem porque eu querer que volte.
2007 começou com mais uma despedida repetida que não é bem uma despedia e teima em acontecer de semestre em semestre (ta, ninguém vai entender). E nessa despedia eu decidi que seria o último tapa da saudade mortal que eu levaria na cara. Se essa despedida acontecerá mais algumas vezes, vou esperar pelo tapa violento na definitiva.
Em 2007 também conheci muita gente. Antes, quando eu conhecia muita gente e gostava muito dessa gente e depois me separava dessa gente, era horrível. Chorava, ficava deprê e depois passava. Tinha que passar.
Em 2007 eu descobri que as pessoas que realmente valiam o meu choro antes de 2007, eu reencontrei no bendito 2007. Então, pra quê chorar uma despedida se um dia vai ter recepção?
Então, pra quê chorar uma despedida se um dia a dor vai passar e não vou ter outra recepção?
Pra quê? Por que? Não tem. Não precisa. Não faz, deixa sem.

E foi assim que 2007 foi: sem choro, sem despedidas, muitas recepções e muito tempo aproveitado no lugar do choro.
Aprendi a dar valor nos encontros e não pensar em como vai ser minha vida depois, sem aquela pessoa. Aprendi a valorizar o momento, o fato de ter encontrado, devido a magia do destino, aquela pessoa. Aprendi que as pessoas que realmente me marcam, não vou deixar de vê-las, um dia, qualquer dia, mesmo que tenha despedida, eu vou reencontra-las.
E, principalmente, aprendi a não esperar muito do futuro, pois se o passado me pôs num bom presente, futuro é conseqüência.
2007 me fez saber distinguir as pessoas que realmente vão tirar um pedaço do meu coração e leva-lo consigo, daquelas que me deram um pedaço do seu coração e eu vou leva-lo comigo.

Depois de 2007 eu faço de tudo pra que todas as pessoas que eu conheça me dêem um pedaço do seu coração e que eu possa dar à elas um pedaço do meu. Sem choro.

Cauã

Estranho...

Hoje foi um dia de bombardeio de emoções, de dúvidas, de coisas estranhas. Bem estranhas.
Eu gosto de coisas estranhas. Me acho estranho. Eu me sinto bem por me achar estranho. Mas gosto de me achar um estranho não tão estranho porque todos são um pouco estranhos e sempre vão ter um pouquinho da sua estranheza, assim, lhe deixando menos estranho.

Quando se repete muito a palavra "estranho" ela parece mais estranha do que já é.

Cauã Estranho

sábado, janeiro 19, 2008

Todo dia de manhã

Nostalgia é um troço complicado, né? Diferente da saudade, ela existe em diferentes línguas. Nostalgia não é saudade, nostalgia é sentir falta mesmo, é abstinência, é viagem no tempo, é fogo-amigo, é ferida aberta que a gente não quer curar, é um tiro no próprio pé.
Sinto a saudade como algo não muito intenso mas sofrido. É aquele sizo nascendo que dói pouco, mas por muito tempo.
Nostalgia eu vejo diferente. Nostalgia é aquele soco no estômago, que te deixa sem ar, sem equilíbrio e sem reação. Nostalgia é bombardeio de saudade, é explosão de dor. É tipo um trem bala, que vem e vai rápido e leva e traz muita coisa.
Como eu disse, nostalgia me faz viajar no tempo, me faz acordar de vez em quando.
Nada como um dia nostálgico! Dia nostálgico deveria ser justificativa de falta no trabalho. Ou então, assim como temos um dia pra ir à igreja e um pra ir ao motel, deveríamos ter um dia pra nostalgiar. Desanuviar, ficar olhando pro céu, pras paredes ou para a estante... por horas. Dia de saber que alguém, em algum lugar do mundo, está tendo um turbilhão na cabeça e lembrando de você com muita vontade. Dia de por todas aquelas músicas gays ou alcoólatras no winamp e ligar pra todo mundo. Tipo, companhias telefônicas reduziriam as tarifas. "Do seu celular pra qualquer telefone do mundo você liga com tarifa reduzida nos fins de semana e madrugadas. Dias nostálgicos é de graça!!". Imagina como o mundo seria melhor.
Ninguém nostalgia momentos ruins. E se acabar ocorrendo, vai ser com aquele sorrisinho no canto do lábio.
O Decreto do Dia Nostálgico seria a melhor maneira de fazer as pessoas pararem de reclamar que a vida delas está passando e elas não percebem. À cada semana elas poderiam nostalgiar todas os bons acontecimentos. Nostalgiar marca na memória. Eu ainda consigo lembrar de todas as coisas dignas de se nostalgiar.
Isso evitaria brigas de namorados porque um ao outro saberiam que poderiam pensar no ex, mas só naquele dia, e pronto. Evitaria aquela conhecida ressaca moral também, com o costume de nostalgiar, nós nos desprederiamos do hábito de taxar as coisas como boas e ruins. Pessoas começariam a ter o hábito de achar tudo bom, pois tudo que fosse lembrança seria nostalgia.

