segunda-feira, março 23, 2009

O ano de nossas vidas

Quando tava no aeroporto, na sexta-feira, peguei o meu papel de embarque e comecei a escrever o que seria um suposto diário de uma viagem de fim-de-semana. Ele começava dizendo a hora, a temperatura e tinha um paragrafo resumindo um pouquinho da situação que eu me encontrava naquele momento.

Mas tudo começou antes de escrever naquele papelzinho. Naquele mesmo papelzinho - que eu acho que joguei fora - eu comentava que era engraçado parar, pensar e me ver naquela situação. Desde a insignificância que aquele show tinha pra mim logo quando foi anunciado, a cogitação de viajar no meio do semestre, passando por uma "solterisse" que me possibilitou tal liberdade, confirmação dos amigos, um bom histórico sendo construído em casa... Enfim, foram vários fatores que me levaram a estar onde eu estava e me preparar para o que eu imaginava o que me esperava.

A sexta-feira começou tensa e cheia de expectativas. Um dia longo de trabalho assim como qualquer sexta exige. Depois uma prova de matemática 02, algo que eu estava preparado mesmo não tendo estudado. Perdia a noite de sexta em São Paulo devido aquela prova. Mas o fato de saber que depois dela eu realmente viajaria me deixou mais calmo pra faze-la com tranquilidade.
Antes da prova, esperando a mesma começar, ao invés de estudar, resolvi ler a Piauí do Adriano. Lá tinha o diário de uma moça que viajara pra Rússia. Ela era bem sucinta. E os parágrafos dela (que não passavam de 7 linhas) me empolgaram. E de lá veio a idéia não concretizada de escrever um diário no meu papel de embarque.

A prova foi boa. Não deu tempo de fazer tudo, era uma prova grande e por não ter estudado, não tinha tudo fresquinho na cabeça.

Deixo o dricow na casa de um amigo, termino de arrumar a mala, tomo banho, fico na dúvida de levar o computador ou economizar no peso da mochila, já que essa era a minha única bagagem.
Optei por deixar a tecnologia que sabia que seria inutil e fútil e resolvi levar o livro, que a Lili me emprestou há muito tempo, pra ver se me distraia mais. Por isso escrevi no papel de embarque, não num documento do word.

Chego no aeroporto, compro desodorante, o chek-in é bem rápido, não tem despacho de bagagem. Tomo uma Devassa Ruiva e vou pra sala de embarque. Já tem bastante gente lá. Sem querer, sento ao lado da Luiza, que está dormindo no colo de quem eu presumo que seja seu namorado. É a primeira pessoa de Belém que eu encontro. Enfim, mesmo sendo ainda em Belém, já dava pra ter aquela noção da invasão paraense.
Compro um chiclete e volto pras proximidades do meu gate. Vejo a Mirian correndo pro outro lado da sala de embarque. Vejo o Ivan, ele vem falar comigo.
É bem engraçado, dois anos depois, ir de novo pra São Paulo no mesmo voo que o Ivan.
Pena que dessa vez não foi combinado.

Entro no avião, que já vem um tanto cheio de Macapá. Sento na ultima fileira. Meu maior erro! Lá tem uma moça que eu creio que vinha de Macapá. Parecia que viajava de avião pela primeira vez, mas não queria que ninguém notasse.
Ela dormiu. Eu não. Tentei ler O Limite do Branco, mas a impaciência era enorme. Durmo, acordo, fecho os olhos, abro, mexo, mudo de posição, vem a comida, como, me mexo, cochilo, chegamos em Brasília.

Sai gente, entra gente, eu na esperança de que sobre um lugar legal na janela que possa reclinar a poltrona.
Nada.
Volto pra minha tortura.

Chegando em São Paulo encontro com o Brunno, virado de uma noite no Vegas, que parecia ter sido muito boa e que eu tinha perdido. Ele esperava a Mirian.
Espero o Heitor me buscar. Isso não soa engraçado no meio de tantas coisas engraçadas nessa viagem. Heitor é certeza. É o fato que onde ele puder me pegar no aeroporto em qualquer lugar do mundo, ele vai pegar. E a recíproca é totalmente verdadeira.

Depois do Heitor se perder um pouco, ele chega, vamos tocar café lá pelas redondezas da Paulista. Conversamos, falamos do passado, presente e futuro. Bem rápido, não precisamos de muitas palavras. É aniversário da Carol e ele tem que busca-la pra ir pra São José dos Campos. Foi uma despedida igual as outras, como se nós fossemos nos ver hoje, ou sair pra beber na próxima sexta.

Acompanhando o Ivan e dando um tempo enquanto o Jones não chega na capital pra fazer o check in no hotel, vamos em direção à casa do Arthur, irmão da Lucy.
God saves the technology. O GPS do meu celular nos ajudou a achar a rua que chamávamos de Barão de Paraguaçú, mas na verdade era Marquês de Paranaguá.
Chego na casa do Arthur, uma cara que eu achava que não ia muito com a minha cara, mas que se apresenta uma pessoa muito simpática. Que bom!
Ele nos da carona pra Fnac, tentamos passar por uma Starbucks que estava lotada e nos despedimos dele.
Isso são 8h da manhã. Nesse momento já fazem 24 horas que eu não durmo de verdade. Desse momento até as 14:30, tudo se resume em voltar na starbucks e saber que não é a melhoooor coisa do mundo, window-shoppings, muitos passos, peso na costa, uma calça e uma camisa e um taxi pro Sujinho, restaurante que fica próximo do Formule 1

Preciso dormir!

Lá no Sujinho encontro com o Jones e com a Karina, que estão com o cu cheio de comida. Eu não tenho fome, da mesma forma que não tenho mais relógio biológico (deixei ele em Belém), só preciso dormir.
Pego o cartão do hotel e corro pro quarto 1151 debaixo de uma garoa esperta.

