sábado, agosto 30, 2008

E a viagem continua

A vida é cheia de caminhos, estradas, vilas, curvas, retas, viadutos, pontes... Como se na hora em que nascemos entramos no carro do papai e da mamãe e vamos seguindo viagem com eles. Aprendemos a ver o mundo da janela daquele carro, ouvindo o que eles dizem sobre as cidades, as ruas, os amigos que eles encontram a cada parada. Depois vamos crescendo e aprendendo alguns caminhos, vendo que se eu dobrar pra esquerda naquele cruzamento vai ser melhor do que eu dobrar pra direita. Mas ainda somos novos, a estrada é longa e nem sempre sabemos ao certo onde dobrar, ou nem mesmo se devemos ir em frente. O tempo passa e acabamos não ficando preso àquele carro, pegamos ônibus, carona, andamos de bicicleta. A viagem agora parece ser muito mais divertida, descobrimos muitos outros caminhos pra chegar no mesmo lugar. Ou não.
Depois que começamos a dirigir nosso próprio carro tudo fica mais difícil. Aqueles que nos guiaram por muito tempo temem essa estrada, nela existem muitos buracos, bêbados, blitzes, mendigos, pedestres e postes. Algumas vezes temos que dar com a cara no poste pra aprender a não correr tanto, se o caminho é longo, nos exige pressa, mas precisamos de radares. Os carros mudam, uns mais rápidos e outros mais lentos. Por muitas vezes damos carona, pegamos carona. Subimos em ônibus cheios de pessoas diferentes, descemos, subimos...
A viagem nunca é constante.
A idade vai passando e o vento não balança mais tantos cabelos, o óculos não faz mais os olhos arderem, o ar-condicionado já dói nos ossos e a velocidade é cada vez menor. O carro quebra, trocam-se as peças, algumas já não vendem mais. Nunca venderam, são únicas.
Vamos vendo cada vez mais acidentes, nossos motoristas do início da viagem já pararam. Já começamos a guiar outros pequenos passageiros, começamos a ensinar o mundo para que, quando eles tenham seus próprios carros, errem do mesmo jeito que erramos. Porque viagem boa, é aquela que dá saudade.

quarta-feira, agosto 27, 2008

É hora de partir

Estou pronto, foi árduo o trabalho de organizar tudo, nada mais pode me prender. A viagem vai ser difícil, o caminho não é tão longo, mas parece demorar séculos. Justo na hora que o que eu mais preciso é ser rápido tudo parece ser tão devagar. Ando o mais rápido que posso.

Corro.

Pessoas se metem na minha frente, o celular toca, o chefe pede para que eu não vá, que aguarde algum tempo, pode ser uma decisão precipitada, pode ser que não seja de verdade, mas não dá mais pra aguentar, eu clamo por isso, meu corpo necessita disso, minha mente me manda fazer isso. Se parar no meio do caminho está tudo perdido.

Acelero o que posso, tiro fino de tudo que está próximo ao meu trajeto, dobro no corredor e lá está a porta que sonho que aliviará todas as minhas angústias e sofrimentos. Só me resta alguns passos, parece que vou conseguir sem me ferir. Prefiro não falar com ninguém, vou de uma vez só, sem paradas, sem acenos ou conversas. Eu sei que quando chegar lá as coisas não serão tão fáceis como aqui, vou suar, vou pensar, poderei analisar tudo o que anda acontecendo comigo, em suma, vai ser bom. No final vai acabar bem, sei que vou ficar mais aliviado, conseguirei sair limpo de lá. Eu sei que sim!

Está trancada! Não posso fazer escândalo. Penso, ando, espero que tenha alguma resposta para aquele incidente. Como assim, justo naquela hora? Surge uma voz lá de dentro, barulhos familiares. Já não aguento mais tanta espera, vou acabar fazendo uma besteira.
Eis que a porta se abre. Finalmente. Lá vou eu em minha viagem...

Tapem seus narizes e me esqueçam, o ato de cagar, pra mim, é sagrado.

