domingo, junho 15, 2008

Capítulo 3: Meus 20 anos

Um dia, quando eu for um velho já bem-sucedido que não trabalha tanto, viaja bastante, conhece muita gente e não liga muito pra que os outros pensam, vou escrever um livro sobre os domingos.

Mas pra isso eu preciso de memória, porque histórias eu já tenho. Na verdade, o domingo, em 90% das vezes se faz em consequencia do sábado. O sábado é um dia cheio, rápido e conturbado, o domingo é um dia cheio também, demorado e sonolento.
Cheio de pensamentos, cheio de cama, cadeira, céu, água, família, tv, computador, pensamentos e vazio. Domingo é dia de ficar só, é dia de não falar muito, é dia de olhar e não conversar. Domingo tem ressaca, moral ou não. Vergonha combina com domingo.
Isso é esse domingo. Domingo não é sempre assim, eu sei. Se eu sei de uma coisa, é que os meus domingos vão mudar com o tempo, assim como já mudaram.
Quando for fazer o livro, quero lembrar desse domingo, que demorou muito, que não quer acabar, dolorido pelas pernas e cheio de pensamentos. Domingo é um dia bom pra decidir um monte de coisa. Hoje eu decidi. Quero uma memória boa pra lembrar dessas decisões um tanto indecisas e poder divagar sobre as consequencias delas. Não quero mais um monte de coisa e quero mais outro monte.
Agora é hora de encarar a segunda e começar a por em prática as decisões.

terça-feira, junho 10, 2008

Finito infinitável

Um defeito ou uma qualidade? É questão de ponto de vista ou uma característica marcante? Só sei que não sei terminar as coisas.
Durante uma viagem cansativa e sonolenta fiz aquela breve reflexão sobre a vida que aquele clima de estrada nos proporciona e reparei no quanto tenho coisas inacabadas, mal acabadas, projetos não concluídos, sonhos realizados pela metade, desejos mais ou menos satisfeitos...
Desde aquela vontade de ter um grupo de teatro, fazer uma peça ao trabalho da universidade e ao caixa que não bate todos os dias.
Sempre tá faltando alguma coisinha, sempre tem algo que impede de ir até o final, sempre tem eu que não consigo ir até o final, sempre tem a minha vida e de todos ao meu redor super desorganizada.
Não finalizar as coisas é uma arte, é a arte de deixar sempre aquela lembrança, é aquele vontade de não se livrar de algo por puro gosto ou simplismente preguiça. É ver uma pedaço da vida e lembrar que tem milhões de coisas pra terminar no pedaço anterior e imaginar o quanto ainda vou poder deixar no pedaço que vem.
Por ser alguém totalmente sem memória e totalmente nostálgico, gosto de ter em mim a falta de algo que, por ser a falta, é a sobra. Sobra de amores, sobra de paixões, sobra de deveres, sobra de decisões, sobra de ações, sobra de deveres de casa, sobra de trabalho, sobra de sono, sobra de sonhos...
Eu já consegui terminar algumas coisas, mas é chato. É chato porque depois de termina-las, da vontade de jogar fora, da vontade de esquecer, da vontade que aquilo não ocupe mais espaço porque, se está terminado, não precisarei de novo.
Quero tudo pra sempre comigo, quero poder abraçar tudo aquilo que acho que ainda me pertence, quero poder ter que inventar coisas nas coisas já terminadas só pra deixa-las incompletas.
Na viagem, acabei por decidir que gosto de não terminar as coisas, não é nem uma característica marcante, nem um ponto de vista, nem defeito nem qualidade. Sou eu. E eu vou assim, de um jeito meu de ir, terminando as coisas incompletas que não tem fim e nem ponto final...

segunda-feira, junho 09, 2008

Já pensou nisso?

Tenho algumas características bem fortes que provavelmente só eu seio quão fortes são. Uma é pensar bastaaante antes de falar algo e a outra é odiar bastaaante quando alguém me manda ou pede pra fazer algo que eu já tinha pensado em fazer. De tanto ter essas características tão forte eu acabei por criar outra que está se tornando mais forte ainda: a de falar o que eu estava pensando.
Há algum tempo que comecei a reparar nisso e a cada vez eu comprovo que estou ficando mais maníaco!
Ta se tornando um vício desnecessário, alguém fala que hoje está quente e eu digo "pois é, estava pensando nisso"; alguém fala sobre algum programa de tv e eu comento "é, já tinha pensado nisso"; eu e outra pessoa olhamos para o mesmo lugar, consequentemente acabamos pensando na mesma coisa e, enquanto eu penso, essa pessoa fala algo e eu digo que estava pensando a mesma coisa que ela.
É muito chato porque eu acho que já estou falando sem pensar e acabo dizendo que já estava pensando em tudo, mesmo sem pensar. Virou tipo um "cara", que eu falo no começo de cada frase.
Fora que vão acabar pensando que eu sou mentiroso, por mais que não seja mentira e nem possa se considerar uma mentira de verdade, de tão insuportável, vou acabar ficando mal visto pela sociedade.

Esse post ficou meio perdido porque, como eu já estava pensando, meu horário de descanso acabaria antes de eu terminar esse texto.

domingo, junho 01, 2008

Maldito Chocolate

Eram 18 horas passadas de um domingo chuvoso e moralmente ressaquiado. Ele comia pringles deitado no sofá lendo o jornal de sexta. Ela comia brigadeiro andando pela casa à espera de um telefonema.
Ele pensava que ela não pensava que ele pensava sobre ela, mas ela pensava. E pensava muito! A quantidade de pensamento era diretamente proporcional à quantidade de colheres cheias de brigadeiros no dia. A quantidade de medo que ele tinha era inversamente proporcional à vontade que ele tinha de saber as notícias de sexta. Tudo o que ele queria era estar com ela, abraça-la, beija-la... Mas tinha medo. Tinha medo dela, tinha medo dos pensamentos dela, tinha medo dos olhares dela (e da ausência deles), tinha medo daquele brigadeiro dela que tanto multiplicava sua raiva por ele.
Aquele brigadeiro... Aquele brigadeiro, pra ele, era o catalisador de qualquer estresse que ela tinha, era o que sensibilizava cada pensamento desconfiado, cada devaneio inseguro. Aquele brigadeiro já não exercia mais uma função de brigadeiro pra ela, ele era um companheiro, era um amigo, era aquele amigo gay que a entendia sem que ela falasse o que sentia. E mais: fazia o que ela mais queria naquele domingo, por a culpa nele. O brigadeiro era um dedo-duro, falava pra ela inconscientemente que o rapaz do jornal atrasado era um chato, insensível, feio e cheio de defeitos. E um desses defeitos era deixar ela comer aquele brigadeiro.
Ele sabia muito bem - mesmo que ela nunca tivesse dito, ele tinha que saber! - que aquele brigadeiro fazia mal pra ela, que ela não podia comer porque estava de dieta, que ela tem alergia à nescau, que ela odeia leite condensado que não é leite moça! Mesmo assim aquele canalha continuava fazendo ela ter vontade de comer aquele brigadeiro traidor!

Depois dela acabar a segunda panela, ele ligou. Ela não atendeu, muito puta por ele só ter ligado agora - depois da segunda panela, po!! - ela foi fazer mais um pouco. Ela já estava dependente daquele viadinho moreninho e docinho.

Ele ligou de novo. Ela já estava chorando sobre a panela e atendeu.

- Ooooi, e aiii?
- E aqui o que?
- Como cê ta? Tá fazendo o que?
- To bem.
- To com saudade, vamo fazer alguma coisa?

Como ele tem coragem?? Ela já estava com o botão do short aberto e ele queria vê-la?! Ela estava muito feia, com a cara inchada...

- Passa aqui, quero falar contigo.
- Nossa, eu também, depois que eu sai daí ontem aconteceu um negócio muuito bizarro.
- Ta, traz um diamante negro pra mim.

Pronto, ela já tinha como por a culpa nele. O resto do Domingo foi normal, chuvoso e mais uma vez eles conseguiram se despedir com aquele risinho feliz no rosto.

domingo, maio 25, 2008

100 anos para salvar o mundo

Me enrolo em palavras e laço-me em dúvidas. Correntes de perguntas me prendem ao que eu nunca pensei em ser, o vento é frio, a garganta é seca, o suor é quente e o aperto é forte. Não sei o que é isso, não sabes o que é isso, eles não sabem, ninguém vai saber! Ficará escondido em cada toque, em cada olhar... Ficará perdido em todos os sentimentos, nas saudades, nas palavras, no sonhar...
Deixemos o mistério nos guiar pelo caminho há muito tempo já conhecido. Que nos entregamos à dúvida da certeza e que nos surpreendamos com tudo aquilo que já vimos antes.

quinta-feira, abril 24, 2008

Um chopp? Não, uma água por favor

à vezes eu me canso de mim mesmo, não me canso por completo, mas me canso de algumas coisas... Me canso de algumas atitudes, me canso da aparência, me canso das pessoas que eu costumo me cansar, me canso de cansar das pessoas...
Cansaço é algo que vem de coisas que temos estado repetindo já com certa dificuldade. Me canso das minhas atitudes com alta frequência, canso fácil, pois rápidamente meu corpo não aguenta muitas repetições, canso fácil do marasmo.
Minha aparência me cansa pelo simples fato de não ser a mesma, mesmo querendo que seja. E, quando é, acabo me cansando dela também. Não é um cansaço muito cansativo porque demoro a sentir essa fadiga, tenho um fôlego bom quando o assunto é aparência. Mas canso.
Me canso das pessoas porque se elas não mudam do mesmo jeito que eu mudo eu acabo me cansando por elas não mudarem. Canso muito das pessoas! Mas ao mesmo tempo que elas me cansam, elas me dão muito fôlego! Um fôlego absurdo! São tão revigorantes quanto àquela água gelada no final da corrida, trazem meu fôlego de volta ao mesmo tempo que o tiram de mim, um mal necessário para a minha sobrevivência. E pelo fato delas serem esse mal necessário, me canso de cansar delas, porque não era pra cansar, mas eu canso.
Tem muita coisa que me cansa, mas não estou cansado. Tem muita coisa que me dá fôlego, que me joga pra cima, que me refresca, que me massageia, que me faz não sentir dor. E sou um cara descansado.

quinta-feira, abril 17, 2008

Notícias diferentes de um cotidiano

Tenho acordado tarde ultimamente. Não é por preguiça, quero dizer, a preguiça não é o fator principal. É pelo simples fato de eu não ter que acordar cedo por não ter o que fazer cedo. E isso está me deixando muito preguiçoso e alterando todo meu sistema biológico acostumado a acordar cedo e dormir tarde. Sabe aquela velha história de quanto mais se dorme, mais a vontade de dormir aumenta.
Tenho um problema sério com sono! Tenho um sono totalmente revoltado com meu estilo de vida e costumo cochilar e querer ir pra cama nos momentos mais impróprios. E vice-versa. E agora ele já estava até se acostumando com a minha vida...
Estou tentando acordar quinze minutos mais cedo todos os dias até conseguir voltar a acordar às seis e meia da manhã como era de costume.