Duas horas de sono. Mais do que o suficiente quando o tempo é curto e tem que ser aproveitado. Tenho medo do clima de São Paulo e demoro mais do que a Verena escolhendo a roupa que vou sair. Saio.
Saio meio estranho, entre tantas poucas opções possíveis, saio do hotel me vestindo de uma maneira bizarra. heheh. Passo na Augusta e compro um casaco. O que ajudou a completar meu visual estranho.
Da Augusta pego um ônibus e vou pro shopping Iguatemi.
A partir desse momento, se eu não resumir bastante, só essa parte, seria maior que o texto inteiro.
Lá no Iguatemi, depois de ver um Audi R8 no saguão encontro a Luciana, o Leandro e a Kamila na Mc Donalds. Depois a Diva chega. Saudade dessas duas. Antes e agora.
Luciana compra maquiagem, Leandro a procura de roupas, Kamila a procura de milk shakes...
Saímos do shopping e vamos pra casa da Diva. O cansaço já é notável e minhas pernas já dão sinais de que precisarão de um anestésico.

Esse é o capítulo que marca a viagem! Poderia ser qualquer outro. Antes e depois daqui tem muitas coisas marcantes. Mas a música e a frase "All the single ladies" (e suas variações como oldesingolê, aimedesingolê ou ailovesingolê) marcaram como cicatriz. Daquelas na sobrancelha, que doem, mas deixam marcas bonitas.

Uns vídeos, umas maquiagens, uma cama muito confortável que me rende mais uma hora de sono e lá vamos nós pra BaLaDa em SP city.
O destino é o Exquisito. Um bar que se fosse meu, seria ironia do destino. Um bar que é tão meu, que se fosse meu não teria graça. E é meu daquele jeito que se escolhe a sua música. Sem pedir, por afinidade mesmo, que toca lá dentro. Não sei porque, mas o Exquisito é lindo. E não é por causa de duas horas e meia na fila que ele vai deixar de ser.
Lá encontro com a Luana, Nathália do Rio, o Rod e a Ale (que fazem parte das minhas lembranças do Exquisito) e a Aline.

Quatro Patrícias, um chopp black da Brahma - e se o Ze Netto tivesse atendido o celular eu teria tomado um cérebro de rato - e depois de mais ou menos uma hora saímos. Me despeço do Exquisito da mesma forma que me despedi do Heitor.

O destino agora é o Glória. Irônico sim é pedir que Deus me perdoe pelo que eu fiz naquela boate que um dia já foi uma igreja.
Antes de chegar lá passamos pela casa da Aline. Corto meu dedo, tomo uns copos de Original, danço, já meio bêbado e tiro fotos. Saímos de lá.

Chegamos no Glória! A partir daqui tudo são flashes. Não de fotos, mas de memória. Whisky com Red Bull são o anestésico e a droga que eu precisava. Não sei se nessa ordem.
A minha única obrigação era a de apresentar um cara que eu só conversava pela internet pro Rodrigo. Feito isso, fodeo!
Encontro o Gil com o Daniel na portaria, subi na caixa de som, caí da caixa de som, puxei a Alessandra, gritei "BELÉM MEACHUTA CARALH", bebi muito, dancei me esfregando com uma mulher em cima da caixa de som, vi neguinho cheirando no banheiro, o segurança quase me bate, tirei a blusa, beijei uma moça que eu não lembro, não me droguei, subi, desci... Não parei.
De repente bate uma vontade de ir em bora, acho que a música ainda ta tocando, pago a conta de R$ 82,00 e pego um taxi pro hotel.

Pau no cu daquela lojinha no hall do formule 1! Que merda! Eu me sinto na obrigação de comer lá. Como e durmo. Tudo isso em 15 minutos, no máximo.

Dia 22 de Março de 2009.
Abro o olho com o Jones e a Karina se arrumando pra ir ao Playcenter. Acho que eles devem ter ficado muito putos com o cheiro de cigarro que eu trouxe comigo. Devem pensar também que eu usei alguma coisa pra conseguir ter aguentado tanto tempo lokonabalada.
Com razão, nem eu entendo da onde vem tanta força nessa hora.

Abro o olho com uma mensagem do Yuri. Ligo pra ele e ele já ta bêbado na fila do show. Tomo banho e vou pra Augusta. Sem querer encontro com o Ivan, Lucy, Arthur e Vecks. Depois encontro com a Diva, Kamila, Camila, Luciana, Luana e Leandro.
"Almoço" e vamos pra Paulista esperar o Arthur e pegar o ônibus pra ir pro show.
Com a demora do Arthur tiramos todas as fotos possíveis. Ele chega a tempo de ver uma cena bem típica de filme. Com a Luana vendo a Kamila e o Leando ficarem na calçada enquanto ela vai com as duas mãos encostadas no vidro e com cara de cachorro triste saindo no ônibus.

Essa parte eu queria resumir bastante. Chegamos as 17h na Chacará do Jóquei. O Show do Los Hermanos começou 18:30. Foi bem legal. Na hora que eles tocaram Sentimental começou a chover, tentamos ligar pra Lili, o Yuri surtou sozinho...
O show do kraftteverkk só foi legal no final.
O lugar era muito bonito, o palco era muito grande, o som tava muito bom, parecia um woodstock, pessoas sentadas no chão, o céu foi escurecendo, a cerveja tava cara e os banheiros sempre lotados.
A bateria do meu celular tinha acabado e a minha preocupação em manter todos juntos era igual a de um guia de excursão de adolescentes de 15 anos.