segunda-feira, agosto 25, 2008

A Salvação

Quando foi anunciada a invenção da máquina do tempo, todos ficaram loucos para conhece-la, pessoas do mundo todo queriam saber onde estava, quem tinha inventado, qual era o tamanho, quanto de energia ela gastava, quanto custaria uma passagem, o que aconteceria se aquilo se tornasse normal, quanto universos existiriam se um milhão de pessoas viajassem no tempo? Essas eram umas das várias perguntas que o mundo se fazia.
Na escola, começaram a surgir matérias falando só sobre a máquina do tempo em sua teoria, faculdades de física explodiram pelo mundo numa intensidade muito maior que as de direito no Brasil, contadores, médicos, farmacêuticos, motoristas e policiais estavam se suicidando.
De repente, o mundo dividiu-se em pró e contra à máquina do tempo. ONG's e governos se mobilizaram a assumir um lado. Religiosos faziam ataques terroristas aos supostos países que poderiam obter a tecnologia para funciona-la. O caos tomou proporções de vilas até continentes inteiros divididos. Limites territoriais já não existiam mais, a opinião fez surgir países menores que uma piscina olímpica.
Novamente o mundo tinha virado bipolar. A população passou de 12 bilhões para 3 bilhões devido às guerras. E a máquina ainda não tinha nem começado à funcionar.
Testes e mais testes, guerras e mais guerras fizeram o lançamento ser adiado por décadas.
Então, quando chegara a hora marcada, quando finalmente a máquina seria lançada, quando aquele projeto ultra-secreto seria revelado...

Descobrira-se que era uma bomba nuclear devastadora, que destruiria o mundo inteiro e levava uma única pessoa à exatamente um dia antes da invenção ser anunciada para destruí-la.

sábado, agosto 23, 2008

Uma música feita para uma caneta marca texto

Uma vez o peta disse que não disse nada, que tudo que tinham falado era invenção da mídia e que ele tinha sido escolhido para ser o laranja do ibope.

Xanéu nº 5

A minha tv não se conteve
Atrevida passou a ter vida
Olhando pra mim.

Assistindo a todos os meus segredos,
minhas parcerias, dúvidas, medos,
Minha tv não obedece.

Não quer mais passar novela, sonha um dia em ser janela e não quer mais ficar no ar. Não quer papo com a antena nem saber se vale a pena ver de novo tudo que já vi.

Vi.

A minha TV não se esquece nem do preço nem da prece que faço pra mesma funcionar. Me disse que se rende à internet em suma não se submete a nada pra me informar.

Não quis mais saber de festa não pensou em ser honesta funcionando quando precisei. A notícia que esperava consegui na madrugada num site, flickr, blog, fotolog que acessei.

A minha tv tá louca, me mandou calar a boca e não tirar a bunda do sofá. Mas eu sou facinho de marré-de-sí, se a maré subir eu vou me levantar. Não quero saber se é a cabo nem se minha assinatura vai mudar tudo que aprendi,
triste o fim do seriado, um bocado magoado sem saber o que será de mim.


Ela não SAP quem eu sou,
Ela não fala a minha lingua.
(x4) (She don't speak my tongue)

Não.
"Pô tô cansado de toda essa merda que eles mostram na televisão todo dia mano, não aguento mais, é foda!"

Manda bala Fernando...

Enquanto pessoas perguntam por que, outras pessoas perguntam por que não?
Até porque não acredito no que é dito, no que é visto.
Acesso é poder e o poder é a informação. Qualquer palavra satisfaz. A garota, o rapaz e a paz quem traz, tanto faz. O valor é temporário, o amor imaginário e a festa é um perjúrio. Um minuto de silêncio é um minuto reservado de murmúrio, de anestesia. O sistema é nervoso e te acalma com a programação do dia, com a narrativa. A vida ingrata de quem acha que é notícia, de quem acha que é momento, na tua tela querem ensinar a fazer comida uma nação que não tem ovo na panela, que não tem gesto, quem tem medo assimila toda forma de expressão como protesto.

Falou e disse...

Num passado remoto perdi meu controle...
Num passado remoto perdi meu controle...

Num passado remoto...

Era vida em preto e branco, quase nunca colorida reprisando coisas que não fiz, finalmente se acabando feito longa, feito curta que termina com final feliz..

Ela não SAP quem eu sou,
Ela não fala a minha língua.

Ela não SAP quem eu sou,
(Sabe nada...)
Ela não fala a minha língua.

Ela não SAP quem eu sou,
Ela não fala a minha língua.
(Quem te viu, pay-per-view.)

Ela não SAP quem eu sou,
Ela não fala a minha língua.

Eu não sei se pay-per-view ou se quem viu tudo fui eu.
(x2)

A minha tv tá louca.