Hoje dei bom dia ao meu irmão quando eu acordei. Já é um bom passo pra voltar a ser feliz quando acordar, mesmo que o meu irmão pense que eu estou louco ou virando fresco. Hoje não tomei café da manhã e durante essa semana eu descobri eu gosto MUITO do meu trabalho! E é um 'MUITO' assim mesmo, com caps lock ativado e bem extravagante. Essa foi a descoberta. Eu sempre soube que gostava do meu trabalho, mas não sabia que era tanto assim.
Passei a semana sem ter que fazer muita coisa e hoje eu tenho trabalho pra caramba, mas estou com preguiça porque tenho acordado muito tarde ultimamente. Mas como eu gosto MUITO do meu trabalho eu vou faze-lo com todo o amor e qualidade a mim exigidos.

segunda-feira, março 24, 2008

Sua nota é zero!

Zero mesmo! Nada! Com tudo na frente! Isso mesmo, você poderia ter tirado no mínimo 10 pontos a mais e não conseguiu. Tente melhor da próxima vez.
Dar notas é um grande erro, principalmente quando a nota é boa! Dar um 10 pra uma pessoa significa que ela é perfeita, que não teve erros ou cometeu deslizes em qualquer coisa que seja. Ta, quem é perfeito? Pense em todas as pessoas que você conhece e escolha uma, só uma, que você daria um 10 com a maior certeza, sem pensar duas vezes. E, se falar sem pensar, não vai poder se arrepender.
Duvido que mesmo pensando um dia inteiro você não consegue achar alguém que realmente mereça um dez.
Então chegamos à nossa primeira divagação: dar um dez pra alguém é a coisa mais falsa que se pode fazer.
Depois da nota 10, a que eu tenho mais medo é a nove e meio - e todos aqueles décimos que ficam entre eles. Sabe aquela história de que o segundo lugar é o primeiro perdedor? É mais ou menos por ai... O que eu fiz de errado pra merecer um 9,5? O que aconteceu naquele momento que me levou a fracassar? Tinha tudo pra me sair "perfeito" e estraguei tudo. Pior que um dez e um nove e meio é ficar sabendo que por pouco sua vida não toma um rumo totalmente diferente. E diferente pra melhor, porque um dez teoricamente muda totalmente a vida de uma pessoa.
Mas dez não existe teoricamente e então esse seu nove, vírgula, cinco, não significa nada. Sua vida continua a mesma, você continua fazendo as coisas bem, mas não vai passar disso. Você ganhou só um nove e meio.
Segunda divagação: de 0,001 à 9,9999 nada faz diferença na sua vida, você só vai chegar cada vez mais perto do maior fracasso.
Agora quem já pegou um zero levanta a mão! Quem já chorou sentado no canto do quarto com medo de que as moscas sequer pensassem em ver que você tirou um zero. Se você alguma vez, dignamente, recebeu um zero, lembra da sua vontade estúpida e motivante de tirar uma nota melhor. Lembra da sua ânsia pela perfeição e a cólera de ser desgraçado com um lindo zero.
Não dou mais que 4 segundos pra você me dizer o que um zero pode fazer diferente de um 2 - ou até mesmo de um 1 - e que é melhor se sentir desastroso a sentir-se alguém que da pena. Agora dou duas semanas pra você me dizer quantas pessoas não desistiram recebendo um 3 ou um 0,5 (cuidado pra não estourar o servidor do blog).
Enfim, chegamos à terceira divagação sem nota, pois concluímos que as notas, além do zero, só fazem confundir a cabeça do avaliado.

Sabe, desejo que você nunca mais seja avaliado, que nunca mais compare ou seja comparado numa tabela de 0 à dez ou de zero à 1.000, que seja. Que o seu nove e meio não lhe faça pensar que você já tem quase tudo. E que, se um dia receber um dez, lembre que o critério de avaliação é de dez à um milhão. Desejo também que você receba muitos zeros, que o mundo seja recheado de zeros, que eu receba muitos zeros e que as pessoas tenham muita raiva e sempre tentem sair desses zeros que nuca vão nos deixar!

(E ai, que nota você da pra esse texto?)

quarta-feira, março 19, 2008

Grrrrrrrrrrrrrrrrrr

Raiva do computador dar tela azul na hora que eu to postando! Raiva de eu clicar o negócio de postar e sair escrevendo que nem um doido! Raiva de não ficar salvando o texto! Raiva desse auto-save não funcionar! Raiva da minha vontade de escrever ir por água abaixo depois de perder quase todo o texto! Raiva de não ter mais tempo aqui no trabalho pra tentar reescrever tudo de novo!

Ah. Era um texto legal até...

quinta-feira, março 13, 2008

I am glad of never know you

You always told I was a good guy. Your words seemed like rain on my face. I'd never leave you, but now, I need to do this.
I got through a different world, I've never seen so many different and magic things, but it has to end tonight.
I am full of lies, I can get no more satisfaction, I have to tell you I love another person. I knew her when I see you in the first time. She was in front of you and she was as pretty as you, you and she had the same curves, smile, eyes, noses... But you and she were different people.
When I met you, I was completely in love of you, but she was always in my mind. As much as I got inside your world, I thought of her.
I have to tell you killed her. You are a fucking murder! You killed my only hope.
When I saw you, I thought you were the same person, but you weren't. You are the best person that I have ever met who can seem like anybody totally different at first time.
I am tired to try to fake myself. The magic things have passed and I don't see anymore reasons to stay with you. I gave you too many chances to change, but you think this is the best you can do. No. It is not!
The summer came on me and the rain doesn't fall on my face anymore, your words don't matter to me.
I was just thinking of who is going to shoot the first bullet, you, me or her.
Good bye, honey, because now you are eating my heart seasoned her soul. I became a reason-less person and I realized that the best thing I could do was live with her on my thoughts, in the haven.

I shot first. In my heart.

terça-feira, março 11, 2008

Já te contei isso?

Tenho pensamentos compulsivos. Não consigo ficar sem pensar comigo mesmo, conversando, discutindo, analisando, discordando, concordando ou, até mesmo, brigando com meus próprios pensamentos.
To pra assumir minha dupla personalidade - ou até múltipla - de tão grave que ta o negócio! Demoro pra dormir e acordar por ficar no meio de uma briga entre dois Maurícios, um preguiçoso e outro elétrico. Demoro pra agir porque sou a corda de um cabo de guerra disputado entre o Maurício conservador e o Maurício liberal. Pior que isso, to virando um louco! De tanto pensar, tenho criado meus próprios amigos dentro de mim, tipo uma dessas lendas gregas bizarras. Mas ainda não decidi qual é a mais estranha - Maurício Cult e Maurício Nerd ainda não chegaram numa decisão.
Já virou um vício, toda vez que vou falar algo, faço uma plenária entre todos esses Maurícios dentro de mim e em fração de segundos faço eles decidirem se falo ou o que falo. Isso é até legal, tenho me tornado alguém meticulosamente despojado que fala coisas corretamente inadequadas nos momentos necessários.
Só que, como disse (disse?) isso ta me deixando louco. Por várias vezes tenho ficado atordoado, repito a mesma coisa pra mesma pessoa umas três vezes. Me confundo se eu disse mesmo ou se eu só tinha pensado em dizer. Ou, quando não, acabo causando certos problemas por não falar certas coisas que devia, que tinha pensado tanto que, de tanto pensar, pensava que tinha dito.
Acho que já pensei em escrever esse texto bem umas quinze vezes na última semana, por duas pensava até que já tinha escrito e em três vezes eu não sabia nem o que eu tinha pensado. Pior que isso são as vezes que eu escuto algo de alguém e mais tarde penso que isso é fruto da minha imaginação e que a pessoa não disse aquilo. Estou tendo mania de achar que adivinho o que as pessoas dizem porque já disseram.
Esse aqui é um diagnóstico de confissão de loucura. Quem souber como para isso, me avise. Mas avise três vezes, mande um e-mail e deixe um scrap e um comentário no fotolog pra eu não achar que isso foi um simples sonho ou um entre milhões de pensamentos.

Gratos de sua atenção.

Cauã- Maurício, Maurício-Cauã, Cauã-Cauã, Maurício-Maurício, Caurício, Mauã etc...

terça-feira, fevereiro 26, 2008

Season Finale

De tempos em tempos uma idéia fica mais fixa na minha cabeça: A vida é um ciclo. Não é novidade nem mesmo surpreendente eu escrever sobre isso aqui, devido à cada vez que eu penso nisso, é porque essa idéia está se concretizando na minha cabeça.
Ainda está em fase de observação, mas vou lhe revelar uma idéia que, como disse antes, cada vez mais fica certa pra mim. Existem temporadas do ano, anos de décadas, décadas de séculos e séculos de milênios que se destacam por ser épocas de amor extremo ao próximo e épocas de absurdo amor pessoal.
Algumas vezes por ano eu noto que não sou só eu que fico mais carente, mais preocupado com alguém, mais afetivo, resumindo: querendo companhia permanente. Assim como existem épocas que eu fico louco, nada importa pra mim a não ser eu mesmo, é o período de mais surtos de pensamentos, beijos na boca, porres, e tudo que seja intenso.
É Fato! Nunca deixou de acontecer do mesmo jeito que nunca deixou de repetir. Estou esperando mais alguns anos pra concretizar essa teoria na minha mente e ganhar algum nobel de experiência própria por isso.