Show do Radiohead.
Nessa hora o meu pé já assumia um tamanho duas vezes maior do que ele é normalmente. Assisto umas 5 músicas em pé e vou sentar.
Acho um lugar lindo, uma árvore, num ponto mais alto, onde tinha uma brecha perfeita pra ver o show e o telão com umas câmera styles com closes legais.
Nem preciso dizer as músicas que eu mais gostei. Também tiveram músicas que eu não conhecia que eu gostei muito. Ninguém precisou me cutucar na hora que tocou Fake plastic tree pra eu lembrar da Verena. O Show foi lindo, as luzes foram lindas, tudo foi lindo.
Por mais genérico que seja esse adjetivo, é só assim que eu consigo descrever.
A quantidade pessoas que passaram na minha cabeça durante, foi maior do que esse começo de ano inteiro.
Os abraços, as bocas abertas, o silencio, os sorrisos, as palmas... são tags que devem ser lembradas.
Os comentários depois do show, as companhias, o rosto de besta de todo mundo.

Depois do show só restou nostalgia. Uma tristeza feliz de que aquele fim de semanazinho tava acabando. Que tudo valeu a pena e que deveria ter tido mais tempo de aproveitar.

O aperto no coração bateu as 2 e meia da manhã na galeria dos pães quando eu tive que me despedir da Diva e da Kamila. Que não são nenhum Exquisito ou um Heitor na minha vida. Que ao contrario de todos os outros que são tão importantes quanto, não vão voltar na segunda-feira e vamos continuar as piadas que nasceram nesse fim-de-semana.

E agora, meia-noite, do dia 23 pra 24 de março de 2009, onde se resume aproximadamente 14 horas e 40 minutos de sono desde as 8 horas da manhã de Sexta-Feira, depois de um voo estressante, uma mistura de vai-não-vai na companhia da Alessandra, um dia cheio de trabalho, a Diva e a Kamila me ligam dizendo que estavam escutando All the single ladies na Jovem Pan.

Valeu, 2009.
Eu sabia que você tem tudo pra ser foda, mas não sabia que ia estar assim tão legal!

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Listão do vestibular, listinha do coração

Não escrevo sobre mim por dois motivos. Um é a falta de vontade de ser destrinchado pelo que eu escrevo, ser descoberto, receio de acabar sendo fácil demais de entender. Outro é um medo estranho, daqueles que nunca tive por ser tão auto-confiante, medo de falar pra uma geração que não é a minha.
Com o passar dos anos, ganhando experiencia, só aprendo que a única coisa que eu aprendi foi a me adequar ao mundo, não o contrário. E não adianta fugir, não adianta romper às regras, elas estão lá para serem seguidas. E eu aprendendo a segui-las.
Vejo o mundo falando de um jeito diferente, atuando de um jeito diferente, fingindo sentir coisas que eu até sinto, mas não finjo nem grito ao mundo inteiro. Isso deve ser até um resquício do primeiro motivo de não escrever muito sobre mim aqui, sei que não sou bom de mostrar sentimentos, que prefiro entender uma pessoa a ajuda-la a me entender. Mas sinto que os sentimentos estão fracos demais, voláteis, frágeis. Já falei fracos, né?
Deve ser por isso que guardo eles pra mim, com medo de que eles fujam em palavras, em gritos ou em conversas fiadas em mesas de bar.
Os meus sentimentos eu escolho, não sinto. Não, sinto, mas porque os escolhi.
Como se fossem adotados, onde num grande orfanato de pessoas, preferencias e atitudes, escolhi uma família pequena.
Também não falo dos meus sentimentos por achar que todo filho sabe que os pai o ama. É bem simples: eu o adoto, porque gosto, se gosto, é certo, porque o escolhi, se o escolhi, fica comigo, se fica comigo, eu gosto, se gosto, não preciso ficar gritando para o mundo ouvir. O mundo já está farto de gritos.

Mas está farto de gritos ao léu. Desses de conversas fiadas que as pessoas elegem o sentimento da noite. O mundo está farto de gritos de sentimentos insensíveis. Precisando de gritos assim, fortes, iguais aqueles que eu sinto.

Mas não dá. Como disse, às vezes sinto como se não estivesse falando para minha geração. Vou vivendo assim, obedecendo as regras, aprendendo a me adequar e de vez em quando dando espasmos de sentimentos.
A única coisa que eu quero, é ensinar as pessoas de que quando as escolhi, não precise ficar fazendo chamada todos os dias pra saber se elas ainda encontram-se presentes, que não fugiram do coração.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Foi e Volta

Foi. Ficou num broche, numa caixa, numa fronha, numa blusa, num cheiro. Deixou vestígios na internet, no pensamento, na rotina, no sentimento. Abriu um espaço, de um tamanho que não passa o seu espaçosismo. Ficou apertado, mesmo com o espaço.
Apertou o coração.

quinta-feira, novembro 27, 2008

O peso de uma nada invisível

Seqüelas de um ferimento causado há gerações atras, um medo que foi passado de dna por dna, preferindo o refúgio egoísta ao compartilhamento de uma dor fria e calada.
Aquilo tinha sido o que restara daquela guerra que todos já diziam que tinha terminado. Mas cálculos e pesquisas não bastavam pra analisar as conseqüências que restaram durante todos esses tempo que viveram e que viveriam.
Um mal que, felizmente, devido à própria guerra, não crescia em progressão geométrica. Pois a mesma era um dos efeitos colaterais inexistentes. O mal necessário que o mal não necessário tinha evitado.
O efeito de uma borboleta armada de granadas e fuzis que bate suas asas de fuga num canto ecoa durante infinitos espaços até causar cada vez mais desgosto.
A solução: Destruir, com outra guerra, tudo que sobrou daquela. A guerra de si contra si mesmo. Uma guerra que tem um resultado totalmente parcial e concreto. A morte.