quarta-feira, agosto 20, 2008

Entre o céu e o asfalto

Fora como uma rodoviária.
Barulhento, barato, uma longa viagem. Meio que de repente eles tinham escolhido embarcar naquele ônibus, com um destino certo pra algum lugar que eles não conheciam, mas que iriam se adaptando conforme a viagem percorria. De escalas em escalas, na estrada da convivência, as paradas eram muitas. Bares, festas, casas, bebidas, brigas, esquinas, choros, porres, brigas, orelhões, celulares, motéis, esquinas, calçadas, bares, lachonetes... Eles sabiam que a viagem poderia ser longa, bastava que nenhum dos dois descesse antes do planejado. E eles conseguiam, com muita parceria, empréstimos de cobertor, vigilâncias de porta de banheiro, despertadores mútuos e conversas, nunca tinha passado pela cabeça deles sair daquela viagem. A paisagem era linda, a cada novo lugar tudo era diferente, estavam se descobrindo a cada quilômetro. Muito barulho, muita gritaria, pneu furado, suor, gemido e lágrimas. Fazia parte, eles tinham escolhido o ônibus. A viagem poderia durar mais que o previsto pois a rota poderia mudar, o motorista mudava de caminhos sem avisar. E ái deles que não estivessem preparados. A estrada tinha buracos e os deixavam enjoados, mas um sempre tinha algum saquinho de vômito para dar para o outro.
Meses se passaram e a viagem não era mais tão legal como antes. Os fetiches, as brincadeiras, as sacanagens que eles achavam que ninguém via, já não tinham mais tanta graça. Porém o medo de não ter mais cobertor, o medo de não ter com quem comentar o pôr-do-sol visto da janela, as nuvens, as pedras com formas engraçadas, isso os deixavam muito mais próximos.
Eis que então, numa das escalas, aquela que eles mais temiam - Trabalho. Ela têve que abandonar aquele ônibus. Tudo já contribuia pra isso, ela já não estava mais com todas as certezas que tinha antes, achava que ele já tinha brincado com outras passageiras e estava cheia de dúvidas.
Pegaram outro ônibus, no caminho inverso, com destino ao Aeroporto.
Aquela fora a pior viagem de suas vidas! Uma péssima estrada, muito enjôo, sem brincadeirinhas e sacanagens debaixo do cobertor, muitos vômitos, gritaria e porradas. Enfim chegaram.
No aeroporto tudo era diferente, o oposto da rodoviária.
Silêncio, caro, descartável, rostos sem ansiedade, todos a espera de uma viagem rápida que os levassem logo pra longe daqueles problemas.
Ele no clima de rodoviária e ela já no clima de aeroporto. Se despediram num abraço um tanto rodoviário e um tanto aeroportuário. Um vai-não-vai, um falo-não-falo, mais uns fica-não-fica e acabou que ela foi.
Se ele estivesse na rodoviária, gritaria, espernearia, pularia as fitas de proteção, sairia correndo atras dela. Mas não, não podia. Lá tinham seguranças grandes e detectores de metáis.

Ela foi, num vôo rápido e pra sempre. Ele ficou, numa viagem longa e passageira de saudades.

quinta-feira, junho 19, 2008

Casamento de Sangue

Os dias são os de hoje, a época é a mesma que a nossa, os costumes, a cultura. São os mesmos que criamos nossos filhos, porém tem algo diferente.
Um nasceu livre, com um mundo inteiro pra correr na velocidade que quisesse, nasceu livre para não se preocupar com coisa alguma nem com alguém. O outro já nasceu no mundo do Um, nasceu grudado a ele um ano depois, na sua vida nunca existiu a palavra 'sozinho'.
Assim que o Outro nasceu os dois se casaram. O casamento não foi algo extremamente luxuoso ou festivo, foi um casamento simples com seus devidos cerimoniais de praxe.
Eles foram indo, vivendo casados, um não imaginava a vida sem o outro - e vice-e-versa. Cresceram juntos como todo casal, enfrentando momentos difíceis, momentos bons, brigas e felicidades. Nunca se desgrudavam, enjoaram-se um do outro inúmeras vezes e, nem por isso, se separaram.
Hoje em dia Um conhece o Outro mais até que si mesmo. Isso pode ser também a causa de muitos problemas, onde pensam que conhecem mais o outro e acabam esquecendo que de vez em quando se erra e o outro de vez em sempre muda.
Só que é imutável, todo casamento acaba um dia, assim como tudo na vida. Mesmo que a cada dia o amor entre eles fortaleça, eles sabem que a cada dia o fim do casamento se aproxima. Um dia cada um vai arranjar uma esposa, filhos, viver sua própria vida Um longe do Outro. Eles terão que seguir seus caminhos, não poderão viver juntos para o resto da vida, eles são diferentes demais pra isso.
Mas eles continuarão os irmãos que sempre foram, casados ou não, dormindo ou não no mesmo quarto, continuarão aprendendo um com o outro porque o amor deles é muito forte para uma separação.

quarta-feira, junho 18, 2008

Máxima e Mínima

Belém deu tchau às estações do ano!
Tá, por mais que Belém seja famosa por chover o ano inteiro e ter muitas mangueiras, é fato que no período de Junho à Agosto a chuva da uma boa trégua. Eu digo com muita certeza, há anos eu reparo no clima dessa cidade, nas chuvas, na temperatura, na apresentadora - que é sempre a mais bonita - do clima na tv... Quase tudo! E digo com muita certeza que Belém ta diferente esse ano.
Aquecimento global de cu é rola, porque chuvinha à noite e de manhã é coisa de início de ano, 24 graus nem rola.
Hoje foi chuva o dia inteiro, desde ontem à noitinha. Ela deu uma trégua de no máximo duas horas e lá veio ela de novo! Agora parou - ou ta chuviscando beeem fraquinho - e não duvido que volte a chover mais tarde.
É por isso que eu sempre digo que 2008 ta dando uma forra, com chuva o ano inteiro, temperaturas amenas de vez em quando e milhões de outras coisas mais.