Só que, além de tudo isso, mesmo entendo cada vez mais sobre mim mesmo, em como eu ajo e penso enquanto a minha vida anda, o que eu fico mais maravilhado é como essa vida cíclica me surpreende à cada "repetição". Criatividade assim nem o melhor roteirista da melhor série não conseguiria ter. Ao mesmo tempo em que tudo se repete, tudo muda. O mundo inteiro vai ficando diferente e a minha história vai ficando cada vez mais interessante!
Nesse meu estudo pessoal sobre a minha vida repetidamente diferente, a primeira coisa que concluí foi que o maior entretenimento que eu posso ter é minha própria vida!
Acabei me viciando nesse programa e descobri que estou naquela temporada de transição, de greve de roteiristas, troca de personagens, mudanças de sets de gravação e horário de exibição. Ou seja: Uma mistura de tudo onde tudo tem seu lugar certo. E eu, como ator principal, vou tentando encaixar tudo no seu lugar. E, pelo que tudo indica, a próxima temporada vai ser tão legal como foi a anterior!

Cauã

sábado, fevereiro 16, 2008

Estupre você mesmo então

O que eu tinha que fazer agora era exatamente não pensar em pessoas. De repente, me surgiu uma raiva absurda de todas elas, daquelas de mãe brigando com filho, onde qualquer coisa vira motivo pra mais esculhambação. Que nenhum ser-humano venha pra perto de mim nesse momento. Explodam-se todos! Explodam-se agora e se reconstituam daqui a umas 2 horas, ou menos.
É nessas horas que eu vejo que sou um cara calmo. Ou no mínimo muito solitário que não consegue ficar sozinho em casa e começa a surtar.
To aqui, na minha e vem um monte de neuras e neurinhas. Mas com as neuras que me deixaram surtado, as neurinhas são a pior coisa que pode acontecer. É uma vontade absurda de madar um 'vai te foder então' rapidola, pronto, simples assim, se tivesse feito estaria bem melhor agora.
Vão se foder então! Vão bem rápido, explodam e voltem depois, só pra vocês saberem que tem que se foder agora pra minha raiva poder passar.

Errado

A pessoa que eu conheço melhor sou eu mesmo. Sou meu melhor amigo. Me conhecendo bem, vejo que sou a pessoa com mais defeitos que eu conheço, tenho todos os defeitos que eu posso ter.
De todos que eu conheço, eu sou o cara que sei que mais errou na vida. E bote erro nisso! Conseqüentemente, sei que conheço o cara que mais aprendeu na vida. Erros são provas de ensino, experiência de vida, ferida aberta... Sei que nem sempre tirei 10 nessas provas, sei que não sou experiente o suficiente - se é que existe isso - e sei que não consegui curar todas as feridas, mas sei que já errei bastante.
Sei que ainda teimo em querer todos os amigos do mundo, sei que meu cérebro ainda perde pro coração, sei que sou muito egoísta às vezes, mas sei que já errei muito.
Sei que já caí e levantei várias vezes, sei que já acertei depois de errar muito, sei que sei que nada sei, sei que já errei bastante.
Depois de errar muito, depois de aprender muito e depois de pensar muito, aprendi que ainda tenho que errar muito mais.
Por isso digo que sou um errante nato, que tenho orgulho de meus erros e que tenho um grandes defeitos. E gosto de errar, procuro, fatalmente, errar todos os dias.
Sei que todos meus defeitos valem a pena pelo simples fato que vão me fazer errar e sei que todos esses erros me fizeram ser meu melhor amigo e ver que sou a melhor pessoa que eu conheço. E que a perfeição fique sempre próxima à cada erro, mas nunca mais perto.

Cauã

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Nem sempre sozinho no escuro

Sempre quis entender as Madrugadas. Elas tem algo que nem um dia inteiro consegue ter. Talvez seja por, nas madrugadas, todos se sentirem meio especiais, onde todos dormem, você está lá, acordado, observando-a, compartilhando sua insônia, seu dia, sua música, seus pensamentos, tudo aquilo que não floresceu durante o dia com ela, a bendita Madrugada.
Nesse clima de que tudo é novo mesmo que você já tenha passado por aquilo várias vezes, ou até diariamente.
Madrugada é descanso, é reflexão sobre o dia, é expectativa de amanhã, é nostalgia das besteiras da semana.
Por isso que ela é tão tão. Porque querendo ou não, todo mundo acaba tendo que viver no dia e, quando pode, viver a madrugada é sempre fascinante!
Queria que o tempo que me sobra na Madrugada fosse o mesmo que não existe de dia. Queria que a criatividade e o turbilhão de pensamentos que surgem depois das 1 hora da manhã fossem os mesmo de 1 hora da tarde. Queria a mesma coragem e vontade da Madrugada, queria a mesma paixão, a mesma intensidade, o mesmo sabor!
Além de tudo, quero que a Madrugada continue Madrugada, não saia disso e que eu continue sempre encontrando com ela assim, casualmente.
Melhor se esses encontros forem frios e chuvosos e nem sempre sozinhos.

Cauã com insônia

domingo, fevereiro 10, 2008

Memórias sonoras

Memórias de seres humanos são fracas. Temos cérebros pequenos e incapazes de armazenar muitas coisas. Somos superiores a muitos animais, eu sei, mas ainda acho nossa memória pífia comparada ao tempo que vivemos e à quantidade de coisas que passamos durante a vida.
A minha, principalmente, é horrível. Ainda não achei um curso que me ajudasse, existem esses de leitura dinâmica, coisa e tal... Queria mesmo era um pra organizar as memórias, lembrar de coisas muito valiosas e não gastar lembranças com coisas avulsas e que ninguém lembra.
Como ainda não encontrei esse curso, me viro tentando aproveitar a que eu tenho. Já cansei de tentar discutir cenas de filmes ou lembrar de nomes de músicas. Músicas pra mim são melodias que não tem nome, são trilhas sonoras que sempre vêm acompanhadas de cenas mirabolantes. Por isso sempre tento escutar música de olhos abertos e, se escuto de olhos fechados é lembrando de alguma cena já existente.
Todos tem aquelas lembranças eternas, que vão levar pro resto da vida, aquelas cenas engraçadas ou tristes que, mesmo que você queira, nunca vão sair da cabeça. Eu tenho as minhas, são muitas. E como a minha memória não é muito boa, pra eu poder lembrar, elas vêm acompanhadas de músicas. É só ouvir uma música, aquela música, que eu lembro da cena. Instantâneo!

Pessoas dizem que quando estão perto da morte elas vêem um filme passar na mente delas, né?
Acho que na hora que estamos prestes a morrer todas essas lembranças que guardamos com muita segurança em nossas cabeças que vêm à tona. São vários momentos que vêm desde a infância e vão até àquele exato momento.
No meu caso, essas cenas viriam acompanhadas de suas respectivas músicas. Seria o set list mais rápido e mais eclético que qualquer dj jamais pensou em tocar! Seria lindo! Tenho tanta coisa bonita e emocionnate guardada nessa memória marromenos... Tanta música bonita, engraçada, estranha e inapropriada...
Se um dia eu puder ter esse filminho passando na cabeça antes de morrer, caso eu morra, morrerei feliz, com um sorriso bonito.
Vai ser tipo abertura de Oscar, onde passam todos os filmes que concorrem. Com drama, comédia, suspense, aventura, horror, terror, pavor, risos, risos, risos... E sempre uma música legal no fundo.
O Oscar de melhor trilha sonora seria meu.


Cauã

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Sonhar acordado, dormir sonhando

Tinha sido um sonho difícil, daqueles que dão muita sede quando se acorda com o lençol no chão e o corpo todo melado de suor. As janelas daquele apartamento mínimo que não tinha parede entre a sala, o quarto e a cozinha estavam fechadas. E ele não precisava. De tão pequeno, conhecia cada centímetro de bagunça que lá existia, sem ter que abrir os olhos e com as mãos amarradas. O problema era que aquela tontura forte de quem se levanta rápido não passava.
Abriu a torneira da pia e pegou aquele copo, que sempre ficava em cima do fogão, e encheu-lhe de água. Tomou três copos cheios e a sede não passou. O sono também não voltou.
A habilidade dele com o apartamento escuro era inversamente proporcional à sua noção de horário, ele não fazia idéia de que horas eram, só sabia que já era noite.

Só que dessa vez seu relógio biológico nunca esteve tão errado. Ele abriu a cortina e uma luz que ele nunca tinha visto tão forte ofuscou seus olhos. E aquela cegueira se juntou a tontura e a sede. Ficou deitado na cama por incontáveis minutos e o brilho daquele sol novo não saia do quarto. Alguma coisa estava estranha.
Ele fitou aquele feixe de luz por outros incontáveis minutos e resolveu encara-lo. Pegou seu lençol no chão, cobriu a cabeça e saiu andando. Bateu a porta do apartamento e desceu as escadas. Nunca tinha visto pessoa parecido com aquele que estava na portaria, o homem ficou o olhando com a mesma cara de espanto.
No primeiro passo na calçada ele caiu, alguém o ajudou, só que ele não conseguia ver o rosto dessa pessoa, algum tipo de sombra encobria-o. Parece que tinha desmaiado e acordado já em pé e longe de seu prédio. Mas o medo era ínfimo comparado àquela curiosidade ensolarada, continuou andando. Todos aqueles prédios não eram estranhos, era a sua vizinhança, só que com uma psicodelia de cores e brilhos nunca antes imaginada.
Reflexos nas sacadas, vidros verdes, carros amarelos, barulho, muito barulho, pessoas falando forte, pessoas que se olhavam, pessoas que não se olhavam, uma orquestra de bocas cantando várias notas inaldíveis ao mesmo tempo. Nunca tinha visto tantas pessoas juntas naquela rua.
E o mais estranho era achar tudo aquilo tão diferente e semelhante ao mesmo tempo, como um déjà-vu.

Ele passou um dia inteiro nesse déjà-vu, andou, andou, andou... Até que escureceu. E as coisas começaram a ficar do jeito que ele era acostumado a ver. E foi começando a fazer sentido, aquilo era o dia, o dia que ele nunca tinha vivido. E de tão impressionado com o dia, começou a estranhar a noite. Sentiu falta de todo aquele barulho, das cores, dos carros, das pessoas.
Correu para seu apartamento, passou pelo mesmo porteiro de sempre, - o qual não estranhou aquela correria - deitou na cama e ficou pensando em tudo que tinha passado naquele dia. Pensou se as pessoas já tinham o visto, pensou em porque o porteiro do dia cheio de luz o olhou estranho e porque o porteiro da escuridão não tinha se importado com o seu desespero.

E de tanto pensar, dormiu. E acabou sonhando que acordava no mesmo apartamento. Só que agora as janelas estavam abertas, com muita luz e nada tão estranho, e pensou: Ele estava acordado e tinha sonhado que conhecia a noite ou ele estava dormindo e tudo que ele está passando durante o dia é um sonho?