quinta-feira, novembro 13, 2008

Parto

Ele já está sem com preguiça de mergulhar em personagens, pensar como os outros e com vontade de falar de si. O medo do refúgio é o que ele teme. Teme o medo, sente medo de ter medo de algo que não o faria sentir medo. Mas ele não tem medo de nada, teme o fato de não ter medo por saber que não tem medo disso. Teme o temor que as pessoas temem que terão. Teme a coragem que o invade quando já não sente mais medo. Pronto, assumiu um papel que é dele, que sente e não teme. Eis que o papel que ele assumiu é o mais medroso de todas as suas histórias medrosas de pessoas corajosas que temem os medos dos outros. Sabe que temer é a parte mais difícil do medo, que o resto é só capricho de perfeccionistas que sabem que são corajosos. Sabe que o medo está em todo o lugar, que seu personagem é tão medroso quanto todos aqueles corajosos que criou em sua cabeça, sabe que o medroso de hoje é o corajoso covarde de amanhã, sabe que o corajoso de hoje, é o desconhecido de amanhã. Sabe que quem desconhece o medo é porque não vive uma vida corajosa. Eis que chega o momento de mergulhar em um abismo de novas sensações suicidas, de medos e coragens, de atitudes e omissões. Corre para o mundo que sempre se escondeu e que sempre foi camuflado de mundo real. Tirou a fantasia, ficou a mesma coisa, correu, correu mais, a vontade foi aumentando e a visão clareando, era sua vida bem na sua frente da maneira como ele mesmo sonhou, que venham os medos, já era corajoso o suficiente para enfrenta-los. Correu agora com toda força e pulou. Caiu, caiu e caiu numa gravidade que desconhecia e sabia muito bem pra qual chão iria lhe levar. Fora a melhor história que ele viveria.

foi.

Acordou, atendeu, desligou, levantou, banhou, vestiu, falou, desceu, tomou, comeu, tomou, subiu, escovou, vestiu, desceu, saiu, entrou, sentou, ouviu, viu, sentiu, telefonou, sorriu, pensou, pensou, pensou, falou, chegou, parou, desceu, fechou, subiu, apertou, entrou, apertou, esperou, saiu, pegou, colocou, girou, abriu, ligou, fechou, colocou, girou, andou, colocou, ligou, pensou, reclamou, sentou, pensou, viu, pensou, pensou, parou e escreveu.

sábado, agosto 30, 2008

E a viagem continua

A vida é cheia de caminhos, estradas, vilas, curvas, retas, viadutos, pontes... Como se na hora em que nascemos entramos no carro do papai e da mamãe e vamos seguindo viagem com eles. Aprendemos a ver o mundo da janela daquele carro, ouvindo o que eles dizem sobre as cidades, as ruas, os amigos que eles encontram a cada parada. Depois vamos crescendo e aprendendo alguns caminhos, vendo que se eu dobrar pra esquerda naquele cruzamento vai ser melhor do que eu dobrar pra direita. Mas ainda somos novos, a estrada é longa e nem sempre sabemos ao certo onde dobrar, ou nem mesmo se devemos ir em frente. O tempo passa e acabamos não ficando preso àquele carro, pegamos ônibus, carona, andamos de bicicleta. A viagem agora parece ser muito mais divertida, descobrimos muitos outros caminhos pra chegar no mesmo lugar. Ou não.
Depois que começamos a dirigir nosso próprio carro tudo fica mais difícil. Aqueles que nos guiaram por muito tempo temem essa estrada, nela existem muitos buracos, bêbados, blitzes, mendigos, pedestres e postes. Algumas vezes temos que dar com a cara no poste pra aprender a não correr tanto, se o caminho é longo, nos exige pressa, mas precisamos de radares. Os carros mudam, uns mais rápidos e outros mais lentos. Por muitas vezes damos carona, pegamos carona. Subimos em ônibus cheios de pessoas diferentes, descemos, subimos...
A viagem nunca é constante.
A idade vai passando e o vento não balança mais tantos cabelos, o óculos não faz mais os olhos arderem, o ar-condicionado já dói nos ossos e a velocidade é cada vez menor. O carro quebra, trocam-se as peças, algumas já não vendem mais. Nunca venderam, são únicas.
Vamos vendo cada vez mais acidentes, nossos motoristas do início da viagem já pararam. Já começamos a guiar outros pequenos passageiros, começamos a ensinar o mundo para que, quando eles tenham seus próprios carros, errem do mesmo jeito que erramos. Porque viagem boa, é aquela que dá saudade.

quarta-feira, agosto 27, 2008

É hora de partir

Estou pronto, foi árduo o trabalho de organizar tudo, nada mais pode me prender. A viagem vai ser difícil, o caminho não é tão longo, mas parece demorar séculos. Justo na hora que o que eu mais preciso é ser rápido tudo parece ser tão devagar. Ando o mais rápido que posso.

Corro.

Pessoas se metem na minha frente, o celular toca, o chefe pede para que eu não vá, que aguarde algum tempo, pode ser uma decisão precipitada, pode ser que não seja de verdade, mas não dá mais pra aguentar, eu clamo por isso, meu corpo necessita disso, minha mente me manda fazer isso. Se parar no meio do caminho está tudo perdido.

Acelero o que posso, tiro fino de tudo que está próximo ao meu trajeto, dobro no corredor e lá está a porta que sonho que aliviará todas as minhas angústias e sofrimentos. Só me resta alguns passos, parece que vou conseguir sem me ferir. Prefiro não falar com ninguém, vou de uma vez só, sem paradas, sem acenos ou conversas. Eu sei que quando chegar lá as coisas não serão tão fáceis como aqui, vou suar, vou pensar, poderei analisar tudo o que anda acontecendo comigo, em suma, vai ser bom. No final vai acabar bem, sei que vou ficar mais aliviado, conseguirei sair limpo de lá. Eu sei que sim!