Enquanto o decreto não vira lei, eu vou aqui treinando, me dando um tiro no pé e não fechando a minha ferida, nostalgiando, todo dia de manhã, as besteiras que fiz ontem.

Cauã

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Frio

Tenho um sério problema.


Na verdade não sei se é um problema ou uma puta de uma qualidade! Às vezes eu acho que sou abençoado por ser assim. Às vezes, durante a nostalgia das besteiras de ontem, eu me sinto um lixo.
Meu grande problema é não saber tudo sobre os outros. E isso me deixa bastante agoniado. É, só eu. Arram.
Tá, vou começar a ser frio. Primeiro eu quero saber se todas as pessoas conversam muito consigo mesmas. Mas eu digo, tipo, MUITO. Porque eu sou assim. E, sendo assim, eu já peguei abuso de mim mesmo. E quando estou conversando comigo falo as coisas na minha cara, sou muito verdadeiro. E muita verdade é sinônimo de maldade.
Cara, eu sou um cara muito mau quando converso comigo mesmo. Não tenho escrúpulos, 'falo mermo', penso o que é pra pensar e piso nos pensamentos que tiver que pensar. Sei avaliar quando fui falso e quando fui verdadeiro, de quem eu devo me afastar e de quem eu devo me aproximar... O que eu tenho que fazer ou falar pra alguém se interessar por mim, como eu tenho que agir pra reverter uma situação... Sério, tenho medo de mim às vezes.

Só não tenho medo toda hora porque sei que sou humano. E nem sempre consigo fazer tudo aquilo que eu e meu eu frio e calculista planejamos. Algumas vezes o coração - sim, o coração! - manda no pedaço. Daí, cara, nem queira ver o que acontece. É uma baita de uma briga louca, cheia de bombardeios de pensamentos e tiros de insônia.

Eu acho isso tudo bom. Todo dia, toda hora, a todo pensamento eu estou brigando comigo mesmo e me conhecendo cada vez mais. Mas estou ficando viciado em ser verdadeiro comigo, aprendi a não me ofender com o que eu falo pra mim. Daí eu fico com medo. Mas medo é bom. Eu fico na dúvida se tudo isso é bom ou ruim.

- Porra, Maurício, já ta falando a mesma coisa?
Foi mal, gente, tenho que ir porque eu to aborrecido e sem paciência. Eu vou lá falar comigo e volto qualquer hora.
Feliz amanhã

Maurício e Cauã

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Parece

Às vezes parece que eu fico algumas épocas, meses, talvez dias ou horas, dormindo. Meio que sonhando acordado. E às vezes parece que eu acordo. Parece que eu passei por certo período de tempo e não percebi. Parece que certas coisas eu não vivi. Parece que ainda não tinha percebido que certas pessoas eu tinha conhecido ou gostado. Parece que algumas coisas tinham perdido o gosto. Parece que alguns amigos eu esqueci.
Mas meus acordares, nessas vezes que durmo acordado, parecem muito chocantes. Mas são aqueles choque de reanimação que dão um baita dum impacto e depois vão me fazendo sentir aquela dor, no caso, angústia.
E acho que esses acordares me ajudam às vezes a me acordar acordado. Mesmo não me fazendo viver o que parecia não ter vivido; mesmo não me fazendo perceber o que eu parecia não ter percebido ou gostado; mesmo não me fazendo achar as coisas que pareciam que eu tinha perdido; eu gosto deles.
Querendo ou não, tudo isso é bom. Os dormires me ajudam a, quando acontecerem os acordares, aprender a não dormir mais. Já que nasci dormindo...

Cauã