terça-feira, janeiro 22, 2008

Revolução Despedradeira

Há algum tempo que meu coração empedrou. Não sei exatamente se existe esse verbo do mesmo jeito que não sei exatamente quando foi que meu coração ficou assim.
Só sei que não foi algo repentino, foi gradual, coisas e coisas acontecendo, pensamentos e pensamentos reverberizando, atitudes e atitudes se fazendo... Até que ele empedrou. Puf. Virou pedra.
Já não consigo mais amar, gostar com vontade, querer tudo pra mim com intensidade. Aquela força de vontade de antes virou pedra, está estática. Está tudo preto-e-branco. Lógico, tudo limitado ao setor do coração. Virou um ministério sem uso no governo chamado eu.
Começou uma revolta, uma desorganização total. Acabaram-se os escrúpulos, cairam as taxas de afetividade, o preço do carinho despencou e a sinceridade comigo mesmo bateu os recordes de inflação. A Temperatura corporal beirou o zero absoluto, mas já relatei isso anteriormente.
Só que, como todo governo, a ditadura tinha uma fraqueza: os revolucionários.
Os revolucionários vieram de longe! De dentro do próprio governo - que estavam escondidos em gabinetes abandonados no fundo do corredor - de fora, de outros governos contrários à essa ditadura de pedra, e até de partes que eram aliadas que cansaram daquela mesmice sem graça e sem tesão.
Essa revolução começou pequena e tem ganhado grandes proporções. Os revoltosos, apesar da classificação, são pacíficos, querem dominar o governo calmamente e espalhar suas idéias pelo mundo. É, o mundo. Não precisa ficar só aqui, eles pensam macro, e não micro.
Hoje foi a sua primeira manifestação pública e explícita. Fizeram o mundo tremer, Eu tremeu. Postaram milhões e milhões de faixas coloridas e nostálgicas com lembranças amorosas que fizeram o povo - que já estava acostumado com aquela pedraria - sorrir. Cenas de amores intensos, declarações de amor e olhos esperançosos foram exibidas nos principais telões do país.
Não sei o que vai ser daqui pra frente. Com essa grande revolução começando, pode ser que o governo mude algumas coisas, tome atitudes drásticas, recorra à outros governos para que o ajude... São várias as possibilidades. Mas algo me diz que o mundo está voltando a ser colorido de novo.

Cauã

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