Está trancada! Não posso fazer escândalo. Penso, ando, espero que tenha alguma resposta para aquele incidente. Como assim, justo naquela hora? Surge uma voz lá de dentro, barulhos familiares. Já não aguento mais tanta espera, vou acabar fazendo uma besteira.
Eis que a porta se abre. Finalmente. Lá vou eu em minha viagem...

Tapem seus narizes e me esqueçam, o ato de cagar, pra mim, é sagrado.

segunda-feira, agosto 25, 2008

A Salvação

Quando foi anunciada a invenção da máquina do tempo, todos ficaram loucos para conhece-la, pessoas do mundo todo queriam saber onde estava, quem tinha inventado, qual era o tamanho, quanto de energia ela gastava, quanto custaria uma passagem, o que aconteceria se aquilo se tornasse normal, quanto universos existiriam se um milhão de pessoas viajassem no tempo? Essas eram umas das várias perguntas que o mundo se fazia.
Na escola, começaram a surgir matérias falando só sobre a máquina do tempo em sua teoria, faculdades de física explodiram pelo mundo numa intensidade muito maior que as de direito no Brasil, contadores, médicos, farmacêuticos, motoristas e policiais estavam se suicidando.
De repente, o mundo dividiu-se em pró e contra à máquina do tempo. ONG's e governos se mobilizaram a assumir um lado. Religiosos faziam ataques terroristas aos supostos países que poderiam obter a tecnologia para funciona-la. O caos tomou proporções de vilas até continentes inteiros divididos. Limites territoriais já não existiam mais, a opinião fez surgir países menores que uma piscina olímpica.
Novamente o mundo tinha virado bipolar. A população passou de 12 bilhões para 3 bilhões devido às guerras. E a máquina ainda não tinha nem começado à funcionar.
Testes e mais testes, guerras e mais guerras fizeram o lançamento ser adiado por décadas.
Então, quando chegara a hora marcada, quando finalmente a máquina seria lançada, quando aquele projeto ultra-secreto seria revelado...

Descobrira-se que era uma bomba nuclear devastadora, que destruiria o mundo inteiro e levava uma única pessoa à exatamente um dia antes da invenção ser anunciada para destruí-la.

sábado, agosto 23, 2008

Uma música feita para uma caneta marca texto

Uma vez o peta disse que não disse nada, que tudo que tinham falado era invenção da mídia e que ele tinha sido escolhido para ser o laranja do ibope.

Xanéu nº 5

A minha tv não se conteve
Atrevida passou a ter vida
Olhando pra mim.

Assistindo a todos os meus segredos,
minhas parcerias, dúvidas, medos,
Minha tv não obedece.

Não quer mais passar novela, sonha um dia em ser janela e não quer mais ficar no ar. Não quer papo com a antena nem saber se vale a pena ver de novo tudo que já vi.

Vi.

A minha TV não se esquece nem do preço nem da prece que faço pra mesma funcionar. Me disse que se rende à internet em suma não se submete a nada pra me informar.

Não quis mais saber de festa não pensou em ser honesta funcionando quando precisei. A notícia que esperava consegui na madrugada num site, flickr, blog, fotolog que acessei.

A minha tv tá louca, me mandou calar a boca e não tirar a bunda do sofá. Mas eu sou facinho de marré-de-sí, se a maré subir eu vou me levantar. Não quero saber se é a cabo nem se minha assinatura vai mudar tudo que aprendi,
triste o fim do seriado, um bocado magoado sem saber o que será de mim.


Ela não SAP quem eu sou,
Ela não fala a minha lingua.
(x4) (She don't speak my tongue)

Não.
"Pô tô cansado de toda essa merda que eles mostram na televisão todo dia mano, não aguento mais, é foda!"

Manda bala Fernando...

Enquanto pessoas perguntam por que, outras pessoas perguntam por que não?
Até porque não acredito no que é dito, no que é visto.
Acesso é poder e o poder é a informação. Qualquer palavra satisfaz. A garota, o rapaz e a paz quem traz, tanto faz. O valor é temporário, o amor imaginário e a festa é um perjúrio. Um minuto de silêncio é um minuto reservado de murmúrio, de anestesia. O sistema é nervoso e te acalma com a programação do dia, com a narrativa. A vida ingrata de quem acha que é notícia, de quem acha que é momento, na tua tela querem ensinar a fazer comida uma nação que não tem ovo na panela, que não tem gesto, quem tem medo assimila toda forma de expressão como protesto.

Falou e disse...

Num passado remoto perdi meu controle...
Num passado remoto perdi meu controle...

Num passado remoto...

Era vida em preto e branco, quase nunca colorida reprisando coisas que não fiz, finalmente se acabando feito longa, feito curta que termina com final feliz..

Ela não SAP quem eu sou,
Ela não fala a minha língua.

Ela não SAP quem eu sou,
(Sabe nada...)
Ela não fala a minha língua.

Ela não SAP quem eu sou,
Ela não fala a minha língua.
(Quem te viu, pay-per-view.)

Ela não SAP quem eu sou,
Ela não fala a minha língua.

Eu não sei se pay-per-view ou se quem viu tudo fui eu.
(x2)

A minha tv tá louca.