Cauã

domingo, fevereiro 03, 2008

o Adeus.

Já não precisas mais de mim, há muito tempo. Siga o vôo sempre mais alto, mais calmo, mais seu. Eu estarei sempre aqui, a observá-lo. Mas nossos bicos já não trocam alimentos. Só nossos olhares, longíquos, permanecerão. Essa casa é tua, eu já não a habito mais.

Feliz amanhã.
Acaná.

sábado, fevereiro 02, 2008

E quem um dia irá dizer que não existe razão?

Ele um visionário, ela conservadora. Ele novo, ela mais velha. Ele Eduardo, ela Mônica.
Ele tomava banho de chuva, ela banho de sol. Ele estudava enquanto ela trabalhava. Ele tinha frio e ela calor.
Eles tinham tudo que um casal pode ter pra não ter algo em comum. Tinham um mundo inteiro pela frente, um destino bonito e feliz, teriam saúde, paz e dinheiro no bolso. Teriam. Teriam se não tivessem se encontrado.
O destino tentou, tadinho, tentou mesmo. Mas não conseguiu fazer com que eles não se amassem.
Naquele dia de chuva, febre, estudos e responsabilidades ele resolveu não ser ele e arriscar todas as fixas dele num sonho dele, só dele. Num dia de tédio, ressaca, revolta e abstinência de cigarro ela resolveu ser ela. Resolveu tentar resolver todos os problemas que a incomodavam naquele momento, os outros problemas que seriam conseqüência da tentativa da resolução daqueles problemas daquele momento, ela resolveria depois. Ela foi ser ela e ele foi deixar de ser ele.
Ele era parada de ônibus e ela era supermercado. "Malditas paradas de ônibus em frente aos supermercados!" dizia o destino. Ele era casaco, calça, medo e agonia. Ela era short, casaco, vontade e agonia.
Chuva forte, ele corre pra debaixo da cobertura da farmácia enquanto ela anda calmamente pra cobertura da farmácia. "Oh não! Um lugar com dois lugares!" lamentava-se o destino. Ele direita, ela esquerda.
Ela reclama, pensa em ir andando debaixo da chuva. Mas a chuva era exatamente o motivo da ida ao supermercado pra não ter mais que sentir a chuva.
Ele não sabe se reclama ou agradece, pensa em ir andando debaixo da chuva. Mas a chuva era exatamente o motivo da ida à parada de ônibus pra não ter mais que andar debaixo de chuva.
Os dois ficam (para desgraça do destino), se olham e não se gostam. Ele era baixo, agasalhado, com cara de estudioso e com corisa no nariz. Ela era alta demais, sem roupa demais, com cara de drogada e cascão no dedo.
Depois de três minutos, quarenta e quatro segundos e sessenta e sete centésimos um anjo, que até hoje eles não sabem quem, pergunta onde fica o bar 'Legião Urbana'. Ele responde: do lado da parada. Ela responde: em frente ao supermercado.
Um olha pro outro como o intruso da resposta de ambos. Mas o anjo não tinha especificado um respondedor.
Depois de alguns segundos, que até hoje ninguém sabe quantos exatamente, ela reclamou da chuva e ele reclamou do frio. Depois ele reclama da febre e ela reclama da falta de cigarro.

Passadas muitas reclamações egoístas e muitas gotas de chuva, eles começaram a perceber o quanto tinham de incomum, o quanto não se gostavam, o quanto não dariam certo e o quanto estavam estupidamente atraídos um pelo outro.
A chuva naquele dia, para causar o suicídio dos destinos dos dois, não parou. Ele esqueceu da parada de ônibus e ela já não queria ir mais ao supermercado. Ela, como sempre, bem mais ativa, o chamou para a casa dela (a mais bagunçada casa que ele nunca teria visitado). Ele, não sendo ele, aceitou aquele convite. Definitivamente, ele não era ele mesmo!
Passada uma noite tensa e intensa, eles descobriram que nunca dariam certo e que voltariam a se ver todos os dias, que a cada dia que eles não se vissem ela teria que ir ao supermercado e ele à parada de ônibus apenas pra lembrar um do outro.
Por incrível e desafiador que pareça, eles nunca mais deixaram de se ver, mesmo quando o filhinho do Eduardo ficou de recuperação.

E todos os dias que chove muito, como hoje, eles correm pras ruas pra fazer garotos não serem eles mesmos, cigarros acabarem em casas de garotas e todos terem uma noite tensa e intensa com muitas promessas, percepções e decisões.

Cauã

quinta-feira, janeiro 31, 2008

Resposta sem solução

A velhice é algo que nos consome. Experiência é o resultado de uma equação entre o tempo e a sabedoria. Quanto mais gastamos um, adquirimos outro.
O tempo nos corrói, nos maltrata em pedaços, lentamente. E demora uma vida pra nos matar.
Com o tempo, aprendemos a desaprender algumas coisas. Ou, até mesmo, deixamos de nos importar com alguma. A Sabedoria e a Experiência tem seus pontos fracos. De tanto nos ensinar como as coisas são e acontecem, quando estamos um pouco mais experientes, perdemos o gosto, a surpresa, o sentimento do que gira ao nosso redor.
Nossa! Como é difícil descobrir coisas novas depois que já se viu de tudo!
As bocas perdem o gosto, os movimentos perdem a criatividade, as pessoas deixam de ser interessantes e o tempo torna-se previsível. Tudo torna-se previsível e, se não for, nosso orgulho não nos deixa mais acreditar que foi uma surpresa.
Com o tempo, os sentidos ficam cada vez mais insensíveis. A chuva já não é sentida do mesmo jeito, não desliza a pele como antes, a Lua já não é mais tão branca e brilhante, o mar não faz mais barulho, o vento não desarruma mais os cabelos, o açúcar não tem mais o mesmo gosto e as pessoas já perderam o perfume.
Eis que vem à tona uma antiga incógnita: Envelhecer tendo experiência ou viver a infantil juventude eternamente?
Creio eu, com a minha inexpressiva experiência, que a resposta não está na escolha do caminho a seguir, mas, sim, na busca por novos fatores que venham compor àquela equação.
Então corramos procurando novos fatores, novas somas, subtrações, multiplicações e divisões. Que essa equação não seja simples, que seja bastante complicada, que nós, experientes ou não, nunca encontremos o resultado. E que todos os novos cálculos, respostas e soluções sejam novidade!

Cauã

terça-feira, janeiro 22, 2008

Evolução obscuramente explícita

Hoje tentei escrever algo legal, mas não consegui.
Vi que isso está explicitando demais minha vida, contando minhas maiores fraquezas, meus maiores defeitos... Vou começar a escrever sobre minhas qualidades. Coisas que eu acho legal em mim, fazer um auto-merchan pra aqueles que ainda gastam tempo lendo isso.
Vou parar de contar meus segredos, pra que algumas pessoas descubram, e parar de escrever coisas que posso contar pessoalmente.
Mas, sinceramente, não consigo! Sinto necessidade de deixar meus podres para que toda internet veja, pra que, daqui a alguns anos, eu veja e consiga avaliar o quanto eu evoluí, se as minhas idéias de hoje farão sentido amanhã.
Tenho grande afeto as minhas coisas, não consigo me desvencilhar de alguma coisa que seja minha com facilidade. Então descobri que além de escrever para os outros, para que os outros comecem a descobrir meu eu mais obscuro, eu escrevo pra mim, para que eu me lembre do meu eu mais obscuro e saiba o quanto eu evoluí amanhã.

Sinta-se a vontade de saber quem eu sou, pois você saberá o quanto eu evoluí. Não perca por esperar.

Cauã

Tapas

"Ave falconiforme, distribuída do Panamá à Argentina, de coloração pardacenta mais escura no dorso e na cauda, esta com faixas claras transversais; tem o lado inferior branco, uma mancha clara circundando o pescoço, uma faixa negra em torno dos olhos, prolongando-se até a nuca, e o alto da cabeça branco. Ave de rapina que ataca especialmente os ofídios".

Um dia éramos aves de rapina, cheios de palavras a correr nos finos vasos sanguíneos dessa ave atroz. Mas o nosso ataque era bom, leve, utilizava símbolos para expressar nossa paixão pela vida, nossos desafios e o mundo - o nosso mundo,visto por dois pares de olhos que olhavam para o mesmo horizonte perdido. Até que eu percebi as palavras transbordarem em erupções cada vez mais constantes, cheias de uma sensível sabedoria, e um dia resolvi criar esse mundo de representações, onde você e eu expressaríamos o nosso mundo..

Outro dia me dei conta dos rumos em que voamos e, com espantosa nostalgia - essa a que se refere -, notei o percurso contrário que tomamos. Percebi ainda, com maior espanto, a enorme distância que separa nosso vôo e o quanto a sua ave encosta o bico no peito e só se dá conta da sua individual existência. Ela diz andar em corda bamba, assume que o sentido do seu vôo está apenas em fazer com que os outros pássaros a perceba e ame e, por fim, nota esse coração de pedra e frio que agora bate em seu peito. Confesso a minha decepção, mas animo-me em ver uma possível revolução! Estou batendo na sua cara para que você também bata na minha, dou-lhe minha face, meu peito, minha arma. As minhas verdades - se é que as tenho - parte são dúvidas, parte encantamento, parte tristeza, agonia, felicidade, contradição! São elas as impulsionadoras daquilo há muito guardado sob minhas asas. Se as suas verdades são aquelas que me fizeram decepcionar, então enxugo as lágrimas e o compreendo do jeito que é, ou se tornou – tudo sempre muda; mas se elas são apenas máscaras de verdades muito mais simples, então sim, dou-lhe todas as tapas à cara e digo-lhe que um dia, quando as quiser tirar, estarão pegadas à cara.

Primeiro senti a raiva de não vê-lo mais voar comigo - ou será que fui eu quem desviou o caminho? Caminho.. parece que há um certo e um errado, não, não há. Só chegou um dia em que as nossas diferenças foram maiores que as semelhanças. Como é difícil aceitar isso! Mas depois da raiva vem a aceitação, a plenitude da realidade se mostra boa, simples de ver: estaremos sempre voando, o horizonte ainda nos espera, o que mudamos foi o modo de chegar lá. Então o amor fica guardado e os álbuns fotográficos gravam as melhores memórias. "Tudo acaba, mas não completamente" - disse certa ocasião.

Agora bata em mim, sempre senti falta da sua raiva.
Acaná.