Então que venha Julho, Julho é diferente de qualquer outro mês, tudo diferente, e vamo ver qual é o papo de 2008

domingo, junho 15, 2008

Capítulo 3: Meus 20 anos

Um dia, quando eu for um velho já bem-sucedido que não trabalha tanto, viaja bastante, conhece muita gente e não liga muito pra que os outros pensam, vou escrever um livro sobre os domingos.

Mas pra isso eu preciso de memória, porque histórias eu já tenho. Na verdade, o domingo, em 90% das vezes se faz em consequencia do sábado. O sábado é um dia cheio, rápido e conturbado, o domingo é um dia cheio também, demorado e sonolento.
Cheio de pensamentos, cheio de cama, cadeira, céu, água, família, tv, computador, pensamentos e vazio. Domingo é dia de ficar só, é dia de não falar muito, é dia de olhar e não conversar. Domingo tem ressaca, moral ou não. Vergonha combina com domingo.
Isso é esse domingo. Domingo não é sempre assim, eu sei. Se eu sei de uma coisa, é que os meus domingos vão mudar com o tempo, assim como já mudaram.
Quando for fazer o livro, quero lembrar desse domingo, que demorou muito, que não quer acabar, dolorido pelas pernas e cheio de pensamentos. Domingo é um dia bom pra decidir um monte de coisa. Hoje eu decidi. Quero uma memória boa pra lembrar dessas decisões um tanto indecisas e poder divagar sobre as consequencias delas. Não quero mais um monte de coisa e quero mais outro monte.
Agora é hora de encarar a segunda e começar a por em prática as decisões.

terça-feira, junho 10, 2008

Finito infinitável

Um defeito ou uma qualidade? É questão de ponto de vista ou uma característica marcante? Só sei que não sei terminar as coisas.
Durante uma viagem cansativa e sonolenta fiz aquela breve reflexão sobre a vida que aquele clima de estrada nos proporciona e reparei no quanto tenho coisas inacabadas, mal acabadas, projetos não concluídos, sonhos realizados pela metade, desejos mais ou menos satisfeitos...
Desde aquela vontade de ter um grupo de teatro, fazer uma peça ao trabalho da universidade e ao caixa que não bate todos os dias.
Sempre tá faltando alguma coisinha, sempre tem algo que impede de ir até o final, sempre tem eu que não consigo ir até o final, sempre tem a minha vida e de todos ao meu redor super desorganizada.
Não finalizar as coisas é uma arte, é a arte de deixar sempre aquela lembrança, é aquele vontade de não se livrar de algo por puro gosto ou simplismente preguiça. É ver uma pedaço da vida e lembrar que tem milhões de coisas pra terminar no pedaço anterior e imaginar o quanto ainda vou poder deixar no pedaço que vem.
Por ser alguém totalmente sem memória e totalmente nostálgico, gosto de ter em mim a falta de algo que, por ser a falta, é a sobra. Sobra de amores, sobra de paixões, sobra de deveres, sobra de decisões, sobra de ações, sobra de deveres de casa, sobra de trabalho, sobra de sono, sobra de sonhos...
Eu já consegui terminar algumas coisas, mas é chato. É chato porque depois de termina-las, da vontade de jogar fora, da vontade de esquecer, da vontade que aquilo não ocupe mais espaço porque, se está terminado, não precisarei de novo.
Quero tudo pra sempre comigo, quero poder abraçar tudo aquilo que acho que ainda me pertence, quero poder ter que inventar coisas nas coisas já terminadas só pra deixa-las incompletas.
Na viagem, acabei por decidir que gosto de não terminar as coisas, não é nem uma característica marcante, nem um ponto de vista, nem defeito nem qualidade. Sou eu. E eu vou assim, de um jeito meu de ir, terminando as coisas incompletas que não tem fim e nem ponto final...

segunda-feira, junho 09, 2008

Já pensou nisso?