quarta-feira, agosto 20, 2008

Entre o céu e o asfalto

Fora como uma rodoviária.
Barulhento, barato, uma longa viagem. Meio que de repente eles tinham escolhido embarcar naquele ônibus, com um destino certo pra algum lugar que eles não conheciam, mas que iriam se adaptando conforme a viagem percorria. De escalas em escalas, na estrada da convivência, as paradas eram muitas. Bares, festas, casas, bebidas, brigas, esquinas, choros, porres, brigas, orelhões, celulares, motéis, esquinas, calçadas, bares, lachonetes... Eles sabiam que a viagem poderia ser longa, bastava que nenhum dos dois descesse antes do planejado. E eles conseguiam, com muita parceria, empréstimos de cobertor, vigilâncias de porta de banheiro, despertadores mútuos e conversas, nunca tinha passado pela cabeça deles sair daquela viagem. A paisagem era linda, a cada novo lugar tudo era diferente, estavam se descobrindo a cada quilômetro. Muito barulho, muita gritaria, pneu furado, suor, gemido e lágrimas. Fazia parte, eles tinham escolhido o ônibus. A viagem poderia durar mais que o previsto pois a rota poderia mudar, o motorista mudava de caminhos sem avisar. E ái deles que não estivessem preparados. A estrada tinha buracos e os deixavam enjoados, mas um sempre tinha algum saquinho de vômito para dar para o outro.
Meses se passaram e a viagem não era mais tão legal como antes. Os fetiches, as brincadeiras, as sacanagens que eles achavam que ninguém via, já não tinham mais tanta graça. Porém o medo de não ter mais cobertor, o medo de não ter com quem comentar o pôr-do-sol visto da janela, as nuvens, as pedras com formas engraçadas, isso os deixavam muito mais próximos.
Eis que então, numa das escalas, aquela que eles mais temiam - Trabalho. Ela têve que abandonar aquele ônibus. Tudo já contribuia pra isso, ela já não estava mais com todas as certezas que tinha antes, achava que ele já tinha brincado com outras passageiras e estava cheia de dúvidas.
Pegaram outro ônibus, no caminho inverso, com destino ao Aeroporto.
Aquela fora a pior viagem de suas vidas! Uma péssima estrada, muito enjôo, sem brincadeirinhas e sacanagens debaixo do cobertor, muitos vômitos, gritaria e porradas. Enfim chegaram.
No aeroporto tudo era diferente, o oposto da rodoviária.
Silêncio, caro, descartável, rostos sem ansiedade, todos a espera de uma viagem rápida que os levassem logo pra longe daqueles problemas.
Ele no clima de rodoviária e ela já no clima de aeroporto. Se despediram num abraço um tanto rodoviário e um tanto aeroportuário. Um vai-não-vai, um falo-não-falo, mais uns fica-não-fica e acabou que ela foi.
Se ele estivesse na rodoviária, gritaria, espernearia, pularia as fitas de proteção, sairia correndo atras dela. Mas não, não podia. Lá tinham seguranças grandes e detectores de metáis.

Ela foi, num vôo rápido e pra sempre. Ele ficou, numa viagem longa e passageira de saudades.

quinta-feira, junho 19, 2008

Casamento de Sangue

Os dias são os de hoje, a época é a mesma que a nossa, os costumes, a cultura. São os mesmos que criamos nossos filhos, porém tem algo diferente.
Um nasceu livre, com um mundo inteiro pra correr na velocidade que quisesse, nasceu livre para não se preocupar com coisa alguma nem com alguém. O outro já nasceu no mundo do Um, nasceu grudado a ele um ano depois, na sua vida nunca existiu a palavra 'sozinho'.
Assim que o Outro nasceu os dois se casaram. O casamento não foi algo extremamente luxuoso ou festivo, foi um casamento simples com seus devidos cerimoniais de praxe.
Eles foram indo, vivendo casados, um não imaginava a vida sem o outro - e vice-e-versa. Cresceram juntos como todo casal, enfrentando momentos difíceis, momentos bons, brigas e felicidades. Nunca se desgrudavam, enjoaram-se um do outro inúmeras vezes e, nem por isso, se separaram.
Hoje em dia Um conhece o Outro mais até que si mesmo. Isso pode ser também a causa de muitos problemas, onde pensam que conhecem mais o outro e acabam esquecendo que de vez em quando se erra e o outro de vez em sempre muda.
Só que é imutável, todo casamento acaba um dia, assim como tudo na vida. Mesmo que a cada dia o amor entre eles fortaleça, eles sabem que a cada dia o fim do casamento se aproxima. Um dia cada um vai arranjar uma esposa, filhos, viver sua própria vida Um longe do Outro. Eles terão que seguir seus caminhos, não poderão viver juntos para o resto da vida, eles são diferentes demais pra isso.
Mas eles continuarão os irmãos que sempre foram, casados ou não, dormindo ou não no mesmo quarto, continuarão aprendendo um com o outro porque o amor deles é muito forte para uma separação.

quarta-feira, junho 18, 2008

Máxima e Mínima

Belém deu tchau às estações do ano!
Tá, por mais que Belém seja famosa por chover o ano inteiro e ter muitas mangueiras, é fato que no período de Junho à Agosto a chuva da uma boa trégua. Eu digo com muita certeza, há anos eu reparo no clima dessa cidade, nas chuvas, na temperatura, na apresentadora - que é sempre a mais bonita - do clima na tv... Quase tudo! E digo com muita certeza que Belém ta diferente esse ano.
Aquecimento global de cu é rola, porque chuvinha à noite e de manhã é coisa de início de ano, 24 graus nem rola.
Hoje foi chuva o dia inteiro, desde ontem à noitinha. Ela deu uma trégua de no máximo duas horas e lá veio ela de novo! Agora parou - ou ta chuviscando beeem fraquinho - e não duvido que volte a chover mais tarde.
É por isso que eu sempre digo que 2008 ta dando uma forra, com chuva o ano inteiro, temperaturas amenas de vez em quando e milhões de outras coisas mais.

Então que venha Julho, Julho é diferente de qualquer outro mês, tudo diferente, e vamo ver qual é o papo de 2008

domingo, junho 15, 2008

Capítulo 3: Meus 20 anos

Um dia, quando eu for um velho já bem-sucedido que não trabalha tanto, viaja bastante, conhece muita gente e não liga muito pra que os outros pensam, vou escrever um livro sobre os domingos.