Pensaralhada

Essa overdose de textos deve ser culpa da proximidade do aniversário. Pensamentos turbilham, todas as avaliações de mais um ano que passou vêm a tona e a vontade de soltar milhões de gritos palavreados é imensa.
Vou dormir, tchau. Feliz amanhã

Cauã

Revolução Despedradeira

Há algum tempo que meu coração empedrou. Não sei exatamente se existe esse verbo do mesmo jeito que não sei exatamente quando foi que meu coração ficou assim.
Só sei que não foi algo repentino, foi gradual, coisas e coisas acontecendo, pensamentos e pensamentos reverberizando, atitudes e atitudes se fazendo... Até que ele empedrou. Puf. Virou pedra.
Já não consigo mais amar, gostar com vontade, querer tudo pra mim com intensidade. Aquela força de vontade de antes virou pedra, está estática. Está tudo preto-e-branco. Lógico, tudo limitado ao setor do coração. Virou um ministério sem uso no governo chamado eu.
Começou uma revolta, uma desorganização total. Acabaram-se os escrúpulos, cairam as taxas de afetividade, o preço do carinho despencou e a sinceridade comigo mesmo bateu os recordes de inflação. A Temperatura corporal beirou o zero absoluto, mas já relatei isso anteriormente.
Só que, como todo governo, a ditadura tinha uma fraqueza: os revolucionários.
Os revolucionários vieram de longe! De dentro do próprio governo - que estavam escondidos em gabinetes abandonados no fundo do corredor - de fora, de outros governos contrários à essa ditadura de pedra, e até de partes que eram aliadas que cansaram daquela mesmice sem graça e sem tesão.
Essa revolução começou pequena e tem ganhado grandes proporções. Os revoltosos, apesar da classificação, são pacíficos, querem dominar o governo calmamente e espalhar suas idéias pelo mundo. É, o mundo. Não precisa ficar só aqui, eles pensam macro, e não micro.
Hoje foi a sua primeira manifestação pública e explícita. Fizeram o mundo tremer, Eu tremeu. Postaram milhões e milhões de faixas coloridas e nostálgicas com lembranças amorosas que fizeram o povo - que já estava acostumado com aquela pedraria - sorrir. Cenas de amores intensos, declarações de amor e olhos esperançosos foram exibidas nos principais telões do país.
Não sei o que vai ser daqui pra frente. Com essa grande revolução começando, pode ser que o governo mude algumas coisas, tome atitudes drásticas, recorra à outros governos para que o ajude... São várias as possibilidades. Mas algo me diz que o mundo está voltando a ser colorido de novo.

Cauã

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Pedaços de 2007

Se tem uma coisa que 2007 me marcou, foi a sua ida, o fato dele passar e nunca mais voltar, o fato de nascer no dia primeiro de janeiro e morrer no dia trinta e um de dezembro. E isso. Nada mais.
Assim como 2007 foi sem deixar mágoas, choros ou dor, ele me ensinou a viver assim diante de todas as despedidas que passei em 2007.
Em 2007 aprendi que tudo que vai, volta. Se não volta, não tem porque eu querer que volte.
2007 começou com mais uma despedida repetida que não é bem uma despedia e teima em acontecer de semestre em semestre (ta, ninguém vai entender). E nessa despedia eu decidi que seria o último tapa da saudade mortal que eu levaria na cara. Se essa despedida acontecerá mais algumas vezes, vou esperar pelo tapa violento na definitiva.
Em 2007 também conheci muita gente. Antes, quando eu conhecia muita gente e gostava muito dessa gente e depois me separava dessa gente, era horrível. Chorava, ficava deprê e depois passava. Tinha que passar.
Em 2007 eu descobri que as pessoas que realmente valiam o meu choro antes de 2007, eu reencontrei no bendito 2007. Então, pra quê chorar uma despedida se um dia vai ter recepção?
Então, pra quê chorar uma despedida se um dia a dor vai passar e não vou ter outra recepção?
Pra quê? Por que? Não tem. Não precisa. Não faz, deixa sem.

E foi assim que 2007 foi: sem choro, sem despedidas, muitas recepções e muito tempo aproveitado no lugar do choro.
Aprendi a dar valor nos encontros e não pensar em como vai ser minha vida depois, sem aquela pessoa. Aprendi a valorizar o momento, o fato de ter encontrado, devido a magia do destino, aquela pessoa. Aprendi que as pessoas que realmente me marcam, não vou deixar de vê-las, um dia, qualquer dia, mesmo que tenha despedida, eu vou reencontra-las.
E, principalmente, aprendi a não esperar muito do futuro, pois se o passado me pôs num bom presente, futuro é conseqüência.
2007 me fez saber distinguir as pessoas que realmente vão tirar um pedaço do meu coração e leva-lo consigo, daquelas que me deram um pedaço do seu coração e eu vou leva-lo comigo.

Depois de 2007 eu faço de tudo pra que todas as pessoas que eu conheça me dêem um pedaço do seu coração e que eu possa dar à elas um pedaço do meu. Sem choro.

Cauã

Estranho...

Hoje foi um dia de bombardeio de emoções, de dúvidas, de coisas estranhas. Bem estranhas.
Eu gosto de coisas estranhas. Me acho estranho. Eu me sinto bem por me achar estranho. Mas gosto de me achar um estranho não tão estranho porque todos são um pouco estranhos e sempre vão ter um pouquinho da sua estranheza, assim, lhe deixando menos estranho.

Quando se repete muito a palavra "estranho" ela parece mais estranha do que já é.

Cauã Estranho

sábado, janeiro 19, 2008

Todo dia de manhã

Nostalgia é um troço complicado, né? Diferente da saudade, ela existe em diferentes línguas. Nostalgia não é saudade, nostalgia é sentir falta mesmo, é abstinência, é viagem no tempo, é fogo-amigo, é ferida aberta que a gente não quer curar, é um tiro no próprio pé.
Sinto a saudade como algo não muito intenso mas sofrido. É aquele sizo nascendo que dói pouco, mas por muito tempo.
Nostalgia eu vejo diferente. Nostalgia é aquele soco no estômago, que te deixa sem ar, sem equilíbrio e sem reação. Nostalgia é bombardeio de saudade, é explosão de dor. É tipo um trem bala, que vem e vai rápido e leva e traz muita coisa.
Como eu disse, nostalgia me faz viajar no tempo, me faz acordar de vez em quando.
Nada como um dia nostálgico! Dia nostálgico deveria ser justificativa de falta no trabalho. Ou então, assim como temos um dia pra ir à igreja e um pra ir ao motel, deveríamos ter um dia pra nostalgiar. Desanuviar, ficar olhando pro céu, pras paredes ou para a estante... por horas. Dia de saber que alguém, em algum lugar do mundo, está tendo um turbilhão na cabeça e lembrando de você com muita vontade. Dia de por todas aquelas músicas gays ou alcoólatras no winamp e ligar pra todo mundo. Tipo, companhias telefônicas reduziriam as tarifas. "Do seu celular pra qualquer telefone do mundo você liga com tarifa reduzida nos fins de semana e madrugadas. Dias nostálgicos é de graça!!". Imagina como o mundo seria melhor.
Ninguém nostalgia momentos ruins. E se acabar ocorrendo, vai ser com aquele sorrisinho no canto do lábio.
O Decreto do Dia Nostálgico seria a melhor maneira de fazer as pessoas pararem de reclamar que a vida delas está passando e elas não percebem. À cada semana elas poderiam nostalgiar todas os bons acontecimentos. Nostalgiar marca na memória. Eu ainda consigo lembrar de todas as coisas dignas de se nostalgiar.
Isso evitaria brigas de namorados porque um ao outro saberiam que poderiam pensar no ex, mas só naquele dia, e pronto. Evitaria aquela conhecida ressaca moral também, com o costume de nostalgiar, nós nos desprederiamos do hábito de taxar as coisas como boas e ruins. Pessoas começariam a ter o hábito de achar tudo bom, pois tudo que fosse lembrança seria nostalgia.

Enquanto o decreto não vira lei, eu vou aqui treinando, me dando um tiro no pé e não fechando a minha ferida, nostalgiando, todo dia de manhã, as besteiras que fiz ontem.

Cauã

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Frio

Tenho um sério problema.


Na verdade não sei se é um problema ou uma puta de uma qualidade! Às vezes eu acho que sou abençoado por ser assim. Às vezes, durante a nostalgia das besteiras de ontem, eu me sinto um lixo.
Meu grande problema é não saber tudo sobre os outros. E isso me deixa bastante agoniado. É, só eu. Arram.
Tá, vou começar a ser frio. Primeiro eu quero saber se todas as pessoas conversam muito consigo mesmas. Mas eu digo, tipo, MUITO. Porque eu sou assim. E, sendo assim, eu já peguei abuso de mim mesmo. E quando estou conversando comigo falo as coisas na minha cara, sou muito verdadeiro. E muita verdade é sinônimo de maldade.
Cara, eu sou um cara muito mau quando converso comigo mesmo. Não tenho escrúpulos, 'falo mermo', penso o que é pra pensar e piso nos pensamentos que tiver que pensar. Sei avaliar quando fui falso e quando fui verdadeiro, de quem eu devo me afastar e de quem eu devo me aproximar... O que eu tenho que fazer ou falar pra alguém se interessar por mim, como eu tenho que agir pra reverter uma situação... Sério, tenho medo de mim às vezes.

Só não tenho medo toda hora porque sei que sou humano. E nem sempre consigo fazer tudo aquilo que eu e meu eu frio e calculista planejamos. Algumas vezes o coração - sim, o coração! - manda no pedaço. Daí, cara, nem queira ver o que acontece. É uma baita de uma briga louca, cheia de bombardeios de pensamentos e tiros de insônia.

Eu acho isso tudo bom. Todo dia, toda hora, a todo pensamento eu estou brigando comigo mesmo e me conhecendo cada vez mais. Mas estou ficando viciado em ser verdadeiro comigo, aprendi a não me ofender com o que eu falo pra mim. Daí eu fico com medo. Mas medo é bom. Eu fico na dúvida se tudo isso é bom ou ruim.