Tenho algumas características bem fortes que provavelmente só eu seio quão fortes são. Uma é pensar bastaaante antes de falar algo e a outra é odiar bastaaante quando alguém me manda ou pede pra fazer algo que eu já tinha pensado em fazer. De tanto ter essas características tão forte eu acabei por criar outra que está se tornando mais forte ainda: a de falar o que eu estava pensando.
Há algum tempo que comecei a reparar nisso e a cada vez eu comprovo que estou ficando mais maníaco!
Ta se tornando um vício desnecessário, alguém fala que hoje está quente e eu digo "pois é, estava pensando nisso"; alguém fala sobre algum programa de tv e eu comento "é, já tinha pensado nisso"; eu e outra pessoa olhamos para o mesmo lugar, consequentemente acabamos pensando na mesma coisa e, enquanto eu penso, essa pessoa fala algo e eu digo que estava pensando a mesma coisa que ela.
É muito chato porque eu acho que já estou falando sem pensar e acabo dizendo que já estava pensando em tudo, mesmo sem pensar. Virou tipo um "cara", que eu falo no começo de cada frase.
Fora que vão acabar pensando que eu sou mentiroso, por mais que não seja mentira e nem possa se considerar uma mentira de verdade, de tão insuportável, vou acabar ficando mal visto pela sociedade.

Esse post ficou meio perdido porque, como eu já estava pensando, meu horário de descanso acabaria antes de eu terminar esse texto.

domingo, junho 01, 2008

Maldito Chocolate

Eram 18 horas passadas de um domingo chuvoso e moralmente ressaquiado. Ele comia pringles deitado no sofá lendo o jornal de sexta. Ela comia brigadeiro andando pela casa à espera de um telefonema.
Ele pensava que ela não pensava que ele pensava sobre ela, mas ela pensava. E pensava muito! A quantidade de pensamento era diretamente proporcional à quantidade de colheres cheias de brigadeiros no dia. A quantidade de medo que ele tinha era inversamente proporcional à vontade que ele tinha de saber as notícias de sexta. Tudo o que ele queria era estar com ela, abraça-la, beija-la... Mas tinha medo. Tinha medo dela, tinha medo dos pensamentos dela, tinha medo dos olhares dela (e da ausência deles), tinha medo daquele brigadeiro dela que tanto multiplicava sua raiva por ele.
Aquele brigadeiro... Aquele brigadeiro, pra ele, era o catalisador de qualquer estresse que ela tinha, era o que sensibilizava cada pensamento desconfiado, cada devaneio inseguro. Aquele brigadeiro já não exercia mais uma função de brigadeiro pra ela, ele era um companheiro, era um amigo, era aquele amigo gay que a entendia sem que ela falasse o que sentia. E mais: fazia o que ela mais queria naquele domingo, por a culpa nele. O brigadeiro era um dedo-duro, falava pra ela inconscientemente que o rapaz do jornal atrasado era um chato, insensível, feio e cheio de defeitos. E um desses defeitos era deixar ela comer aquele brigadeiro.
Ele sabia muito bem - mesmo que ela nunca tivesse dito, ele tinha que saber! - que aquele brigadeiro fazia mal pra ela, que ela não podia comer porque estava de dieta, que ela tem alergia à nescau, que ela odeia leite condensado que não é leite moça! Mesmo assim aquele canalha continuava fazendo ela ter vontade de comer aquele brigadeiro traidor!

Depois dela acabar a segunda panela, ele ligou. Ela não atendeu, muito puta por ele só ter ligado agora - depois da segunda panela, po!! - ela foi fazer mais um pouco. Ela já estava dependente daquele viadinho moreninho e docinho.

Ele ligou de novo. Ela já estava chorando sobre a panela e atendeu.

- Ooooi, e aiii?
- E aqui o que?
- Como cê ta? Tá fazendo o que?
- To bem.
- To com saudade, vamo fazer alguma coisa?

Como ele tem coragem?? Ela já estava com o botão do short aberto e ele queria vê-la?! Ela estava muito feia, com a cara inchada...

- Passa aqui, quero falar contigo.
- Nossa, eu também, depois que eu sai daí ontem aconteceu um negócio muuito bizarro.
- Ta, traz um diamante negro pra mim.

Pronto, ela já tinha como por a culpa nele. O resto do Domingo foi normal, chuvoso e mais uma vez eles conseguiram se despedir com aquele risinho feliz no rosto.

domingo, maio 25, 2008

100 anos para salvar o mundo

Me enrolo em palavras e laço-me em dúvidas. Correntes de perguntas me prendem ao que eu nunca pensei em ser, o vento é frio, a garganta é seca, o suor é quente e o aperto é forte. Não sei o que é isso, não sabes o que é isso, eles não sabem, ninguém vai saber! Ficará escondido em cada toque, em cada olhar... Ficará perdido em todos os sentimentos, nas saudades, nas palavras, no sonhar...
Deixemos o mistério nos guiar pelo caminho há muito tempo já conhecido. Que nos entregamos à dúvida da certeza e que nos surpreendamos com tudo aquilo que já vimos antes.