Mas pra isso eu preciso de memória, porque histórias eu já tenho. Na verdade, o domingo, em 90% das vezes se faz em consequencia do sábado. O sábado é um dia cheio, rápido e conturbado, o domingo é um dia cheio também, demorado e sonolento.
Cheio de pensamentos, cheio de cama, cadeira, céu, água, família, tv, computador, pensamentos e vazio. Domingo é dia de ficar só, é dia de não falar muito, é dia de olhar e não conversar. Domingo tem ressaca, moral ou não. Vergonha combina com domingo.
Isso é esse domingo. Domingo não é sempre assim, eu sei. Se eu sei de uma coisa, é que os meus domingos vão mudar com o tempo, assim como já mudaram.
Quando for fazer o livro, quero lembrar desse domingo, que demorou muito, que não quer acabar, dolorido pelas pernas e cheio de pensamentos. Domingo é um dia bom pra decidir um monte de coisa. Hoje eu decidi. Quero uma memória boa pra lembrar dessas decisões um tanto indecisas e poder divagar sobre as consequencias delas. Não quero mais um monte de coisa e quero mais outro monte.
Agora é hora de encarar a segunda e começar a por em prática as decisões.

terça-feira, junho 10, 2008

Finito infinitável

Um defeito ou uma qualidade? É questão de ponto de vista ou uma característica marcante? Só sei que não sei terminar as coisas.
Durante uma viagem cansativa e sonolenta fiz aquela breve reflexão sobre a vida que aquele clima de estrada nos proporciona e reparei no quanto tenho coisas inacabadas, mal acabadas, projetos não concluídos, sonhos realizados pela metade, desejos mais ou menos satisfeitos...
Desde aquela vontade de ter um grupo de teatro, fazer uma peça ao trabalho da universidade e ao caixa que não bate todos os dias.
Sempre tá faltando alguma coisinha, sempre tem algo que impede de ir até o final, sempre tem eu que não consigo ir até o final, sempre tem a minha vida e de todos ao meu redor super desorganizada.
Não finalizar as coisas é uma arte, é a arte de deixar sempre aquela lembrança, é aquele vontade de não se livrar de algo por puro gosto ou simplismente preguiça. É ver uma pedaço da vida e lembrar que tem milhões de coisas pra terminar no pedaço anterior e imaginar o quanto ainda vou poder deixar no pedaço que vem.
Por ser alguém totalmente sem memória e totalmente nostálgico, gosto de ter em mim a falta de algo que, por ser a falta, é a sobra. Sobra de amores, sobra de paixões, sobra de deveres, sobra de decisões, sobra de ações, sobra de deveres de casa, sobra de trabalho, sobra de sono, sobra de sonhos...
Eu já consegui terminar algumas coisas, mas é chato. É chato porque depois de termina-las, da vontade de jogar fora, da vontade de esquecer, da vontade que aquilo não ocupe mais espaço porque, se está terminado, não precisarei de novo.
Quero tudo pra sempre comigo, quero poder abraçar tudo aquilo que acho que ainda me pertence, quero poder ter que inventar coisas nas coisas já terminadas só pra deixa-las incompletas.
Na viagem, acabei por decidir que gosto de não terminar as coisas, não é nem uma característica marcante, nem um ponto de vista, nem defeito nem qualidade. Sou eu. E eu vou assim, de um jeito meu de ir, terminando as coisas incompletas que não tem fim e nem ponto final...

segunda-feira, junho 09, 2008

Já pensou nisso?

Tenho algumas características bem fortes que provavelmente só eu seio quão fortes são. Uma é pensar bastaaante antes de falar algo e a outra é odiar bastaaante quando alguém me manda ou pede pra fazer algo que eu já tinha pensado em fazer. De tanto ter essas características tão forte eu acabei por criar outra que está se tornando mais forte ainda: a de falar o que eu estava pensando.
Há algum tempo que comecei a reparar nisso e a cada vez eu comprovo que estou ficando mais maníaco!
Ta se tornando um vício desnecessário, alguém fala que hoje está quente e eu digo "pois é, estava pensando nisso"; alguém fala sobre algum programa de tv e eu comento "é, já tinha pensado nisso"; eu e outra pessoa olhamos para o mesmo lugar, consequentemente acabamos pensando na mesma coisa e, enquanto eu penso, essa pessoa fala algo e eu digo que estava pensando a mesma coisa que ela.
É muito chato porque eu acho que já estou falando sem pensar e acabo dizendo que já estava pensando em tudo, mesmo sem pensar. Virou tipo um "cara", que eu falo no começo de cada frase.
Fora que vão acabar pensando que eu sou mentiroso, por mais que não seja mentira e nem possa se considerar uma mentira de verdade, de tão insuportável, vou acabar ficando mal visto pela sociedade.

Esse post ficou meio perdido porque, como eu já estava pensando, meu horário de descanso acabaria antes de eu terminar esse texto.

domingo, junho 01, 2008

Maldito Chocolate

Eram 18 horas passadas de um domingo chuvoso e moralmente ressaquiado. Ele comia pringles deitado no sofá lendo o jornal de sexta. Ela comia brigadeiro andando pela casa à espera de um telefonema.
Ele pensava que ela não pensava que ele pensava sobre ela, mas ela pensava. E pensava muito! A quantidade de pensamento era diretamente proporcional à quantidade de colheres cheias de brigadeiros no dia. A quantidade de medo que ele tinha era inversamente proporcional à vontade que ele tinha de saber as notícias de sexta. Tudo o que ele queria era estar com ela, abraça-la, beija-la... Mas tinha medo. Tinha medo dela, tinha medo dos pensamentos dela, tinha medo dos olhares dela (e da ausência deles), tinha medo daquele brigadeiro dela que tanto multiplicava sua raiva por ele.
Aquele brigadeiro... Aquele brigadeiro, pra ele, era o catalisador de qualquer estresse que ela tinha, era o que sensibilizava cada pensamento desconfiado, cada devaneio inseguro. Aquele brigadeiro já não exercia mais uma função de brigadeiro pra ela, ele era um companheiro, era um amigo, era aquele amigo gay que a entendia sem que ela falasse o que sentia. E mais: fazia o que ela mais queria naquele domingo, por a culpa nele. O brigadeiro era um dedo-duro, falava pra ela inconscientemente que o rapaz do jornal atrasado era um chato, insensível, feio e cheio de defeitos. E um desses defeitos era deixar ela comer aquele brigadeiro.
Ele sabia muito bem - mesmo que ela nunca tivesse dito, ele tinha que saber! - que aquele brigadeiro fazia mal pra ela, que ela não podia comer porque estava de dieta, que ela tem alergia à nescau, que ela odeia leite condensado que não é leite moça! Mesmo assim aquele canalha continuava fazendo ela ter vontade de comer aquele brigadeiro traidor!