- Porra, Maurício, já ta falando a mesma coisa?
Foi mal, gente, tenho que ir porque eu to aborrecido e sem paciência. Eu vou lá falar comigo e volto qualquer hora.
Feliz amanhã

Maurício e Cauã

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Parece

Às vezes parece que eu fico algumas épocas, meses, talvez dias ou horas, dormindo. Meio que sonhando acordado. E às vezes parece que eu acordo. Parece que eu passei por certo período de tempo e não percebi. Parece que certas coisas eu não vivi. Parece que ainda não tinha percebido que certas pessoas eu tinha conhecido ou gostado. Parece que algumas coisas tinham perdido o gosto. Parece que alguns amigos eu esqueci.
Mas meus acordares, nessas vezes que durmo acordado, parecem muito chocantes. Mas são aqueles choque de reanimação que dão um baita dum impacto e depois vão me fazendo sentir aquela dor, no caso, angústia.
E acho que esses acordares me ajudam às vezes a me acordar acordado. Mesmo não me fazendo viver o que parecia não ter vivido; mesmo não me fazendo perceber o que eu parecia não ter percebido ou gostado; mesmo não me fazendo achar as coisas que pareciam que eu tinha perdido; eu gosto deles.
Querendo ou não, tudo isso é bom. Os dormires me ajudam a, quando acontecerem os acordares, aprender a não dormir mais. Já que nasci dormindo...

Cauã

terça-feira, novembro 20, 2007

Ego-ismo

Venho aqui, por meio deste, declarar minha total ciência e consenso de minha situação de assumido Egoísta!
Assumo que, como qualquer egoísta, quero alguém que lembre de mim, que pense em mim pelo menos seis vezes ao dia, que seja feliz por me conhecer, por saber que eu existo e que seja feliz porque eu a faça feliz. Também assumo que desejo intensamente que essa mesma pessoa nunca saia de perto de mim, que nunca me troque por mais que eu acabe trocando-na, que essa pessoa não toque no nome de pessoas que eu não conheço, pior ainda se os comentários forem beníguinos!
Declaro que sou egoísta pelo simples fato de qualquer coisa que penso pelo bem do próximo é causa de algum bem que penso por mim mesmo. Declaro que desejo de volta todos os favores que fiz independentemente da importância ou do tamanho dos mesmos.
Assumo que só sou um romântico assumido porque essa é a melhor forma de ter certeza que conseguirei alguém que pense em mim vinte e quatro horas por dia e, conseqüentemente, me ame. Assumo que amo apenas por egoísmo.
Confesso que tudo o que uso, aparento, pareço ou tento ser é exclusivamente pra parecer mais agradável ao olhos dos outros para poder conquista-los. Sou viciado em conquistar pessoas. Tudo por causa de meu egoísmo.
E para terminar: Assumo, declaro e confesso em sã consciência que gosto do jeito que sou, que consigo benefícios em ser egoísta e que acho que essa é a melhor forma de viver pois consigo ser feliz sem nem sempre pensar apenas nos outros.

Cauã, O Egoísta.

domingo, novembro 11, 2007

Jovem

Quando eu crescer eu quero ser jovem. Jovens são malandros, jovens são tranquilos. Quando eu deixar de ser criança, quero ser jovem.
Jovens andam na corda bamba que está entre a responsabilidade e a loucura. E eles passam a juventude inteira andando perfeitamente nessa corda.
Crianças vem pelo lado da loucura e os adultos caem pro lado responsável.
Quando eu crescer, quero ser um jovem bem equilibrista, mas que de vez em quando erre. Quero aqueles erros que me joguem pro lado infantil, mas depois me façam ver que tinha que ter jogado o corpo pro outro lado. Quero da saltos, quero correr, quero andar debaixo de chuva por essa corda. Quero chorar, quero gritar, quero sofrer e quero sorrir. Quero fazer todas essas coisas que os jovens fazem. Quero que essa corda tenha um fim, quero termina-la. Adultos não terminam de andar na corda. Sempre quando está na melhor parte eles caem por não saber se equilibrar. Filhos, pais e mães, drogas, trabalho, estudo... Tudo isso e mais um pouco fazem muitos jovens cairem dessa corda maravilhosa na melhor parte. Quero poder termina-la, mas termina-la quando eu já estiver beeeem velhinho, quando estiver um jovem bem velhinho.
E quero passar a vida inteira nessa corda bamba e depois, lá no final, quando já estiver bem velhinho, eu desça dela pra receber um prêmio de mestre. Um daqueles prêmios que fazem a família inteira se orgulhar.

Cauã

quinta-feira, novembro 01, 2007

Um Bom Macaá

Como bom Macaá que sou, há muito tenho tentado entender o porquê de gostar de certas pessoas. Como bom Macaá que sou, meus raciocínios, pensamentos, conversas comigo mesmo são os mais frios e calculistas possíveis. Chego, em algumas vezes, ter até medo de mim mesmo devido a tantos pensamentos que só eu e eu mesmo sabemos.
Mas como bom Macaá que sou, esse medo passa e eu ganho uma pena dourada a mais.
Só que essa pena dourada dos porquês que gostamos de certas pessoas eu ainda não ganhei. É algo que nem um bom Macaá como eu consegue saber.
Existem certas pessoas que nos fazem bem pelo simples fato de existirem. Mas isso não é um porquê. Isso é um ser, não há explicação. Ser é ser, saber porque é outra coisa totalmente diferente.
E eu, como bom Macaá que sou, tenho que saber me entregar à essas pessoas. Como bom Macaá que sou, sei que quando não consigo achar uma resposta coerente nos meus pensamentos e conversas frias e calculistas comigo mesmo tenho que saber que essa é a hora de se entregar.
A vida de um Macaá ou não, não é feita só de explicações. Longe de mim, um bom Macaá, querer entender tudo.
Um bom Macaá entende que não deve-se entender tudo.
E é por isso que entendo que não sei porque gosto de certas pessoas. Gosto por gostar. E esse é o melhor gosto. Gosto de fruta preferida ainda não provada, gosto de beijo já sentido inesperado. Gosto de certeza que precisa de confirmação.
Gosto de amigo sem explicação, gosto de pai e mãe que sempre aborrecerão.

Eu, um bom Macaá, ainda não sei explicar o que é amor.
Mas eu, um Macaá que está sempre tentando entender que nem tudo deve ser entendido, sei que essas coisas que não tem explicação estão bem pertinho do amor.

Opa, apareceu mais uma pena dourada por aqui.

Até a próxima (pena dourada)

Cauã

terça-feira, outubro 16, 2007

Live fast, die young

Acho que minha vida está muito acelerada. Eu devo estar andando a uns 180 km/h nela. Tudo passa muito rápido, tudo muda muito rápido e não consigo prestar atenção no caminho.
É uma viagem legal, minha vida acaba sendo uma aventura, com coisas super excitantes no caminho, sempre desviando dos buracos, ultrapassando algo que não está no meu ritmo e passando por algumas lombadas de vez em quando.
Nossa, eu ponho a mão pra fora, escuto uma música com o volume no talo e grito mais do que posso. Essa viagem está sendo realmente boa!
Nunca conheci tantas coisas diferentes em tão pouco tempo, nunca visitei tantos lugares diferentes tão rapidamente e nunca fiquei tanto tempo curtindo.

Só que eu acho que está na hora de diminuir a velocidade. Sempre tem alguem bêbado que vem na contra-mão, alguma ultrapassagem perigosa, um animal no meio da pista ou uma barreira policial, algum acidente no caminho...
E o combustível está acabando. Posso me comparar a um carro econômico, esse tanque parece que não vai acabar nunca. O consumo é tão pequeno que parece que não consome.
Mas consome; e estou sentindo que já consumiu demais.

Bem, é difícil desacostumar o pé a pisar fundo no acelerador, ainda mais pra mim. Toda mudança, por menor que seja, é drástica. Mas pelo menos eu sei que nessa estrada que eu estou indo tem um limite de velocidade a frente.

segunda-feira, abril 09, 2007

Mudanças e tentativas

Ela tinha chego. Depois de três dias sem vê-la, chego exausto em casa e a vejo quando subo a escada. Não tinha falado com ela durante esses três dias; nem por telefone. E durante esses três dias, como eu vi que a vida é dificil sem ela.
A primeira coisa que pensei quando a vi, foi da-la um abraço forte, daqueles bem saudosos e supridores de necessidade, depois um beijo e, aí sim, falar com ela.

Mas não foi nada disso que aconteceu.
Antes de adentrar o quarto ela já veio com todos aqueles benditos três dias acumulados. Falou de coisas que eu fiz, não fiz, e que eu pensei em fazer e era errado. O beijo foi pro beleleu, o abraço então... passou longe.
Aquilo que eu pensei que tiraria meu cansaço, traria sorriso pras nossas bocas, foi por água abaixo.
Parei de ouvir tudo o que ela falava, parece que meu ouvido desligara e voltava a ser o mesmo que vinha dirigindo em direção pra casa. Toda aquela esperança que durou três ou quatro degraus desapareceu.

E de que adiantou aquilo? De que adiantou aquele assassinato à minha instantânea alegria? De que adiantou a minha tentativa espontânea de ser carinhoso?
Foi a primeira vez que isso aconteceu. Foi a primeira vez que tive aquela vontade, foi a primeira vez que ela cortou minha vontade.
E será que ela percebeu? E será que isso um dia pode ter volta? Será que vale a pena não fazer as coisas valerem a pena?
O que eu temo é a falta de dar o braço a torçer, o distanciamento das pessoas à mudança, à tentativa de fazer as coisas melhorarem.
Eu tentei, ela já deve ter tentado. Mas o que me assusta é essa sobra de desconfiança sobre uma atitude boa.
Devo eu tentar de novo?

Cauã

sábado, março 17, 2007

Chuuuuuuuuuuuuva


Não pára! Não pára de chover! Essa é a época do ano mais húmida, gripante, fria e marcante. Eu adoro! Tem gente que reclama das chuvas porque não podem sair de casa. E quem precisa sair de casa com uma chuvinha gostosa dessas?? Os filmes, as músicas, o cheiro, as amizades, as fotos, a temperatura, as aulas... Qualquer coisa que eu faço nesse período fica marcado. Já me peguei encutando uma daquelas "músicas de verão" (que pra mim é inverno), lá por julho. Foi quase um teletranporte. A paisagem da janela muda, os olhos enxergam mais cinza e a pele sente um calafrio. Abraçar, em agosto, aquela pessoa que não me lagou naquele começo de ano é dificil. O cheiro, o gosto da pele na boca... Lembrando, só lembrando das coisas dessa época, um ano atrás, me leva pra lugares nostágicos, com pessoas que fazem falta, fazendo e falando coisas que só acontecem nessa época do ano mesmo. E isso é um dos motivos que me fazem dizer que a vida é um ciclo, as estações do ano. Todo esse clima nos tendencia a fazer as mesmas coisas. E não foi a primeira e nem vai ser a última vez que vou ver uma chuva-de-depois-do-almoço na janela e vou ter vontade de escrever algo.