quinta-feira, abril 24, 2008

Um chopp? Não, uma água por favor

à vezes eu me canso de mim mesmo, não me canso por completo, mas me canso de algumas coisas... Me canso de algumas atitudes, me canso da aparência, me canso das pessoas que eu costumo me cansar, me canso de cansar das pessoas...
Cansaço é algo que vem de coisas que temos estado repetindo já com certa dificuldade. Me canso das minhas atitudes com alta frequência, canso fácil, pois rápidamente meu corpo não aguenta muitas repetições, canso fácil do marasmo.
Minha aparência me cansa pelo simples fato de não ser a mesma, mesmo querendo que seja. E, quando é, acabo me cansando dela também. Não é um cansaço muito cansativo porque demoro a sentir essa fadiga, tenho um fôlego bom quando o assunto é aparência. Mas canso.
Me canso das pessoas porque se elas não mudam do mesmo jeito que eu mudo eu acabo me cansando por elas não mudarem. Canso muito das pessoas! Mas ao mesmo tempo que elas me cansam, elas me dão muito fôlego! Um fôlego absurdo! São tão revigorantes quanto àquela água gelada no final da corrida, trazem meu fôlego de volta ao mesmo tempo que o tiram de mim, um mal necessário para a minha sobrevivência. E pelo fato delas serem esse mal necessário, me canso de cansar delas, porque não era pra cansar, mas eu canso.
Tem muita coisa que me cansa, mas não estou cansado. Tem muita coisa que me dá fôlego, que me joga pra cima, que me refresca, que me massageia, que me faz não sentir dor. E sou um cara descansado.

quinta-feira, abril 17, 2008

Notícias diferentes de um cotidiano

Tenho acordado tarde ultimamente. Não é por preguiça, quero dizer, a preguiça não é o fator principal. É pelo simples fato de eu não ter que acordar cedo por não ter o que fazer cedo. E isso está me deixando muito preguiçoso e alterando todo meu sistema biológico acostumado a acordar cedo e dormir tarde. Sabe aquela velha história de quanto mais se dorme, mais a vontade de dormir aumenta.
Tenho um problema sério com sono! Tenho um sono totalmente revoltado com meu estilo de vida e costumo cochilar e querer ir pra cama nos momentos mais impróprios. E vice-versa. E agora ele já estava até se acostumando com a minha vida...
Estou tentando acordar quinze minutos mais cedo todos os dias até conseguir voltar a acordar às seis e meia da manhã como era de costume.

Hoje dei bom dia ao meu irmão quando eu acordei. Já é um bom passo pra voltar a ser feliz quando acordar, mesmo que o meu irmão pense que eu estou louco ou virando fresco. Hoje não tomei café da manhã e durante essa semana eu descobri eu gosto MUITO do meu trabalho! E é um 'MUITO' assim mesmo, com caps lock ativado e bem extravagante. Essa foi a descoberta. Eu sempre soube que gostava do meu trabalho, mas não sabia que era tanto assim.
Passei a semana sem ter que fazer muita coisa e hoje eu tenho trabalho pra caramba, mas estou com preguiça porque tenho acordado muito tarde ultimamente. Mas como eu gosto MUITO do meu trabalho eu vou faze-lo com todo o amor e qualidade a mim exigidos.

segunda-feira, março 24, 2008

Sua nota é zero!