Depois dela acabar a segunda panela, ele ligou. Ela não atendeu, muito puta por ele só ter ligado agora - depois da segunda panela, po!! - ela foi fazer mais um pouco. Ela já estava dependente daquele viadinho moreninho e docinho.

Ele ligou de novo. Ela já estava chorando sobre a panela e atendeu.

- Ooooi, e aiii?
- E aqui o que?
- Como cê ta? Tá fazendo o que?
- To bem.
- To com saudade, vamo fazer alguma coisa?

Como ele tem coragem?? Ela já estava com o botão do short aberto e ele queria vê-la?! Ela estava muito feia, com a cara inchada...

- Passa aqui, quero falar contigo.
- Nossa, eu também, depois que eu sai daí ontem aconteceu um negócio muuito bizarro.
- Ta, traz um diamante negro pra mim.

Pronto, ela já tinha como por a culpa nele. O resto do Domingo foi normal, chuvoso e mais uma vez eles conseguiram se despedir com aquele risinho feliz no rosto.

domingo, maio 25, 2008

100 anos para salvar o mundo

Me enrolo em palavras e laço-me em dúvidas. Correntes de perguntas me prendem ao que eu nunca pensei em ser, o vento é frio, a garganta é seca, o suor é quente e o aperto é forte. Não sei o que é isso, não sabes o que é isso, eles não sabem, ninguém vai saber! Ficará escondido em cada toque, em cada olhar... Ficará perdido em todos os sentimentos, nas saudades, nas palavras, no sonhar...
Deixemos o mistério nos guiar pelo caminho há muito tempo já conhecido. Que nos entregamos à dúvida da certeza e que nos surpreendamos com tudo aquilo que já vimos antes.

quinta-feira, abril 24, 2008

Um chopp? Não, uma água por favor

à vezes eu me canso de mim mesmo, não me canso por completo, mas me canso de algumas coisas... Me canso de algumas atitudes, me canso da aparência, me canso das pessoas que eu costumo me cansar, me canso de cansar das pessoas...
Cansaço é algo que vem de coisas que temos estado repetindo já com certa dificuldade. Me canso das minhas atitudes com alta frequência, canso fácil, pois rápidamente meu corpo não aguenta muitas repetições, canso fácil do marasmo.
Minha aparência me cansa pelo simples fato de não ser a mesma, mesmo querendo que seja. E, quando é, acabo me cansando dela também. Não é um cansaço muito cansativo porque demoro a sentir essa fadiga, tenho um fôlego bom quando o assunto é aparência. Mas canso.
Me canso das pessoas porque se elas não mudam do mesmo jeito que eu mudo eu acabo me cansando por elas não mudarem. Canso muito das pessoas! Mas ao mesmo tempo que elas me cansam, elas me dão muito fôlego! Um fôlego absurdo! São tão revigorantes quanto àquela água gelada no final da corrida, trazem meu fôlego de volta ao mesmo tempo que o tiram de mim, um mal necessário para a minha sobrevivência. E pelo fato delas serem esse mal necessário, me canso de cansar delas, porque não era pra cansar, mas eu canso.
Tem muita coisa que me cansa, mas não estou cansado. Tem muita coisa que me dá fôlego, que me joga pra cima, que me refresca, que me massageia, que me faz não sentir dor. E sou um cara descansado.

quinta-feira, abril 17, 2008

Notícias diferentes de um cotidiano

Tenho acordado tarde ultimamente. Não é por preguiça, quero dizer, a preguiça não é o fator principal. É pelo simples fato de eu não ter que acordar cedo por não ter o que fazer cedo. E isso está me deixando muito preguiçoso e alterando todo meu sistema biológico acostumado a acordar cedo e dormir tarde. Sabe aquela velha história de quanto mais se dorme, mais a vontade de dormir aumenta.
Tenho um problema sério com sono! Tenho um sono totalmente revoltado com meu estilo de vida e costumo cochilar e querer ir pra cama nos momentos mais impróprios. E vice-versa. E agora ele já estava até se acostumando com a minha vida...
Estou tentando acordar quinze minutos mais cedo todos os dias até conseguir voltar a acordar às seis e meia da manhã como era de costume.

Hoje dei bom dia ao meu irmão quando eu acordei. Já é um bom passo pra voltar a ser feliz quando acordar, mesmo que o meu irmão pense que eu estou louco ou virando fresco. Hoje não tomei café da manhã e durante essa semana eu descobri eu gosto MUITO do meu trabalho! E é um 'MUITO' assim mesmo, com caps lock ativado e bem extravagante. Essa foi a descoberta. Eu sempre soube que gostava do meu trabalho, mas não sabia que era tanto assim.
Passei a semana sem ter que fazer muita coisa e hoje eu tenho trabalho pra caramba, mas estou com preguiça porque tenho acordado muito tarde ultimamente. Mas como eu gosto MUITO do meu trabalho eu vou faze-lo com todo o amor e qualidade a mim exigidos.