Cauã

segunda-feira, março 12, 2007

Nada é uma coisa só

João, o que está acontecendo com você? Você viu as besteiras que fez hoje? Por que toda essa revolta?Eu sei que é difícil ser assim, os poucos que reconhecem seus personagens diários, têm conflitos com eles. Eu entendo como é suportar não ser você mesmo todo o tempo. Mas entenda, enquanto você está sendo mentiroso, sempre terá um pouco de verdade em você.É assim que a vida é, não da, João, não da! Você não pode ser verdadeiro o tempo todo, assim como você não pode ser mentiroso, assim como você não pode ser feliz eternamente. Você é uma mistura onde os ingredientes nunca entram em contato. Por você não ser uma única coisa o tempo todo, você precisa escolher o que ser em cada situação. Mas João, aprenda! Sua vida depende desse revezamento, isso é imutável. Você não é o único que tem que ser diferente e nem é o primeiro ou o ultimo. O mundo é assim, as pessoas dependem disso e se tudo isso se misturar, não dá pra viver. Pense em como você feriu as pessoas falando todas as verdades, pense em quanto você assustou as pessoas sendo extremamente feliz, lembra em como você se sentiu falando mentiras pra quem não devia e o quanto você queria ser feliz quando se obrigou a ser triste.E, nem assim, você conseguiu juntar tudo numa coisa só, João.Nada é uma coisa só! Aprenda! Seja o diretor da sua peça, mande na sua vida. Escolha os atores certos, veja a fotografia com olhos diferentes, seja o protagonista, seja coadjuvante, seja antagonista. A vida é uma grande atuação, e felizes aqueles que são bons atores. Pois atores não mentem, não fingem, eles apenas escolhem bem o jeito de interpretar. Pense João, não esqueça que você está nesse grande teatro em que todos vivemos e cabe a nós fazer o público bater palma quando a peça terminar.

Cauã

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Envelhecendo

Acho que o medo de crescer é algo que assusta muitas pessoas, mas não lembro de me preocupar muito com isso até perceber que tinha crescido.
Nunca temi as responsabilidades, os amores não-correspondidos ou as rugas aparecendo.
Uma vez comentei que não conhecia ninguém próximo que tivesse morrido. E foi nesse momento que tive meu primeiro medo.
Sabia que com o tempo isso ia tornar-se mais freqüente. A gente vai envelhecendo e os outros também, vai chegando a hora de cada um partir, pessoas vão, outras vem, mas nunca ninguém é substituído.
E esse medo me assola! Um medo de envelhecer e perder quem amo.
Sou corroído por dentro quando me vejo velho, envelhecendo. E aquela angústia que dói no fundo do coração, aquela dor que faz brotar lágrimas dos olhos.
Sempre fui positivista. Mas todo meu estilo de vida vai por água a baixo quando me vejo envelhecendo. Pensar no presente é a melhor coisa a se fazer durante a vida inteira, “não se preocupar com o passado e não temer o futuro” é uma teoria linda, mas nunca consegui segui-la por mais de dois minutos. Pra mim é muito difícil não fazer planos, não imaginar as coisas como quero que sejam daqui a algum tempo. Mas no meio desses planos a morte pode aparecer e estragar tudo.
E ela surge. Esse nome tão forte que, de tanto ser, até evitamos pronunciar. Pode vir a qualquer momento. E quando faço aqueles planos pensando na hipótese dela aparecer, é aí que caio em pedaços.
A vida poderia ser sem-graça se nós não tivéssemos que envelhecer, mas seria muito, muito menos dolorida. Não faltaria sobra de tempo pra podermos ao menos ter aquelas pessoas que um dia teriam que envelhecer de vez. Pode ser algo muito cômodo, preguiçoso e, como todos nós somos, poderia não adiantar em nada, íamos continuar a não fazer o que devia pras pessoas... Mas volto a dizer, não seria tão doloroso pelo menos.
Mas a hora de todo mundo chega. Existe um momento que vamos parar de envelhecer por aqui e aquele corpo usado por décadas sede em algum momento e deixa de ter vida.
Como é inevitável, peço ao menos que as pessoas demorem um pouco mais pra envelhecer. Porque acho que não cresci, não envelheci o suficiente pra encarar isso.


Cauã

quarta-feira, novembro 15, 2006

Destecnolizar

Caramba! A minha máquina do tempo funcionou mesmo! 1990 é um bom ano pra começar uma vida nova. Cansei do stress e da correria de 16 anos adiante.
Sem computadores em todos os cantos, sem internet acessível a todos, sem celulares e com muitas mudanças.
Incrível como acabamos nos tornando verdadeiros reféns dessa tecnologia. Hoje já não conseguimos imaginar nossa vida sem esses apetrechos hi-tech's. E como não consegui sonhar com isso tambem, resolvi viver. Com toda a tecnologia que o mundo, em 2006, me oferecia, resolvi montara essa máquina. Vários telefonemas, várias pesquisas na internet, transferências bancárias em tempo real... ajudaram a livrar-me de tudo o que me "ajudou".
A manhã surge e estou em um "mundo novo" (ou seria velho?). Tenho que arranjar documents falsos e evitar encontrar-me pela rua, pois será um verdadeiro transtorno.
Que horas sã... ops. Já estava catando, sem sucesso, o meu celular no bolso. Parece ser umas 6 horas da manhã. O comercio e os departamentos publicos abrem às 8, pena que não tenho um despertador e/ou uma agenda eletrônica ambulante. Vou começar a prestar atenção nesses relógios de parede.
Ter que fazer tudo a pé é chato, mas não ter um celular pra ligar pra agenda telefônica da telepará é pior ainda.
Por sorte eu ainda tenho uns cruzeiros que tirei da coleção do meu pai pra poder me virar por aqui. Se pudesse, eu já tinha visto o meu saldo na conta do banco via-celular e facilitaria as coisas, que chato!
Pra mim, não é nada confortável não ouvir o toque do celular por um dia inteiro. Eu costumava espera-los de cinco em cinco minutos; agora é pior, eu os espero mesmo sabendo que não virão, é aquele sentimento de que algo está faltando, que chato!
Em 1990 as coisas são muito diferentes, se pudesse, já teria consultado em meu celular, a lista de melhores restaurantes, hoteis... Agora vou ter que almoçar nesse mesmo, que fica passando video show.
A noite cai e já seria hora de ligar pro pessoal e perguntar o que eles estavam planejando fazer.
Bem, acho que não é tão ruim assim. Não vou ficar me martirizando por não ter mais o que costumava fazer. Acho que a falta de celular não me deixa tão isolado do mundo assim. Era cômodo demais pra mim eu me isolar.
Um verdadeiro viciado tem que se acostumar com a falta do vício. Então, cá estou eu disposto a mandar toda essa tecnologia que me paralisou (ou não) pra daqui a, no mínimo, uns 5 anos!
Ao menos, estar "fora do ar" dessas geringonças barulhentas com emepetrês, penduricalhos e internet de velocidade turbo-mega-men-superscarissima-sônica vai valorisar um pouco o meu contato corpo-a-corpo, o que eu já tinha esquecido a muito tempo.
E, quando encontrar alguem que sentia muitas saudades, o encontro vai ser mais intenso. Pois, o MSN, orkut, celular e derivados não vão sugar essa falta aos poucos.
E sabe de uma coisa? Eu vou é melhorar essa máquina! Já que a moda é ser retrô, eu vou mandar tudo o que for moderno pra bem longe e viver uma vida sem artificialidades, pois foi só isso que a tecnologia trouxe

Cauã

quarta-feira, novembro 08, 2006

Grandes Heróis


“Salvador - Terminou em final feliz o caso do tratorista Hamilton dos Santos, de 53 anos que na semana passada se recusou a cumprir uma ordem judicial que determinava a derrubada da casa da merendeira Telma Sueli favela dos da Palestina. A Prefeitura de Salvador pretende regularizar o lote de Telma Sueli e de mais nove moradores do local, indenizando os proprietários dos terrenos que teriam sido invadidos pelos favelados.
Santos se preparava para colocar abaixo a casa da merendeira, mas percebendo o drama da mulher e das sete crianças que moram no local, o tratorista chorou e disse que não poderia executar a ordem nem que fosse preso. O oficial da Justiça que estava na favela para cumprir a ordem de despejo mandou prender Santos que foi liberado logo depois diante da repercussão do caso. (Agência Estado, 15/5/2003)
A grandeza humana vale uma matéria!”
CARLOS ALBERTO DI FRANCO


È doloroso pensar que casos assim estejam cada vez mais raros. E dói mais ainda, pensar que eles possam até nem existir mais.
Está cada vez mais difícil encontrar esses “Heróis do Cotidiano” em nossas vidas. Quando aparecem, é em algum jornal, num lugar longe de casa ou a muito tempo atrás.
Vamos crescendo, aprendendo, vendo o mundo de outra maneira e percebemos que já não temos mais heróis. A vida chegou a um ponto tão sem-graça que quando ouvimos ou vemos uma noticia dessas, nosso pensamento já não é mais de “lindo”, e sim de “que louco!”.
Ta, ta bom. Eu sei que ainda temos heróis. Papai, Mamãe, Vovós e Vovôs são os heróis-mores. Mas não são desses que estou falando, se fosse falar deles, não denominaria como “heróis do cotidiano”, e sim, de Heróis da Vida. Os do cotidiano são esses, que deixam de derrubar uma casa aqui, devolvem uma carteira ali, deixam um real cair do bolso acolá...
É, os heróis não são feitos apenas de fatos grandiosos...
Lembro-me do Tio-Do-Cachorro-Quente que sempre colocava um pouco mais de batatinha no meu hot-dog quando eu pedia, não tinha algo mais fantástico. A professora de inglês, que devido a ela, consegui passar direto no colégio; bendito meio ponto extra! Aqueles 20 centavos que o meu amigo me deu pra voltar pra casa, aquela risada mais engraçadas que as outras risadas, aquela ligação de madrugada numa noite de tédio, aquele cara que sai da vaga justo quando você está chegando...
Ahh.. Fica até complicado enumerar a quantidade de heróis e suas proezas. E até parece que o herói da noticia citada nem é tão herói assim, no meio de tantas generosidades.
Vou começar a fazer uma listinha de heróis, ver quem me salvou hoje, o que fizeram pra mim... E prestar atenção de como esses pequenininhos atos heróicos deixam a vida mais feliz.
Que os grandes heróis como o tratorista ainda exista! Pra poder me atentar a quantos heróis do cotidiano eu ainda possuo.