Zero mesmo! Nada! Com tudo na frente! Isso mesmo, você poderia ter tirado no mínimo 10 pontos a mais e não conseguiu. Tente melhor da próxima vez.
Dar notas é um grande erro, principalmente quando a nota é boa! Dar um 10 pra uma pessoa significa que ela é perfeita, que não teve erros ou cometeu deslizes em qualquer coisa que seja. Ta, quem é perfeito? Pense em todas as pessoas que você conhece e escolha uma, só uma, que você daria um 10 com a maior certeza, sem pensar duas vezes. E, se falar sem pensar, não vai poder se arrepender.
Duvido que mesmo pensando um dia inteiro você não consegue achar alguém que realmente mereça um dez.
Então chegamos à nossa primeira divagação: dar um dez pra alguém é a coisa mais falsa que se pode fazer.
Depois da nota 10, a que eu tenho mais medo é a nove e meio - e todos aqueles décimos que ficam entre eles. Sabe aquela história de que o segundo lugar é o primeiro perdedor? É mais ou menos por ai... O que eu fiz de errado pra merecer um 9,5? O que aconteceu naquele momento que me levou a fracassar? Tinha tudo pra me sair "perfeito" e estraguei tudo. Pior que um dez e um nove e meio é ficar sabendo que por pouco sua vida não toma um rumo totalmente diferente. E diferente pra melhor, porque um dez teoricamente muda totalmente a vida de uma pessoa.
Mas dez não existe teoricamente e então esse seu nove, vírgula, cinco, não significa nada. Sua vida continua a mesma, você continua fazendo as coisas bem, mas não vai passar disso. Você ganhou só um nove e meio.
Segunda divagação: de 0,001 à 9,9999 nada faz diferença na sua vida, você só vai chegar cada vez mais perto do maior fracasso.
Agora quem já pegou um zero levanta a mão! Quem já chorou sentado no canto do quarto com medo de que as moscas sequer pensassem em ver que você tirou um zero. Se você alguma vez, dignamente, recebeu um zero, lembra da sua vontade estúpida e motivante de tirar uma nota melhor. Lembra da sua ânsia pela perfeição e a cólera de ser desgraçado com um lindo zero.
Não dou mais que 4 segundos pra você me dizer o que um zero pode fazer diferente de um 2 - ou até mesmo de um 1 - e que é melhor se sentir desastroso a sentir-se alguém que da pena. Agora dou duas semanas pra você me dizer quantas pessoas não desistiram recebendo um 3 ou um 0,5 (cuidado pra não estourar o servidor do blog).
Enfim, chegamos à terceira divagação sem nota, pois concluímos que as notas, além do zero, só fazem confundir a cabeça do avaliado.

Sabe, desejo que você nunca mais seja avaliado, que nunca mais compare ou seja comparado numa tabela de 0 à dez ou de zero à 1.000, que seja. Que o seu nove e meio não lhe faça pensar que você já tem quase tudo. E que, se um dia receber um dez, lembre que o critério de avaliação é de dez à um milhão. Desejo também que você receba muitos zeros, que o mundo seja recheado de zeros, que eu receba muitos zeros e que as pessoas tenham muita raiva e sempre tentem sair desses zeros que nuca vão nos deixar!

(E ai, que nota você da pra esse texto?)

quarta-feira, março 19, 2008

Grrrrrrrrrrrrrrrrrr

Raiva do computador dar tela azul na hora que eu to postando! Raiva de eu clicar o negócio de postar e sair escrevendo que nem um doido! Raiva de não ficar salvando o texto! Raiva desse auto-save não funcionar! Raiva da minha vontade de escrever ir por água abaixo depois de perder quase todo o texto! Raiva de não ter mais tempo aqui no trabalho pra tentar reescrever tudo de novo!

Ah. Era um texto legal até...

quinta-feira, março 13, 2008

I am glad of never know you

You always told I was a good guy. Your words seemed like rain on my face. I'd never leave you, but now, I need to do this.
I got through a different world, I've never seen so many different and magic things, but it has to end tonight.
I am full of lies, I can get no more satisfaction, I have to tell you I love another person. I knew her when I see you in the first time. She was in front of you and she was as pretty as you, you and she had the same curves, smile, eyes, noses... But you and she were different people.
When I met you, I was completely in love of you, but she was always in my mind. As much as I got inside your world, I thought of her.
I have to tell you killed her. You are a fucking murder! You killed my only hope.
When I saw you, I thought you were the same person, but you weren't. You are the best person that I have ever met who can seem like anybody totally different at first time.
I am tired to try to fake myself. The magic things have passed and I don't see anymore reasons to stay with you. I gave you too many chances to change, but you think this is the best you can do. No. It is not!
The summer came on me and the rain doesn't fall on my face anymore, your words don't matter to me.
I was just thinking of who is going to shoot the first bullet, you, me or her.
Good bye, honey, because now you are eating my heart seasoned her soul. I became a reason-less person and I realized that the best thing I could do was live with her on my thoughts, in the haven.

I shot first. In my heart.

terça-feira, março 11, 2008

Já te contei isso?

