sábado, maio 20, 2006

Enquanto a Cidade dorme


Lá pras seis horas da tarde, a cidade ja vai preparando-se pra dormir...
Seus olhos vão fechando, o céu vai escurecendo...
O sono bate, os carros passam apressados em busca de suas garagens quentinhas, as luzes dos sinais de transito ficam mais nítidas, os postes começam a ter seu devido valor e todo dia uma nova vida começa.
Há alguns que entendem como se o dia terminasse apartir dalí. Para outros, o dia está apenas começando...
Mais tarde, ja percebemos que a Cidade ja foi pra cama. Aqueles zunidos os seus ouvidos já são menos estridentes, nas suas veias, o sangue ja não passa tão apressado e seu corpo continua trabalhando, com menor intensidade, mas continua trabalhando.
É nessa hora que nos deparamos que existe algo muito maior que nós. Algo que comparando (malditas comparações), percebemos o quanto somos ínfimos a esse belissímo Macro que nos rodeia.
O porteiro, aquele que, provavelmente deve ter trabalhado o dia inteiro, rende-se ao sono na sua portaria. Nem uma programação altamente interessante de câmeras internas o atrai. Esses que tem que enganar a si mesmos que algumas grades e laminas de vidro o protegem de balas e bandidos. Esse, que tem que parecer acordado para todos os que o vêem, pois todos jogam toda a sua sensação de segurança naquele que não tem nem como dormir direito.
O vigia roda as ruas com sua bicileta, seu cacetete e seu apito. Fazendo sinfonias que só ele vai escutar. Grande apito esse! Gostaria eu de poder ter uma função de tanto equilibrio e polaridade como "O Apito do Vigia". Ao mesmo tempo que acalenta os moradores aflitos daquela Cidade que dorme, ele tenta afugentar aqueles que procuram seu trabalho na casa dos outros sem autorização durante a madrugada.
O feirante começa a arrumar suas tarefas frutíferas matinais. O gatuno começa a ir em busca de trabalho. O individuo que faz a justiça das ruas começa a ficar menos tranquilo...
E aqueles que movimentam a cidade vão vivendo sua propria vida.
As vezes a vontade de poder voar baixo nas ruas vazias e inocentes durante a madrugada é suprida pelo desejo de admirar aquelas cenas únicas.
O brilho ofuscante dos postes, o reflexo verde, amarelo e vermelho dos sinais nas ruas, as estrelas que nos conduzem por nossos caminhos, os sons, que quando resolvem apareçer, vem tão distantes que parecem canção de ninar...
Glorificado é aquele que vive como uma Cidade: Pronta pra servir a todos e mais bela enquanto descansa.

Ê viva as Madrugadas!!

Cauã

Um comentário:

Maurício disse...

Excelente descrição de uma madrugada cheia de vida, sons, cores..

É interessante como uma simples madrugada fica tão bela quando sabemos descrê-la né?! E você com certeza a tornou linda com suas palavras.

Ótimo texto Cauã.

Acaná.