Cauã

sábado, outubro 28, 2006

Diálogo final

De repente, a brisa congela, o olhar fixa num ponto a tender ao infinito, as mãos trêmulas suam frio, as veias dilatam-se a fim de permitir maior passagem de sangue para nutrir o descontrole acelerado do coração, sente-se a total ausência de qualquer forma de esperança; e, após um segundo de lapso, a máquina da vida volta a funcionar, não como antes, mas num mesmo ritmo contínuo de segundos.
A vida não é mais a mesma depois da notícia cuspida do médico de que o meu tempo já não possuía um futuro incerto, e sim o de seis meses e vinte dias. Meu corpo agora começa a entrar em estado de putrefação; olho-me ao espelho e a face que se revela é dela: da morte. Ela me fita com um sorriso malicioso a saltar de seus lábios secos e frígidos, mas nada me amedronta, encaro-a como a mim mesma, já que sempre tive a certeza de sua constante presença a meu lado.
Hoje, no último dia de minha curta existência, a imagem refletida no espelho indaga-me sobre meus intuitos para as horas antecedentes à consumação do inevitável. Meu semblante contrai-se e memórias de duas décadas passam em minha mente como se eu tivesse aberto um álbum de fotografias dentro de mim. Recordo minha infância, de como as coisas eram simples; o dia em que fui expulsa de casa; os amantes de todas as noites, necessários ao meu sustento; e, finalmente, o dia em que soube do novo habitante em meu corpo: o vírus HIV. Imediatamente veio a resposta àquele questionamento: “Meu único desejo é o de conversar com meus pais, contar-lhes como sou, pedir-lhes perdão e lhes dizer do meu amor por eles”.“Pensas que eles irão aceitar-te desse jeito?” “Não importa – disse com lágrimas aos olhos – não estarei viva amanhã para sofrer a possível rejeição e enfim poderei morrer feliz. Aliás, tu, que farias?” “Eu?” – disse espantada. “Gostaria de saber como é viver”.- concluiu. “Viver? Só se dá conta da vida quando se está prestes a morrer!” – exclamei, e continuei: “É nessa hora que se pensa em tudo aquilo não feito por medo, insegurança ou culpa. E é justo no ínfimo momento que vem a louca vontade de realizar tudo quanto foi controlado e sufocado, como um vômito preso na garganta. O motivo? Simples, não se sabe quais serão as conseqüências dos atos pré-póstumos. O teu desejo é igual ao de muitos: ter vida no último dia, quanto no resto deles a única coisa que se teve foi morte”.


Acaná.

sábado, setembro 30, 2006

Então vamos falar de política

Dizem as más e demoníacas línguas que sobre futebol, política e religião não se discute. Grande calúnia! Coitados daqueles que se prendem a não falar dessas grandes chaves para o nosso conhecimento!
Como já diria meu sábio avô, "política é igual amor, nos deixa cegos". E acho que ele tem razão.
Desde que comecei a interessar-me por política, desde que comecei a pensar por mim mesmo (lê-se: depois que tirei meu título), já me vieram muitos pensamentos, muitas cogitações, muitos disse-me-disse e muitas mudanças. Porém nunca deixei de ser um cara de direita ou, como está no meu perfil do orkut, "direita-conservador".
Não adianta! Com o tempo aprendi isso. Não adianta ser o mais crítico e realista que possa existir, você vai sempre tendenciar para um lado.
É daí que eu entendo como existem pessoas que ainda votam no Lula e pessoas que ainda votam no Alckmin.
Mesmo eu sendo um dito fiel tucano, sei que existem pessoas, muitas pessoas que acham isso o absurdo mor que pode ter no planeta Terra. Assim como eu acho que votar num cara que fez muitas burradas, tem incontáveis colegas de partido que são comprovadamente corruptos (e quem sabe o próprio Lula), tem a coragem de faltar um debate e nem sabe falar o português corretamente (não que todos saibam, mas acho que um presidente deveria dar um bom exemplo) é um absurdo, eu acho que votar no Lula é um absurdo mesmo.
Mas como disse meu avô, eu posso estar cego.
Ainda consigo ver algumas coisinhas boas que ele conseguiu fazer, tanto porque, seria improvável alguém conseguir fazer tudo errado! Mas do jeito que eu avaliei, não vale, de maneira alguma, a pena votar nele e querer que ele continue mais quatro anos.

Não quero que você, seja lá quem for, venha com três pedras em cada mão pra me atirar. Você deve concordar comigo que cada um é cada um e que a política é cega.
Portanto, com esse texto nada imparcial, venho aqui protestar e fazer você não votar no Lula. Vote em qualquer outro! Heloísa–louca, Cristovam-só-penso-em-educação, e Alckmim-prometo-isso-prometo-aquilo, mas não vote no Lula! Por favor!
Vamos abrir nossos olhos e enxergar alguma coisa, pelo menos uma vez!

Ah, não vote nulo também. Mas isso é para o nosso próximo capitulo...



Cauã

quinta-feira, setembro 07, 2006

Amargo

As fotos já não as mesmas, você cresceu. Os olhos não vêem só o que parece ser. Não é mais sua mãe quem te acorda, é um tal de 'bip bip bip' que só pára quando aperta o 'soneca'. Você levanta, vai até a cozinha e não há sua mãe preparando o café, terá que o fazer sozinho. Abre a geladeira e percebe que acabaram tomates e cebolas e as frutas jazem apodrecidas. Faz a lista do supermercado e vai às compras. Não pega mais aquele carrinho onde tinha a cadeirinha para sentar, pois infelizmente seu quadril cresceu de mais para entrar ali. Analisa os preços mais em conta; lembra-se de que a conta de luz veio alta e não pode levar aquele chocolate que seu pai sempre comprava depois de muita insistência. Vai até ao caixa e passa o cartão. Aqui está seu recibo senhor, a moça lhe diz. Senhor? -você pensa- mas até ontem eu ainda era um menino... Pega as sacolas, diz 'obrigado' e vai para casa. Chega ao prédio e vê crianças correndo e gritando. Surge uma louca vontade de ficar ali observando-as conversar; falam sobre o colégio, parece que uma tal de Alice brigou com a Ana e 'estão de mal'. Chega mais perto, a curiosidade pede pra saber mais. Ah, entende, Alice disse um segredo de Ana a outra menina, não era pra ter dito. De repente surge outra menina; uma delas fica com cara de raiva, a outra diz para se entenderem, pega nas mãos de ambas e une-as como numa maneira de tentar reconciliá-las. Olham-se meio de esguela e como que num súbito, se abraçam, pedem-se desculpas e saem planejando a brincadeira do dia. Lembra do que pensava alguns minutos antes: sobre estudos, futuro, casamento, compras, contas. Entende que é igual a seus pais, com os mesmos 'problemas' que achava tão idiotas. Recorda do dia em que viu seu pai chorar- 'pais não choram, só eu posso chorar, eles são heróis, tão grandes! Têm que me proteger sempre, nunca podem morrer.'- havia pensado com lágrimas nos olhos só de imaginar sua vida sem eles. Percebe que daqui a uns anos estará no lugar do herói, tendo que se mostrar forte como gostava de ver seus pais. Os lugares estão sendo trocados, eu cresci, é, sou quase adulto- diz a si mesmo odiando ter que aceitar a idéia. Imagens de dez anos passam em sua cabeça, uma década de lembranças! Antes você tinha algumas vagas memórias de quando era menor. Agora tem uma dezena de anos em fotografias fixadas na memória. Sua vida tem um passado regado de inúmeras histórias, um presente volátil e esperanças de um futuro onde lutará para realizar todos os seus sonhos. Lembra de como era tão mais fácil quando era criança, pois não se prendia nem ao passado nem ao futuro, não pensava sobre o mundo e as pessoas; vivia, apenas, sem enteder o porquê, sem buscá-lo. Depois desse lapso, a realidade de um mundo falso - o qual vive- cai sobre sua cabeça. É hora de acordar de um sonho há muito acabado para um mundo onde jamais pensou em viver. Entra no elevador; pega as chaves e abre a porta de casa; vai até ao fogão e faz um café - amargo- como o gosto de ter crescido.

Acaná.

terça-feira, agosto 22, 2006

Furacão

Já ouvi dizer que a vida é um ciclo, uma longa estrada e, até mesmo, um caminho sem fim.
Depois de quase duas dezenas de anos de experiência, eu descobri que a vida é algo helicoidal, como uma mola de carro. Uma escada caracol! E, é isso, uma escada caracol; assim que a vida é.
Toda vez que me relaciono com alguém além daqueles beijos de uma noite e da única saída pra não ficar sozinho, eu levo o negocio a sério.
A companhia não serve apenas pra eu encostar minha língua com a língua dela ou fazer coisas proibidas.
Quando eu chego naquele estágio de que ficar parado, olhando; apenas olhando pra aquele alguém que te faz companhia; é a coisa que mais me faz bem no momento, eu percebo: estou subindo a escada!
Querendo ou não, a história se repete. As vontades, os desejos, palavras, toques, olhares... Sempre serão parecidos.
Sempre penso que ela vai ser pro resto da vida. Fico imaginando a cara dos nossos filhos, como seremos bem-sucedidos, financeiro e amorosamente.
Sempre imagino que, se um dia nós acabarmos, rompermos, como isso será doloroso e quão difícil será voltar ao normal.
Só que sempre acaba, “ela perdeu a chance da vida dela” e sempre me recupero. E sempre surge alguém pra ocupar aquele espaço vazio e cicatrizar aquela ferida.
E impressionante! Mas é aí que eu sempre tenho certeza de que a vida é essa escada caracol. Sempre subindo, sempre crescendo, querendo ou não, aprendendo, mas sempre indo naquele ciclo. Pois, por mais que sempre passe pelos mesmos lugares, eu sempre estarei uns degraus acima.
Só que essa escada acaba. Espero que, por mais que seja lógico, eu deixe de passar pelos mesmos pontos, mude um pouco sua rota. Para que o nono parágrafo deste humilde texto não aconteça.
E, é isso. Estou a espera do próximo amor da minha vida.


Cauã