Tenho pensamentos compulsivos. Não consigo ficar sem pensar comigo mesmo, conversando, discutindo, analisando, discordando, concordando ou, até mesmo, brigando com meus próprios pensamentos.
To pra assumir minha dupla personalidade - ou até múltipla - de tão grave que ta o negócio! Demoro pra dormir e acordar por ficar no meio de uma briga entre dois Maurícios, um preguiçoso e outro elétrico. Demoro pra agir porque sou a corda de um cabo de guerra disputado entre o Maurício conservador e o Maurício liberal. Pior que isso, to virando um louco! De tanto pensar, tenho criado meus próprios amigos dentro de mim, tipo uma dessas lendas gregas bizarras. Mas ainda não decidi qual é a mais estranha - Maurício Cult e Maurício Nerd ainda não chegaram numa decisão.
Já virou um vício, toda vez que vou falar algo, faço uma plenária entre todos esses Maurícios dentro de mim e em fração de segundos faço eles decidirem se falo ou o que falo. Isso é até legal, tenho me tornado alguém meticulosamente despojado que fala coisas corretamente inadequadas nos momentos necessários.
Só que, como disse (disse?) isso ta me deixando louco. Por várias vezes tenho ficado atordoado, repito a mesma coisa pra mesma pessoa umas três vezes. Me confundo se eu disse mesmo ou se eu só tinha pensado em dizer. Ou, quando não, acabo causando certos problemas por não falar certas coisas que devia, que tinha pensado tanto que, de tanto pensar, pensava que tinha dito.
Acho que já pensei em escrever esse texto bem umas quinze vezes na última semana, por duas pensava até que já tinha escrito e em três vezes eu não sabia nem o que eu tinha pensado. Pior que isso são as vezes que eu escuto algo de alguém e mais tarde penso que isso é fruto da minha imaginação e que a pessoa não disse aquilo. Estou tendo mania de achar que adivinho o que as pessoas dizem porque já disseram.
Esse aqui é um diagnóstico de confissão de loucura. Quem souber como para isso, me avise. Mas avise três vezes, mande um e-mail e deixe um scrap e um comentário no fotolog pra eu não achar que isso foi um simples sonho ou um entre milhões de pensamentos.

Gratos de sua atenção.

Cauã- Maurício, Maurício-Cauã, Cauã-Cauã, Maurício-Maurício, Caurício, Mauã etc...

terça-feira, fevereiro 26, 2008

Season Finale

De tempos em tempos uma idéia fica mais fixa na minha cabeça: A vida é um ciclo. Não é novidade nem mesmo surpreendente eu escrever sobre isso aqui, devido à cada vez que eu penso nisso, é porque essa idéia está se concretizando na minha cabeça.
Ainda está em fase de observação, mas vou lhe revelar uma idéia que, como disse antes, cada vez mais fica certa pra mim. Existem temporadas do ano, anos de décadas, décadas de séculos e séculos de milênios que se destacam por ser épocas de amor extremo ao próximo e épocas de absurdo amor pessoal.
Algumas vezes por ano eu noto que não sou só eu que fico mais carente, mais preocupado com alguém, mais afetivo, resumindo: querendo companhia permanente. Assim como existem épocas que eu fico louco, nada importa pra mim a não ser eu mesmo, é o período de mais surtos de pensamentos, beijos na boca, porres, e tudo que seja intenso.
É Fato! Nunca deixou de acontecer do mesmo jeito que nunca deixou de repetir. Estou esperando mais alguns anos pra concretizar essa teoria na minha mente e ganhar algum nobel de experiência própria por isso.

Só que, além de tudo isso, mesmo entendo cada vez mais sobre mim mesmo, em como eu ajo e penso enquanto a minha vida anda, o que eu fico mais maravilhado é como essa vida cíclica me surpreende à cada "repetição". Criatividade assim nem o melhor roteirista da melhor série não conseguiria ter. Ao mesmo tempo em que tudo se repete, tudo muda. O mundo inteiro vai ficando diferente e a minha história vai ficando cada vez mais interessante!
Nesse meu estudo pessoal sobre a minha vida repetidamente diferente, a primeira coisa que concluí foi que o maior entretenimento que eu posso ter é minha própria vida!
Acabei me viciando nesse programa e descobri que estou naquela temporada de transição, de greve de roteiristas, troca de personagens, mudanças de sets de gravação e horário de exibição. Ou seja: Uma mistura de tudo onde tudo tem seu lugar certo. E eu, como ator principal, vou tentando encaixar tudo no seu lugar. E, pelo que tudo indica, a próxima temporada vai ser tão legal como foi a anterior!

Cauã

sábado, fevereiro 16, 2008

Estupre você mesmo então

O que eu tinha que fazer agora era exatamente não pensar em pessoas. De repente, me surgiu uma raiva absurda de todas elas, daquelas de mãe brigando com filho, onde qualquer coisa vira motivo pra mais esculhambação. Que nenhum ser-humano venha pra perto de mim nesse momento. Explodam-se todos! Explodam-se agora e se reconstituam daqui a umas 2 horas, ou menos.
É nessas horas que eu vejo que sou um cara calmo. Ou no mínimo muito solitário que não consegue ficar sozinho em casa e começa a surtar.
To aqui, na minha e vem um monte de neuras e neurinhas. Mas com as neuras que me deixaram surtado, as neurinhas são a pior coisa que pode acontecer. É uma vontade absurda de madar um 'vai te foder então' rapidola, pronto, simples assim, se tivesse feito estaria bem melhor agora.
Vão se foder então! Vão bem rápido, explodam e voltem depois, só pra vocês saberem que tem que se foder agora pra minha raiva poder passar.