quarta-feira, novembro 08, 2006

Grandes Heróis


“Salvador - Terminou em final feliz o caso do tratorista Hamilton dos Santos, de 53 anos que na semana passada se recusou a cumprir uma ordem judicial que determinava a derrubada da casa da merendeira Telma Sueli favela dos da Palestina. A Prefeitura de Salvador pretende regularizar o lote de Telma Sueli e de mais nove moradores do local, indenizando os proprietários dos terrenos que teriam sido invadidos pelos favelados.
Santos se preparava para colocar abaixo a casa da merendeira, mas percebendo o drama da mulher e das sete crianças que moram no local, o tratorista chorou e disse que não poderia executar a ordem nem que fosse preso. O oficial da Justiça que estava na favela para cumprir a ordem de despejo mandou prender Santos que foi liberado logo depois diante da repercussão do caso. (Agência Estado, 15/5/2003)
A grandeza humana vale uma matéria!”
CARLOS ALBERTO DI FRANCO


È doloroso pensar que casos assim estejam cada vez mais raros. E dói mais ainda, pensar que eles possam até nem existir mais.
Está cada vez mais difícil encontrar esses “Heróis do Cotidiano” em nossas vidas. Quando aparecem, é em algum jornal, num lugar longe de casa ou a muito tempo atrás.
Vamos crescendo, aprendendo, vendo o mundo de outra maneira e percebemos que já não temos mais heróis. A vida chegou a um ponto tão sem-graça que quando ouvimos ou vemos uma noticia dessas, nosso pensamento já não é mais de “lindo”, e sim de “que louco!”.
Ta, ta bom. Eu sei que ainda temos heróis. Papai, Mamãe, Vovós e Vovôs são os heróis-mores. Mas não são desses que estou falando, se fosse falar deles, não denominaria como “heróis do cotidiano”, e sim, de Heróis da Vida. Os do cotidiano são esses, que deixam de derrubar uma casa aqui, devolvem uma carteira ali, deixam um real cair do bolso acolá...
É, os heróis não são feitos apenas de fatos grandiosos...
Lembro-me do Tio-Do-Cachorro-Quente que sempre colocava um pouco mais de batatinha no meu hot-dog quando eu pedia, não tinha algo mais fantástico. A professora de inglês, que devido a ela, consegui passar direto no colégio; bendito meio ponto extra! Aqueles 20 centavos que o meu amigo me deu pra voltar pra casa, aquela risada mais engraçadas que as outras risadas, aquela ligação de madrugada numa noite de tédio, aquele cara que sai da vaga justo quando você está chegando...
Ahh.. Fica até complicado enumerar a quantidade de heróis e suas proezas. E até parece que o herói da noticia citada nem é tão herói assim, no meio de tantas generosidades.
Vou começar a fazer uma listinha de heróis, ver quem me salvou hoje, o que fizeram pra mim... E prestar atenção de como esses pequenininhos atos heróicos deixam a vida mais feliz.
Que os grandes heróis como o tratorista ainda exista! Pra poder me atentar a quantos heróis do cotidiano eu ainda possuo.


Cauã

Um comentário:

Maurício disse...

É interessante pensar que a ajuda mútua entre as pessoas seja heroísmo; houve um tempo em que isso era um 'dever' e não uma heroicidade. Mas, como disseste, os tempos são outros, enxergamos o nosso semelhante não mais como um 'irmão' e sim como um 'concorrente' nessa disputa que é a sobrevivência. E se ainda há solidariedade e compaixão, sorte daqueles que as recebem em atos mínimos como esses, causadores de extraordinários regozijos.

Acaná.